terça-feira, 26 de janeiro de 2010

BORIS CASOY, ISSO É UMA VERGONHA!!!

sábado, 23 de janeiro de 2010

O PREÇO DE UMA VIDA



Cherisma, de 15 anos de idade, foi morta pela polícia nacional do Haiti quando carregava três quadros que teriam sido furtados de uma loja que desabou em Porto Príncipe. Foto de Carlos Garcia Rawlins.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

RURAL LEVER

Fonte: Novo Jornal

Por Geraldo Elísio

“Sabonete Lever, preferido por nove entre dez estrelas do cinema” – Publicidade do sabonete Lever que marcou a história da publicidade brasileira

Na verdade, uma parada duríssima. Tarefa de Hércules para o júri decidir. Quem quer dinheiro? Claro, todo mundo quer. Das colegas de trabalho do apresentador Sílvio Santos, o Senhor Abravanel – seu nome judaico verdadeiro – aos pobres dos aposentados que têm de recorrer aos empréstimos consignados.

Socorro, delegado Protógenes Queiroz! Socorro juiz federal Fausto De Sanctis!

Mas a parada dura para ser resolvida pelo júri diz respeito ao sabonete Lever e ao Banco Rural, o preferido por nove entre dez escândalos que ocorrem no Brasil. Quanto às estrelas do cinema, não tive o privilégio de ver nenhuma se banhando com o Lever. Portanto, não posso atestar o slogan da publicidade.

Quanto ao Banco Rural, basta consultar os arquivos para aferir que ele é mesmo o preferido de nove entre cada dez escândalos financeiros que abalam o Brasil. Mas assim mesmo não sou eu quem decide. A tarefa terá de ser mesmo a cargo de um júri.

Modestamente, sugiro o nome do conselheiro Elmo Braz, presidente do Tribunal de Contas (ou faz de contas?) do Estado de Minas Gerais; secretário de Estado Danilo de Castro; deputado federal Rodrigo de Castro; Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, que foi diretor do Banco de Boston em Belo Horizonte e há esse tempo operou o mensalão no que diz respeito a essa instituição bancária; um representante do Ministério Público; o presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho; e um representante do PIG a ser indicado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim. A eles caberá decidir quem será o vencedor da pugna, como diziam os antigos locutores esportivos: o sabonete Lever ou o Banco Rural. Pessoalmente, na Bolsa de Apostas que sempre se instala junto ao Café Nice, na Praça Sete, coração de Belo Horizonte, jogo minhas fichas no Banco Rural.

Faço uma ressalva. Na composição do júri, não podem ser incluídos Marcos Valério, Cristiano Paz, Kátia Rabelo ou quem quer que seja que tenha laços afetivos e efetivos com o Rural. E mais: em caráter irrevogável e irretratável, os interessados no resultado do concurso se obrigam a não recorrer às instâncias superiores, principalmente ao STF, porque seria incômodo atulhar mais o trabalho, principalmente de um órgão que cuida apenas de assuntos constitucionais. E afinal – vale a rima – o rural é só inconstitucional. E nem chamar a polícia – no caso, a Civil de Minas – que emocionalmente está envolvida na questão.

Leia e envie email a todos os seus amigos, pedindo que eles também façam o mesmo. Não quebre a corrente. Conheço uma pessoa que deixou de fazer isso e foi obrigada a fazer um empréstimo consignado no Banco Rural.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.

geraldo.elisio@novojornal.com

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Forum Econômico Mundial homenageará o Presidente Lula

Em Genebra




O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será homenageado pelos seus oito anos consecutivos de Governo na 40ª edição do Fórum Econômico de Davos, que será realizada na cidade suíça de 27 a 31 de janeiro.

"Estamos encantados que o presidente Lula retorne a Davos em seu último ano de mandato. Queremos fazer uma homenagem pela alta estima do mundo e por seus bem-sucedidos anos à frente do Brasil. Um país em constante crescimento e que será chave no futuro próximo", assinalou em entrevista coletiva Klaus Schwab, diretor executivo do Fórum Econômico Mundial (FEM).



Entre os mais de 200 eventos que ocorrerão nos cinco dias do Fórum de Davos, haverá uma sessão dedicada ao futuro do Brasil, levando em consideração à estimativa que em 2020 será a quinta economia mundial.

Além disso, haverá uma sessão dedicada também à América Latina e aos desafios que enfrenta a região.

Entre os outros chefes de Estado latino-americano que estarão presentes está o presidente do México, Felipe Calderón, o da Colômbia, Álvaro Uribe, e o do Panamá, Ricardo Martinelli.

Calderón centrará sua estadia em Davos para discutir a mudança climática e preparar a nova reunião da ONU sobre o assunto que será no fim do ano no México.

O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, também participará da 40ª edição do Fórum como presidente rotativo da União Europeia.

A inauguração do Fórum será realizada pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.

"Pensamos que para celebrar nossos 40 anos, nada melhor que com o presidente da França, país com quem temos uma longa amizade", disse o diretor-executivo do Fórum.

Dentre os temas atuais que serão discutidos em Davos está o terremoto do Haiti.

"Vamos dedicar uma sessão especial ao Haiti na qual não pediremos dinheiro, mas solicitaremos às empresas e companhias presentes que se comprometam no longo prazo com o crescimento do país. Queremos que ajudem a construir para dar estabilidade ao país", assinalou Schwab.

Desse encontro participará o enviado especial da ONU para o Haiti, Bill Clinton, e Helen Clark, diretora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

O tema geral que englobará todas as sessões do evento é "Melhorar o estado do mundo: repensar, redesenhar, reconstruir".

"O mundo mudou fundamentalmente. Em 2008, houve uma crise econômica; em 2009 houve uma crise financeira; o perigo é que em 2010 haja uma crise social. Vamos analisar o que deve ser feito para evitá-la. Nós não temos de tomar decisões, mas sim sugerir que caminhos seguir", explicou Schwab.

No total, no Fórum participarão neste ano mais de 2,5 mil pessoas de mais de 90 países.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Identificada a máfia da gripe suína que fez você perder o sono

Fonte: Vi o Mundo

Gripe A:

OMS sob suspeita de corrupção

No site O Diário.info

Depois de umas férias informativas sobre a gripe A H1N1, que mais parece ter sido determinado para permitir a concentração de milhares e milhares de pessoas nos centros comerciais para as compras natalícias, regressaram aos media as recomendações do ministério da Saúde e as notícias sobre a Gripe A, algumas provocadoras de algum alarme. Tudo isto num momento em que reaparecem as críticas e aparece a suspeita de a corrupção já ter chegado à Organização Mundial de Saúde (OMS).

por F. William Engdahl* – 05.01.10

Durante o decurso deste ano, o parlamento da Holanda [1] manteve suspeitas sobre o famoso Dr. Osterhaus e iniciou uma investigação por conflito de interesses e má administração. Fora da Holanda e da comunicação social dessa nação, só umas poucas linhas foram publicadas na respeitável revista britânica Science, mencionando a sensacional investigação sobre os negócios do Dr. Osterhaus.

Não se questionavam nem as referências de Osterhaus, nem os seus conhecimentos da sua especialidade. O que se põe em causa, como assinalava num simples comunicado a revista Science, é a independência da sua opinião pessoal no tocante à pandemia da gripe A. Referindo-se ao Dr.Osterhaus, a revista Science publicava as seguintes linhas na sua edição de 18 de Outubro de 2009:

“Na Holanda, durante os últimos seis meses, era difícil ligar a televisão sem ver aparecer o célebre caçador de vírus Albert Osterhaus e ouvi-lo falar da pandemia da gripe A. Pelo menos, era isso que se promovia. Osterhaus era o Senhor Gripe, o diretor de um laboratório, internacionalmente conhecido, no Centro Médico da Universidade Erasmo de Roterdã. Todavia, a sua reputação decaiu rapidamente a semana passada, quando surgiu a referência a uma série de suspeitas sobre o seu desejo de incentivar o temor sobre a pandemia, a fim de favorecer os interesses do seu próprio laboratório na elaboração de novas vacinas. No momento em que a Science era impressa, a Segunda Câmara do Parlamento da Holanda anunciava também que o assunto será objeto de um debate urgente”. [2]

No dia 3 de novembro, sem sair completamente incólume, Osterhaus conseguiu evitar prejuízos. No site da revista Science, um dos blogus informava: “A Segunda Câmara do Parlamento da Holanda rejeitou hoje uma moção que exigia que o governo rompesse todo o vínculo com o virólogo Albert Osterhaus do Centro Médico da Universidade Erasmo de Roterdã, que é objeto de acusações por conflito de interesses como conselheiro governamental. Por outro lado, o Ministro da Saúde Ab Klink anunciava na mesma altura uma lei [3] para a transparência do financiamento da investigação, que obrigará os cientistas a revelar os vínculos financeiros que mantém com empresas privadas”. [4]

Num comunicado difundido através do site do Ministério da Saúde na internet, o ministro Klink, de que se sabe que é amigo pessoal de Osterhaus [5], afirmava posteriormente que este último não era mais do que muitos outros conselheiros do ministério para as questões relacionadas com as vacinas da gripe A H1N1. O ministro informou também estar “informado dos interesses financeiros de Osterhaus [6] que, segundo o próprio ministro, não tem nada de extraordinário, apenas o progresso da ciência e da saúde pública”. Pelo menos, isso era o que se pensava.

Uma análise mais profunda do processo Osterhaus permite antever que esse virólogo holandês, de fama internacional, poderá ser o eixo de um golpe de vários bilhões montado em torno do risco de uma pandemia. Seria o caso de um sistema fraudulento, em que as vacinas, não submetidas aos processos necessários de teste, teriam sido utilizadas em seres humanos, o que implicaria o risco – o que já aconteceu – de provocar sequelas sérias, como paralisias graves e, inclusive, a morte.

O embuste dos excrementos das aves

Albert Osterhaus não é um indivíduo qualquer. Trata-se de um cientista que desempenhou um papel nas grande ondas de pânico que se desencadearam devido à aparição de vírus, desde as mortes misteriosas imputadas à SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em Hong Kong, onde a atual diretora geral da OMS, Margaret Chan, promoveu a sua carreira como responsável pela saúde pública a nível local.

Segundo a sua biografia oficial na Comissão Europeia, em abril de 2003, em pleno apogeu do pânico provocado pela SARS, Osterhaus foi contratado para participar nas investigações sobre os casos de infecções respiratórias que, naquele momento, eram cada vez mais frequentes em Hong Kong. A informação da União Europeia dizia o seguinte: “Demonstrou, de novo, o seu talento em reagir rapidamente perante situações graves. Em três semanas provou que esta enfermidade é provocada por um coronavirus recentemente descoberto que contamina gatos, morcegos e outros animais carnívoros”. [7]

Posteriormente, quando se deixou de falar dos casos de SARS, Osterhaus dedicou-se a outra coisa, à tarefa de dar envergadura mIdiática aos perigos daquilo que ele chamava a gripe aviária H5N1. Em 1997, já havia tocado o alarme depois da morte, em Hong Kong, de uma criança de 3 anos que Osterhaus sabia que tinha estado em contato com pássaros. Osterhaus desenvolveu o seu trabalho de pesquisa na Holanda e em toda a Europa, afirmando que uma nova mutação letal da gripe se havia transmitido aos humanos e que era necessário tomarem-se medidas drásticas. Afirmava ainda que ele era o primeiro cientista em todo o mundo a demonstrar que o vírus H5N1 podia contaminar os seres humanos.[8]

Referindo-se ao perigo que representava a gripe aviária, Osterhaus declarava, numa entrevista transmitida pela BBC em outubro de 2005, que “se o vírus conseguia efetivamente mutar-se de tal forma a poder transmitir-se entre os humanos, estaríamos perante uma situação completamente diferente. Poderíamos estar no princípio de pandemia”. E acrescentava: “Existe o risco verdadeiro de que as aves disseminem o vírus por toda a Europa. É um risco real que, no entanto, ninguém pôde avaliar até agora, porque não realizamos experiências”. [9]

O vírus nunca chegou a mutar-se, todavia Osterhaus estava disposto a “realizar experiências” que seguramente trariam generosas gratificações. Para sustentar o seu cenário alarmante de pandemia e conferir-lhe certa legitimidade científica, Osterhaus e os seus ajudantes de Roterdã começaram a recolher e a congelar amostras de excrementos de pássaros. Osterhaus afirmou que, segundo os períodos do ano, todas as aves na Europa, até 30%, eram portadoras do mortífero vírus da gripe aviária H5N1. Afirmou também que as pessoas em contacto com galinhas e frangos estavam, portanto, expostas ao vírus.

Osterhaus comunicou tudo isto aos jornalistas e estes tomaram nota da sua mensagem alarmista. Perante os jornalistas, Osterhaus pôs a hipótese de que depois de ter provocado várias mortes nos antípodas asiáticos, o vírus, a que ele pusera a etiqueta de H5N1, se iria propagar até à Europa, possivelmente através das penas ou pelas entranhas das aves mortalmente infectadas. Osterhaus sustentava a tese de que as aves migratórias seriam capazes de trazer para o Ocidente o novo vírus mortal, até a regiões tão distantes [da Ásia] como a Ucrânia e a Ilha de Rugen [10]. Ele só precisava de fingir que não sabia que as aves não migram do Leste para o Oeste mas sim do Norte para o Sul.

A campanha alarmista de Osterhaus, ao redor da gripe aviária, arrancou realmente em 2003, devido à morte de um veterinário holandês que tinha adoecido. Osterhaus anunciou que a morte tinha sido provocada pelo vírus H5N1. Convenceu o parlamento holandês que exigisse o sacrifício de milhões de frangos. Contudo, não houve nenhuma outra morte provocada por uma infecção semelhante à que tinha sido atribuída à H5N1. Para Osterhaus, isto demonstrava a eficácia da campanha de sacrifícios maciços preventivos. [11]

Para Osterhaus, os dejetos das aves propagavam o vírus ao cair sobre a população e sobre as demais aves em terra. Sustentava firmemente a sua convicção de que aqueles dejetos eram o vetor que propagava a nascença mortal do vírus H5N1 a partir da Ásia.

A crescente acumulação de amostras congeladas de dejetos de aves que Osterhaus e os seus associados tinham reunido e conservado no instituto apresentava, sem dúvida, um problema. Nem uma única amostra daquelas conservadas permitiu confirmar a presença do vírus H5N1. Em 2006, por ocasião do congresso da OIE (Organização Internacional de Epizootias), atualmente denominada Organização Mundial de Saúde Animal, Osterhaus e os seus colegas da Universidade Erasmo de Roterdã, não tiveram mais remédio do que admitir que ao analisar as 100.000 amostras de matérias fecais que tão cuidadosamente haviam conservado, não tinham encontrado a menor prova do vírus H5N1. [12]

Em 2008, em Verona, durante a conferência da OMS sobre o tema A gripe aviária e o intercâmbio homem-animal, Osterhaus fazia uso da sua palavra perante seus colegas da comunidade científica, sem dúvida menos cativados do que o público não científico pelos seus incitamentos à emotividade. Admitia ele então que “no estado atual de conhecimento nada permite formular um alerta contra o vírus H5N1, nem afirmar que este possa provocar uma pandemia”. [13] Naquele momento, não obstante, o seu olhar dirigia-se já insistentemente para outras possibilidades de coincidir o seu próprio trabalho sobre as vacinas com novas possibilidades de crise pandêmica.

Gripe A e corrupção na OMS

Ao comprovar que a gripe aviária não provocava nenhuma onda de mortes — e depois das companhias Roche, que fabrica o Tamiflu, e a GlaxoSmithKline, que fabrica o Relenza, registarem lucros ascendentes de bilhões de dólares quando os governos decidiram armazenar reservas de vacinas anti-virais cuja eficácia é objeto de polêmica – Osterhaus, e os demais conselheiros da OMS, viraram os olhos para campos mais férteis.

Em abril de 2009, parecia que a sua busca fortificava quando em La Gloria, um pequeno povoado no estado mexicano de Veracruz, se diagnosticou um caso de um garoto portador da gripe então chamada «suína» ou H1N1. Com uma pressa totalmente fora do habitual, o aparelho propagandístico da Organização Mundial da Saúde, arrancou com todas as suas forças com declarações da sua diretora geral, a drª Margaret Chan, sobre a possível ameaça de uma pandemia mundial.

A senhora Chan indicou o procedimento: “Urgência de saúde pública de caráter internacional”. [14] Posteriormente, outros casos declarados em La Gloria foram apresentados num portal médico na internet como um “estranho aparecimento de infecções pulmonares e respiratórias agudas, que evoluem, convertendo-se em broncopneumonias, em alguns casos de crianças. Um habitante de La Gloria descrevia os sintomas: “Febre, tosse severa e secreções nasais muito abundantes”. [15]

Contudo, esses sintomas não carecem de sentido no contexto ambiental de La Gloria, uma das zonas de maior concentração de criação intensiva de porcos a nível mundial, cujas pocilgas pertencem principalmente ao grupo americano Smithfield. Já há meses que a população local vinha organizando manifestações junto à sede mexicana do grupo Smithfield, protestando contra as graves deficiências respiratórias provocadas pelas estrumeiras. Esta causa plausível das diversas enfermidades diagnosticadas em La Gloria não pareceu despertar o interesse de Osterhaus, nem dos demais conselheiros da OMS. Aparecia finalmente a tão esperada pandemia, aquela que o próprio Osterhaus vinha prevendo desde 2003, quando participou da avaliação da SARS na província chinesa de Guandgong.

Em 11 de janeiro de 2009, Margaret Chan anunciava que a propagação do vírus H1N1 havia alcançado o nível 6 de “urgência pand^emica”. Curiosamente, a senhora Chan anunciava nessa mesma comunicação que “segundo as informações disponíveis até hoje, uma esmagadora maioria de doentes apresenta sintomas benignos, o seu restabelecimento é rápido e total, na maioria dos casos sem recorrer a qualquer tratamento médico”. E acrescentava depois: “A nível mundial a quantidade de mortes é pouco importante, não se espera um incremento brusco e espetacular da quantidade de casos graves e mortais”.

Posteriormente, veio a saber-se que a senhora Chan tinha atuado dessa forma em consequência dos acalorados debates no seio da OMS, seguindo os conselhos do Grupo Estratégico de Consulta da OMS (SAGE, sigla correspondente a “Strategic Advisory Group of Experts”). Um dos membros do SAGE, naquele momento e ainda agora, é o nosso “Senhor Gripe”, o Doutor Albert Osterhaus.

Osterhaus não só ocupava uma posição estratégica para recomendar à OMS que declarasse a “urgência pandêmica” e para incitar ao pânico, como também era ainda o presidente de uma organização que se encontra na primeira linha no tocante a esse tema. Trata-se do Grupo Europeu de Trabalho Científico sobre a Gripe (ESWI, sigla correspondente a European Scientific Working Group on Influenza), que se define como um “grupo multidisciplinar de líderes de opinião sobre a gripe, cujo objetivo é lutar contra as repercussões de epidemia ou de pandemia gripais”. Como os seus próprios membros explicam, o ESW é – sob a direção de Osterhaus – o eixo central “entre a OMS, em Genebra, o Instituto Robert Koch em Berlim e a Universidade de Connecticut nos Estados Unidos”.

O mais significativo a respeito do ESWI é que o seu trabalho é inteiramente financiado pelos mesmos laboratórios farmacêuticos que ganham bilhões graças à urgência pandêmica, já que os anúncios que fez a OMS obrigam governos do mundo inteiro a comprar e armazenar vacinas. O ESWI recebe financiamentos provenientes dos laboratórios e distribuidores de vacinas contra o H1N1, como Baxter Vaccins, Medimmune, GlaxoSmithKline, Sanofi Pasteur e outros, entre os quais se encontra Novartis, que produz a vacina, e o distribuidor do Tamiflu, Hofmann La Roche.

Para manter essa vantagem, Albert Osterhaus, o virólogo mais importante do mundo, conselheiro oficial dos governos inglês e holandês sobre o vírus H1N1 e chefe do Departamento de Virologia do Centro Médico da Universidade Erasmo de Roterdã, fazia parte da elite da OMS reunida no grupo SAGE, ao mesmo tempo que presidia o ESWI, apadrinhado pela indústria farmacêutica. Por sua vez, o ESWI recomendou medidas extraordinárias para vacinar o mundo inteiro, considerando como elevado o risco de uma nova pandemia que, segundo diziam com insistência, podia ser comparável à aterradora gripe espanhola de 1918.

O banco JP Morgan, presente em Wall Street, estimava que, principalmente graças ao alerta de pandemia declarado pela OMS, os grandes industriais farmacêuticos, que também financiavam o trabalho do ESWI de Osterhaus, podiam acumular entre 8,5 e 10 bilhões de dólares de lucro. [16]

Por sua vez, o dr. Frederick Hayden é membro do SAGE, na OMS, e do Wellcome Trust, em Londres. É também um dos amigos mais chegados de Osterhaus. Por serviços “de consulta”, Hayden recebe, além disso, fundos da Roche e da GlaxoSmithKline, dentre outros gigantes farmacêuticos que participam no fabrico de produtos ligados à crise do H1N1.

Outro cientista britânico, o professor David Salisbury, que depende do ministério britânico de saúde, encontra-se à cabeça do SAGE na OMS e dirige, além disso, o Grupo de Consulta sobre o H1N1 na OMS. Salisbury é também um ardente defensor da indústria farmacêutica. No Reino Unido, o grupo de defesa da saúde “One Clic” acusou-o de silenciar a comprovada relação entre as vacinas e o crescimento do autismo entre as crianças, assim como a relação entre a vacina Gardasil e os diferentes casos de paralisia, incluindo mortes. [17]

No dia 28 de setembro de 2009, o professor David Salisbury, que trabalha para o Ministério de Saúde declarava: “A comunidade científica está de acordo sobre a ausência de risco no tocante à inoculação do Thimerosal (ou Thiomersal)”. Esta vacina, utilizada na Grã-Bretanha contra o H1N1, é fabricada principalmente pela GlaxoSmithKline. Contém Thimerosal, um conservante à base de mercúrio. Em 1969, como toda uma série de exames, cada vez mais numerosos, mostravam que o Thimerosal presente nas vacinas poderia ser a causa de casos de autismo entre crianças nos Estados Unidos, a American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatria) e o Public Health Service (Serviço de Saúde Pública) exigiram que [o Thimerosol] fosse retirado da composição das vacinas. [18]

Outro membro da OMS, que também manteve estreitos vínculos financeiros com os fabricantes de vacinas que se beneficiam das recomendações do SAGE, é o doutor Arnold Monto, consultor remunerado pelos fabricantes de Medimunne, Glaxo e ViroPharma. Pior ainda, nas reuniões de cientistas “independentes” que organiza o SAGE, participam “observadores”, e, entre os que se encontram – por incrível que possa parecer – estão os mesmos produtores de vacinas, GlaxoSmithKline, Novartis, Baxter e companhia. Entretanto, impõe-se a seguinte pergunta: Se supõe que o SAGE é composto pelos melhores peritos da gripe do mundo inteiro, por que é que convidam os fabricantes de vacinas para participar nas suas reuniões?

Durante o último decênio, a OMS criava as chamadas “alianças entre os setores público e privado”, com o objectivo de incrementar os fundos à sua disposição. Mas em vez de receber fundos provenientes apenas dos governos dos países membros da ONU, como estava previsto no princípio, a OMS recebe atualmente das empresas privadas cerca do dobro do orçamento que habitualmente lhe estabelece a ONU, sob a forma de bolsas e ajudas financeiras.

De que empresas privadas provêm esses fundos? Dos mesmos fabricantes de vacinas que se beneficiam de decisões oficiais como a adotada em junho de 2009 sobre a urgência pandêmica da gripe H1N1. À semelhança dos benfeitores da OMS, os grandes laboratórios têm as suas entradas em Genebra com direito a um tratamento de “portas abertas e carpete vermelho”. [19]

Numa entrevista concedida ao semanário alemão Der Spiegel, um membro da Cochrane Collaboration, uma organização de cientistas independentes que avaliam todos os estudos realizados sobre a gripe, o epidemiologista Tom Jefferson, assinalava as consequências da privatização da OMS e da comercialização da saúde, “T.Jefferson (T.J.) : […] uma das características mais surpreendentes desta gripe e de toda a telenovela a que deu lugar é que, ano após ano, há gente que emite previsões cada vez mais pessimistas. Nenhuma se cumpriu até a data, mas essas pessoas continuam a emitir previsões. Por exemplo: o que se passou com a gripe aviária que nos ia matar a todos? Nada. Contudo, isso não impede que essa gente continue a fazer as suas previsões. Às vezes, parece que há toda uma organização que tem a esperança de [ver surgir] uma pandemia.

Der Spiegel: De quem é que você fala? Da OMS?

T.J.: Da OMS e dos responsáveis da saúde pública, os virólogos e os laboratórios farmacêuticos. Eles construíram todo um sistema à volta da iminência da pandemia. Há muito dinheiro em jogo, assim como redes de influência, carreiras e instituições inteiras! Bastou uma mutação de um dos vírus da gripe para vermos toda a máquina a pôr-se em marcha”.[20]

Quando se lhe perguntou se a OMS tinha declarado a urgência pandêmica de forma deliberada com o propósito de criar um imenso mercado para as vacinas e medicamentos contra o H1N1, Jefferson respondeu:

“Não acha estranho que a OMS tenha modificado a sua definição de pandemia? A antiga definição falava de um vírus novo, de rápida propagação, para o qual não há imunidade e que provoca uma alta taxa de enfermos e de mortes. Hoje em dia, esses dois últimos parâmetros sobre as taxas de infecção foram suprimidos, e foi assim que a gripe A entrou na categoria das pandemias.[21]

Muito judiciosamente, a OMS publicava em abril de 2009 a nova definição de pandemia, a tempo de permitir à própria OMS, seguindo os conselhos provenientes, entre outros, do SAGE, do “Senhor Gripe” (aliás Albert Osterhaus) e de David Salisbury, de classificar de urgência pandêmica vários casos benignos de gripe, rebaptizada de gripe A H1N1. [22]

Em 8 de dezembro de 2009, em nota de rodapé de um artigo sobre o caráter grave ou benigno da “pandemia mundial” de H1N1, o Washington Post mencionava que “ao alcançar o seu apogeu nos Estados Unidos a segunda onda de infecção do H1N1, os principais epidemiologistas prevêem que esta epidemia poderá ser uma das mais benignas [que têm havido] desde que a medicina moderna vem documentando as epidemias da gripe”. [23]

Igor Barinov, deputado russo e presidente da Comissão de Saúde da Duma (Parlamento russo), exigiu dos representantes russos ante a OMS, acreditados em Genebra, que providenciem uma investigação oficial sobre os numerosos indícios de corrupção maciçamente aceitos pela OMS e provenientes da indústria farmacêutica.

“Fizeram-se graves acusações de corrupção contra a OMS”, afirmava Barinov, acrescentando que “deve organizar-se uma comissão internacional de investigação o mais depressa possível” [24]

NOTAS:
[1] Tweede Kamer der Staten-Generaal (Segunda Câmara dos Estados Gerais ds Holanda, corresponde à Câmara Baixa)
[2] Artigo em inglês, Martin Enserink, em “Holland, The Public Face of Flu Takes a Hit”(«Holanda, o rosto público da gripe sofre um golpe»), Science, 16 de OPutubro de 2009, Vol.326, nº5951, pp 350-351;DOI: 10.1126/science,326-350b.
[3] «Sunshine Act», referência à denominação americana das leis vinculadas à liberdade de informação.
[4] Artigo em inglês, Science, 3 de Novembro de 2008, “Roundup 11/3-The Brink Edition”.
[5] Artigo em holandês, “De Farma maffia Deel 1 Osterhaus BV”, 28 de Novembro de 2009.
[6] Artigo em holandês, Ministerie van Volksgezondheid, Welzijn en Sport, “Financiele belangen Osterhaus waren bekend Nieuwsbericht”, 30 de Setembro de 2009.
[7] Albert Osterhaus, Comissão Europeia, «Recherche».
[8] ibid.
[9] Artigo em inglês, Jane Corbin, entrevista com o Dr. Albert Osterhaus, BBC Panorama, 4 de Outubro de 2005.
[10] Artigo em alemão, Karin Steinberger, “Vogelgrippe: Der Mann mit der Vogelperspektive”, Suddeutsch Zeitung, 20 de Outubro de 2005.
[11] ibid.
[12] Artigo em alemão, “Schweinegrippe-Geldgierig Psychopath Ausloser der Pandemie?”, Polskaweb News.
[13] Artigo em inglês, Ab Osterhaus, “External factors influencing H5N1 mutation/reassortment events with pandemic potential”, OIE, 7-9 de Outubro de 2008, Verona, Itália.
[14] Artigo em inglês, “Health Advisory”, Swine Flu Overview, Abril de 2009.
[15] Artigo em Inglês, Biosurveillance, Swine Flu in Mexico, Timeline of Events, 24 de Abril de 2009.
[16] Citado no artigo em holandês de Louise Voller e Kristian Villesen, “Staerk lobbyisme bag WHO-beslutning om massevaccination”, Information, Copenhaga, 15 de Novembro de 2009.
[17] Artigo em inglês, Jane Bryant, et al, “The One Click Group Response: Prof. David Salisbury Threatens Legal Action”, 4 de Março de 2009.
[18] Professor David Salisbury citado no artigo em inglês “Swine flu vaccine to contain axed additive, Londres, Evening Standard e Gulf News, 28 de Setembro de 2009.
[19] Artigo em alemão, Bert Ehgartner, “Schwindel mit der Schweinegrippe ist die Aufregung ein Coup der Pharmaindustrie?”
[20] Tom Jefferson, entrevista com o epistemologista Tom Jefferson: «C’est toute une industrie qui espére une pandemie de grippe», Der Spiegel, 21 de Julho de 2009.
[21] ibid.
[22] Artigo em holandês, Louise Voller, Kristian Villesen, “Mystisk aendring af WHO’s definition af en pandemi”, Copenhagen Information, 15 de Novembro de 2009.
[23] Artigo em inglês, Rob Stein, “The Pandemic Could Be Mild”, Washington Post, 8 de Dezembro de 2009.
[24] Artigo em holandês “Russland fordert internationale Untersuchung” Polskanet, 5 de Dezembro de 2009.

* F. William Engdahl é analista econômico e político.

Tradução de João Manuel Pinheiro

Nota do Viomundo: Acabo de ver um breve debate na BBC britânica em que os jornalistas castigaram a cobertura irresponsável da mídia e um deles pediu uma investigação, diante do fato de que existem 50 milhões de doses de vacina desnecessárias e alguém deverá pagar a conta. No Brasil, a reportagem campeã foi de um filósofo da Folha.

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domingo, 17 de janeiro de 2010

Câmara Municipal de Barbacena: Trenzinho da Alegria continua

Fonte: Jornal Transparência - Barbacena - MG
Ano II - Nº019 - Janeiro de 2010.







quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A aliança do CCC com a Opus Dei

Casoy e Gandra: CCC e Opus Dei unidos

por Altamiro Borges, em seu blog

O “âncora” da TV Bandeirantes, Boris Casoy, resolveu assumir de vez o seu direitismo raivoso. Depois de humilhar os garis que desejaram feliz ano novo - “Que merda. Dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho” – e de receber uma bateria de duras críticas, ele decidiu radicalizar as suas posições. Nesta semana, Casoy acionou o jurista Ives Gandra, notório militante da seita fundamentalista Opus Dei, para falar sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos, de autoria do ministro Paulo Vannuchi.

Logo na abertura do Jornal da Band, o âncora, que é metido a dono da verdade, dá a sua opinião tendenciosa. “O novo decreto de direitos humanos do governo é criticado pela sociedade e até por ministros de estado. A lei estabelece censura aos meios de comunicação, é contra o direito de propriedade e de liberdade religiosa. Especialistas consideram o projeto o primeiro passo para um regime ditatorial”. Casoy mente descaradamente ao tratar plano como uma imposição autoritária do presidente, já que ele será debatido no parlamento. Quanto aos tais especialistas, ele ouve somente uma “personalidade” ligada à ditadura, ao latifúndio e aos setores mais reacionários da sociedade.

Visão tendenciosa e eleitoreira

Na sequência, um narrador em off reforça a visão preconceituosa e mentirosa. “A nova lei que o presidente Lula assinou sem ler passou pelo crivo direto da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, virtual candidata do PT à presidência da República, e dos ministros da Justiça, Tarso Genro, da Comunicação, Franklin Martins, e dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. É um emaranhado de artigos e parágrafos que muitas vezes ataca a Constituição”. O objetivo, nesta narração, é nitidamente eleitoreiro, como palanque do tucano José Serra, o candidato da mídia hegemônica.

Criado o cenário para o desgaste do governo, o repórter Sandro Barboza inicia a entrevista com “um dos mais conceituados juristas internacionais”, Ives Gandra. O “jornalista”, que também não esconde suas posições direitistas nas perguntas, apenas deixa de informar aos telespectadores que o bajulado especialista participou da campanha presidencial de Geraldo Alckmin (o tucano que é seguidor do Opus Dei) e defende tudo o que é há de mais retrógrado e conservador na sociedade brasileira. Apesar da ânsia de vômito, vale à pena conhecer a grotesca “entrevista”:

As idéias de um direitista convicto

Jornal da Band: O projeto prevê que o proprietário rural que tiver uma fazenda invadida não poderá mais recorrer ao Judiciário.

Gandra: O que eles tão pretendendo é dar direito àquele que invadir qualquer terra fazer com que uma vez que for invadido o direito de propriedade deixa de ser do proprietário, passa a ser do invasor.

JB: A lei quer evitar a divulgação de símbolos religiosos.

Gandra: Se não pode mais haver símbolos religiosos nós temos que mudar o nome da cidade de São Paulo e todas as cidades que tem nomes de santos não poderão mais ter.

JB: Será criada uma comissão para controlar o conteúdo dos meios de comunicação.

Gandra: No momento em que se elimina a liberdade de imprensa nós estamos perante efetivamente o início de uma ditadura.

JB: Um novo imposto sobre grandes fortunas seria instituído.

Gandra: É um imposto que afasta investimentos porque aquele que formou um patrimônio depois é tributado em todas as operações e ainda vai ser tributado no seu patrimônio pessoal.

JB: As prostitutas contariam com direitos trabalhistas e carteira assinada.

Gandra: Isso não é profissão. Na prática o verdadeiro direito humano é tirar essas moças de onde elas estão e dar profissões dignas a elas.

JB: Os responsáveis pelas torturas durante a ditadura militar seriam julgados. Já os guerrilheiros que também torturaram ficariam livres de qualquer punição.

Gandra: Torturador de esquerda é um santo. Torturador de direita é um demônio. É um decreto preparatório para um regime ditatorial.

O novo “comando do terror”

Com mais esta “reporcagem” no seu currículo, Boris Casoy elimina qualquer ilusão sobre a sua neutralidade e imparcialidade jornalística. O blog Cloaca News, inclusive, conseguiu descobrir a revista Cruzeiro, de 9 de novembro de 1968, que denunciou Casoy como ativista do Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Tem até a foto dele mais jovem. Intitulada “CCC ou comando do terror”, a matéria comprova que este agrupamento promoveu vários atentados terroristas nos anos 1960/1970, inclusive contra os artistas do Teatro Roda Vida e contra os estudantes da USP.

Agora, o âncora fecha o ciclo e se une ao Opus Dei para criar um novo “comando do terror”. Para quem não conhece esta seita religiosa, reproduzo trechos de três artigos de minha autoria:

O Opus Dei (do latim, Obra de Deus) foi fundado em outubro de 1928, na Espanha, pelo padre Josemaría Escrivá. O jovem sacerdote de 26 anos diz ter recebido a “iluminação divina” durante a sua clausura num mosteiro de Madri. Preocupado com o avanço das esquerdas no país, este excêntrico religioso, visto pelos amigos de batina como um “fanático e doente mental”, decidiu montar uma organização ultra-secreta para interferir nos rumos da Espanha. Segundo as suas palavras, ela seria “uma injeção intravenosa na corrente sanguínea da sociedade”, infiltrando-se em todos os poros de poder. Deveria reunir bispos e padres, mas, principalmente, membros laicos, que não usassem hábitos monásticos ou qualquer tipo de identificação.

Reconhecida oficialmente pelo Vaticano em 1947, esta seita logo se tornou um contraponto ao avanço das idéias progressistas na Igreja. Em 1962, o papa João 23 convocou o Concílio Vaticano II, que marca uma viragem na postura da Igreja, aproximando-a dos anseios populares. No seu fanatismo, Escrivá não acatou a mudança. Criticou o fim da missa rezada em latim, com os padres de costas para os fiéis, e a abolição do Index Librorum Prohibitorum, dogma obscurantista do século 16 que listava livros “perigosos” e proibia sua leitura pelos fiéis. “Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo”, garantiu Escrivá para alguns seguidores, segundo relato do jornalista Emílio Corbiere no livro “Opus Dei: El totalitarismo católico”.

O poder no Vaticano

Josemaría Escrivá faleceu em 1975. Mas o Opus Dei se manteve e adquiriu maior projeção com a guinada direitista do Vaticano a partir da nomeação do papa polonês João Paulo II. Para o teólogo espanhol Juan Acosta, “a relação entre Karol Wojtyla e o Opus Dei atingiu o seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível acessão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio ativamente no processo de reestruturação da Igreja Católica sob o protagonismo do papa e a orientação do cardeal alemão Ratzinger”. Em 1982, a seita foi declarada “prelazia pessoal” – a única existente até hoje –, o que no Direito Canônico significa que ela só presta contas ao papa, que só obedece ao prelado (cargo vitalício hoje ocupado por dom Javier Echevarría) e que seus adeptos não se submetem aos bispos e dioceses, gozando de total autonomia.

O ápice do Opus Dei ocorreu em outubro de 2002, quando o seu fundador foi canonizado pelo papa numa cerimônia que reuniu 350 mil simpatizantes na Praça São Pedro, no Vaticano. A meteórica canonização de Josemaría Escrivá, que durou apenas dez anos, quando geralmente este processo demora décadas e até séculos, gerou fortes críticas de diferentes setores católicos. Muitos advertiram que o Opus Dei estava se tornando uma “igreja dentro da Igreja”. Lembraram um alerta do líder jesuíta Vladimir Ledochowshy que, num memorando ao papa, denunciou a seita pelo “desejo secreto de dominar o mundo”. Apesar da reação, o papa João Paulo II e seu principal teólogo, Joseph Ratzinger, ex-chefe da repressora Congregação para Doutrina da Fé e atual papa Beto 16, não vacilaram em dar maiores poderes ao Opus Dei.

Vários estudos garantem que esta relação privilegiada decorreu de razões políticas e econômicas. No livro “O mundo secreto do Opus Dei”, o jornalista canadense Robert Hutchinson afirma que esta organização acumula uma fortuna de 400 bilhões de dólares e que financiou o sindicato Solidariedade, na Polônia, que teve papel central na débâcle do bloco soviético nos anos 90. O complô explicaria a sólida amizade com o papa, que era polonês e um visceral anticomunista. Já Henrique Magalhães, numa excelente pesquisa na revista A Nova Democracia, confirma o anticomunismo de Wojtyla e relata que “fontes da Igreja Católica atribuem o poder da Obra a quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982”.

O vínculo com os fascistas

Além do rigoroso fundamentalismo religioso, o Opus Dei sempre se alinhou aos setores mais direitistas e fascistas. Durante a Guerra Civil Espanhola, deflagrada em 1936, Escrivá deu ostensivo apoio ao general golpista Francisco Franco contra o governo republicano legitimamente eleito. Temendo represálias, ele se asilou na embaixada de Honduras, depois se internou num manicômio, “fingindo-se de louco”, antes de fugir para a França. Só retornou à Espanha após a vitória dos golpistas. Desde então, firmou sólidos laços com o ditador sanguinário Francisco Franco. “O Opus Dei praticamente se fundiu ao Estado espanhol, ao qual forneceu inúmeros ministros e dirigentes de órgãos governamentais”, afirma Henrique Magalhães.

Há também fortes indícios de que Josemaría Escrivá nutria simpatias por Adolf Hitler e pelo nazismo. De forma simulada, advogava as idéias racistas e defendia a violência. Na máxima 367 do livro Caminho, ele afirma que seus fiéis “são belos e inteligentes” e devem olhar aos demais como “inferiores e animais”. Na máxima 643, ensina que a meta “é ocupar cargos e ser um movimento de domínio mundial”. Na máxima 311, ele escancara: “A guerra tem uma finalidade sobrenatural... Mas temos, ao final, de amá-la, como o religioso deve amar suas disciplinas”. Em 1992, um ex-membro do Opus Dei revelou o que este havia lhe dito: “Hitler foi maltratado pela opinião pública. Jamais teria matado 6 milhões de judeus. No máximo, foram 4 milhões”. Outra numerária, Diane DiNicola, garantiu: “Escrivá, com toda certeza, era fascista”.

Escrivá até tentou negar estas relações. Mas, no seu processo de ascensão no Vaticano, ele contou com a ajuda de notórios nazistas. Como descreve a jornalista Maria Amaral, num artigo à revista Caros Amigos, “ao se mudar para Roma, ele estimulou ainda mais as acusações de ser simpático aos regimes autoritários, já que as suas primeiras vitórias no sentido de estabelecer o Opus Dei com estrutura eclesiástica capaz de abrigar leigos e ordenar sacerdotes se deram durante o pontificado do papa Pio XII, por meio do cardeal Eugenio Pacelli, responsável por controverso acordo da Igreja com Hitler”. Outro texto, assinado por um grupo de católicas peruanas, garante que a seita “recrutou adeptos para a organização fascista ‘Jovem Europa’, dirigida por militantes nazistas e com vínculos com o fascismo italiano e espanhol”.

Pouco antes de morrer, Josemaría Escrivá realizou uma “peregrinação” pela América Latina. Ele sempre considerou o continente fundamental para sua seita e para os negócios espanhóis. Na região, o Opus Dei apoiou abertamente várias ditaduras. No Chile, participou do regime terrorista de Augusto Pinochet. O principal ideólogo do ditador, Jaime Guzmá, era membro ativo da seita, assim como centenas de quadros civis e militares. Na Argentina, numerários foram nomeados ministros da ditadura. No Peru, a seita deu sustentação ao corrupto e autoritário Alberto Fujimori. No México, ajudou a eleger como presidente seu antigo aliado, Miguel de La Madri, que extinguiu a secular separação entre o Estado e a Igreja Católica.

Infiltração na mídia

Para semear as suas idéias religiosas e políticas de forma camuflada, Escrivá logo percebeu a importância estratégica dos meios de comunicação. Ele mesmo gostava de dizer que “temos de embrulhar o mundo em papel-jornal”. Para isso, contou com a ajuda da ditadura franquista para a construção da Universidade de Navarra, que possuí um orçamento anual de 240 milhões de euros. Jornalistas do mundo inteiro são formados nos cursos de pós-graduação desta instituição. O Opus Dei exerce hoje forte influência sobre a mídia. Um relatório confidencial entregue ao Vaticano em 1979 pelo sucessor de Escrivá revelou que a influência da seita se estendia por “479 universidades e escolas secundárias, 604 revistas ou jornais, 52 estações de rádio ou televisões, 38 agências de publicidade e 12 produtores e distribuidoras de filmes”.

Na América Latina, a seita controla o jornal El Observador (Uruguai) e tem peso nos jornais El Mercúrio (Chile), La Nación (Argentina) e O Estado de S.Paulo. Segundo várias denúncias, ela dirige a Sociedade Interamericana de Imprensa, braço da direita na mídia hemisférica. No Brasil, a Universidade de Navarra é comandada por Carlos Alberto di Franco, numerário e articulista do Estadão, responsável pela lavagem cerebral semanal de Geraldo Alckmin nas famosas “palestras do Morumbi”. Segundo a revista Época, seu “programa de capacitação de editores já formou mais de 200 cargos de chefia dos principais jornais do país”. O mesmo artigo confirma que “o jornalista Carlos Alberto Di Franco circula com desenvoltura nas esferas de poder, especialmente na imprensa e no círculo íntimo do governador Geraldo Alckmin”.

O veterano jornalista Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, há muito denuncia a sinistra relação do Opus Dei com a mídia nacional. Num artigo intitulado “Estranha conversão da Folha”, critica seu “visível crescimento na imprensa brasileira. A Folha de S.Paulo parecia resistir à dominação, mas capitulou”. No mesmo artigo, garante que a seita “já tomou conta da Associação Nacional de Jornais (ANJ)”, que reúne os principais monopólios da mídia do país. Para ele, a seita não visa a “salvação das almas desgarradas. É um projeto de poder, de dominação dos meios de comunicação. E um projeto desta natureza não é nem poderia ser democrático. A conversão da Folha é uma opção estratégica, política e ideológica”.

A “santa máfia”

Durante seus longos anos de atuação nos bastidores do poder, o Opus Dei constituiu uma enorme fortuna, usada para bancar seus projetos reacionários – inclusive seus planos eleitorais. Os recursos foram obtidos com a ajuda de ditadores e o uso de máquinas públicas. “O Opus Dei se infiltrou e parasitou no aparato burocrático do Estado espanhol, ocupando postos-chaves. Constituiu um império econômico graças aos favores nas largas décadas da ditadura franquista, onde vários gabinetes ministeriáveis foram ocupados integralmente por seus membros, que ditaram leis para favorecer os interesses da seita e se envolveram em vários casos de corrupção, malversação e práticas imorais”, acusa um documento de católico do Peru.

A seita também acumulou riquezas através da doação obrigatória de heranças dos numerários e do dizimo dos supernumerários e simpatizantes infiltrados em governos e corporações empresariais. Com a ofensiva neoliberal dos anos 90, a privatização das estatais virou outra fonte de receitas. Poderosas multinacionais espanholas beneficiadas por este processo, como os bancos Santander e Bilbao Biscaia, a Telefônica e empresa de petróleo Repsol, tem no seu corpo gerencial adeptos do Opus.

Para católicos mais críticos, que rotulam a seita de “santa máfia”, esta fortuna também deriva de negócios ilícitos. Conforme denuncia Henrique Magalhães, “além da dimensão religiosa e política, o Opus Dei tem uma terceira face: da sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e expostos em 1986, a Obra determina que ‘os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem ao Opus Dei’. Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada, o que frequentemente serve para encobrir atos criminosos”.

O jornalista Emílio Corbiere cita os casos de fraude e remessa ilegal de divisas das empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, que financiaram a Universidade de Navarra. Há também a suspeita do uso de bancos espanhóis na lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. O Opus Dei esteve envolvido na falência fraudulenta do banco Comercial (pertencente ao jornal El Observador) e do Crédito Provincial (Argentina). Neste país, os responsáveis pela privatização da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por grupos espanhóis, foram denunciados por escândalos de corrupção, mas foram absolvidos pela Suprema Corte, dirigida por Antonio Boggiano, outro membro da Opus Dei. No ano retrasado, outro numerário do Opus Dei, o banqueiro Gianmario Roveraro, esteve envolvido na quebra da Parlamat.

“A Internacional Conservadora”

O escritor estadunidense Dan Brown, autor do best seller “O Código da Vinci”, não vacila em acusar esta seita de ser um partido de fanáticos religiosos com ramificações pelo mundo. O Opus Dei teria cerca de 80 milhões de fiéis, muitos deles em cargos-chaves em governos, na mídia e em multinacionais. Henrique Magalhães garante que a “Obra é vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica”. Num livro feito sob encomenda pelo Opus Dei, o vaticanista John Allen confessa este poderio. Ele admite que a seita possui um patrimônio de US$ 2,8 bilhões – incluindo uma luxuosa sede de US$ 60 milhões em Manhattan – e que esta fortuna serve para manter as suas instituições de fachada, como a Heights School, em Washington, onde estudam os filhos dos congressistas do Partido Republicano de George W.Bush.

Numa reportagem que tenta limpar a barra do Opus Dei, a própria revista Superinteressante, da suspeita Editora Abril, reconhece o enorme influência política desta seita. E conclui: “No Brasil, um dos políticos mais ligados à Obra é o candidato a presidente Geraldo Alckmin, que em seus tempos de governador de São Paulo costumava assistir a palestras sobre doutrina cristã ministradas por numerários e a se confessar com um padre do Opus Dei. Alckmin, porém, nega fazer parte da ordem”. Como se observa, o candidato segue à risca um dos principais ensinamentos do fascista Josemaría Escrivá: “Acostuma-se a dizer não”.

Os tentáculos no Brasil

No Brasil, o Opus Dei fincou a sua primeira raiz em 1957, na cidade de Marília, no interior paulista, com a fundação de dois centros. Em 1961, dada à importância da filial, a seita deslocou o numerário espanhol Xavier Ayala, segundo na hierarquia. “Doutor Xavier, como gostava de ser chamado, embora fosse padre, pisou em solo brasileiro com a missão de fortalecer a ala conservadora da Igreja. Às vésperas do Concílio Vaticano II, o clero progressista da América Latina clamava pelo retorno às origens revolucionárias do cristianismo e à ‘opção pelos pobres’, fundamentos da Teologia da Libertação”, explica Marina Amaral na revista Caros Amigos.

Ainda segundo seu relato, “aos poucos, o Opus Dei foi encontrando seus aliados na direita universitária... Entre os primeiros estavam dois jovens promissores: Ives Gandra Martins e Carlos Alberto Di Franco, o primeiro simpático ao monarquismo e candidato derrotado a deputado; o segundo, um secundarista do Colégio Rio Branco, dos rotarianos do Brasil. Ives começou a freqüentar as reuniões do Opus Dei em 1963; Di Franco ‘apitou’ (pediu para entrar) em 1965. Hoje, a organização diz ter no país pouco mais de três mil membros e cerca de quarenta centros, onde moram aproximadamente seiscentos numerários”.

Crescimento na ditadura

Durante a ditadura, a seita também concentrou sua atuação no meio jurídico, o que rende frutos até hoje. O promotor aposentado e ex-deputado Hélio Bicudo revela ter sido assediado duas vezes por juízes fiéis à organização. O expoente nesta fase foi José Geraldo Rodrigues Alckmin, nomeado ministro do STF pelo ditador Garrastazu Médici em 1972, e tio do atual presidenciável. Até os anos 70, porém, o poder do Opus Dei era embrionário. Tinha quadros em posições importantes, mas sem atuação coordenada. Além disso, dividia com a Tradição, Família e Propriedade (TFP) as simpatias dos católicos de extrema direita.

Seu crescimento dependeu da benção dos generais golpistas e dos vínculos com poderosas empresas. Ives Gandra e Di Franco viraram os seus “embaixadores”, relacionando-se com donos da mídia, políticos de direita, bispos e empresários. É desta fase a construção da sua estrutura de fachada – Colégio Catamarã (SP), Casa do Moinho (Cotia) e Editora Quadrante. Ela também criou uma ONG para arrecadar fundos: OSUC (Obras Sociais, Universitárias e Culturais). Esta recebe até hoje doações do Itaú, Bradesco, GM e Citigroup. Confrontado com esta denúncia, Lizandro Carmona, da OSUC, implorou à jornalista Marina Amaral: “Pelo amor de Deus, não vá escrever que empresas como o Itaú doam dinheiro ao Opus Dei”.

Ofensiva recente na região

Na fase recente, o Opus Dei está excitado, com planos ousados para conquistar maior poder político na América Latina. Em abril de 2002, a seita participou ativamente do frustrado golpe contra o presidente Hugo Chávez, na Venezuela. Um dos seus seguidores, José Rodrigues Iturbe, foi nomeado ministro das Relações Exteriores do fugaz governo golpista. A embaixada da Espanha, governada na época pelo neo-franquista Partido Popular (PP), de José Maria Aznar – cuja esposa é do Opus Dei –, deu guarita aos seus fiéis. Outro golpista ligado à seita, Gustavo Cisneiros, é megaempresário das telecomunicações no país.

Em dezembro do ano passado, o Opus Dei assistiu a derrota do seu candidato, Joaquim Laví, ex-assessor do ditador Augusto Pinochet, à presidência do Chile. Já em maio deste ano, colheu uma nova derrota com a candidatura de Lourdes Flores, declarada numerária do partido Unidade Nacional. Em compensação, a seita comemorou a vitória do narco-terrorista Álvaro Uribe na Colômbia, que também dispôs de milhões de dólares do governo George Bush. Já no México, outro conhecido simpatizante do Opus Dei, Felipe Calderon, ex-executivo da Coca-Cola, venceu uma das eleições mais fraudulentas da história deste país.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

UM JOBIM INCOMODA MUITA GENTE

fonte: Novo Jornal

Geraldo Elísio escreve no "Novojornal". Prêmio Esso Regional de jornalismo, passado e presente embasam as suas análises

Por Geraldo Elísio

“... Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue...” – Cálice – Gilberto Gil

No último final de semana, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou uma manifestação de apoio ao terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos e ao secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannucchi, que ameaça deixar o cargo caso o documento apresentado no dia 21 de dezembro sofra alguma alteração. Ele quer evitar a mudança que permitiria investigação de militantes da esquerda armada durante o período da ditadura.

Na mensagem divulgada pela assessoria da entidade, o presidente da OAB, Cezar Britto, afirma que quem “censurou, prendeu sem ordem judicial, cassou mandatos e apoiou a ditadura militar” (1964/1985) foi anistiado pela lei promulgada em 1979, mas quem torturou, cometeu crimes de lesa-humanidade e, portanto, deve ser punido pelo Estado conforme estabelece a Constituição.

Ainda de acordo com a mensagem, Britto ligou para Vannucchi a fim de se solidarizar com “sua luta pelo estabelecimento do direito à memória e à verdade”. Britto reforçou a sua opinião de que a Lei da Anistia, de 1979, não implica no “esquecimento” dos fatos ocorridos durante o regime de exceção.

“Todo brasileiro tem o direito de saber que um presidente da República, constitucionalmente eleito, foi afastado por força de um golpe militar. Da mesma forma, não se pode esquecer que no Brasil o Congresso Nacional foi fechado por força de tanques, que juízes e ministros do Supremo Tribunal Federal foram afastados dos seus cargos por atos de força e que havia censura, tortura e castração de todo o tipo de liberdade”, diz Britto. “O regime do medo que sustentava o passado não pode servir de desculpa no presente democrático. Um país que tem medo de sua história não pode ser considerado um país sério”.

O diretório da OAB no Rio de Janeiro também divulgou nota em que seu presidente, Wadih Damous, critica duramente o ministro da Defesa, Nelson Jobim. No final de 2009, Jobim e os comandantes das Forças Armadas colocaram seus cargos à disposição por serem contrários à criação da chamada “Comissão da Verdade”, instância que ficaria responsável por investigar os atos cometidos por agentes do Estado durante a ditadura militar, com a possibilidade de que oficiais militares sejam punidos por crimes cometidos à época.

“Se é para haver demissões no governo, que sejam as primeiras a do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e dos chefes militares”. Para Damous, setores historicamente ligados ao golpe de 1964 estão tentando criar uma crise artificial no país, distorcendo deliberadamente o conteúdo do programa.

Outros integrantes do governo, como o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, também criticam o programa, que também prevê medidas polêmicas relacionadas ao agronegócio, meio ambiente, comunicação, ciência e na relação do Estado com a Igreja. “É inaceitável que a sociedade brasileira volte a ser tutelada por chefes militares”, afirmou Damous, ressaltando que Vannucchi merece a integral solidariedade de todos aqueles que não querem ver o retrocesso da democracia brasileira.

E em Minas? O que pensa o presidente da Seção Regional da OAB de Minas Gerais? Ou não pensa? Ou se omite? A instituição mineira tem uma história de resistência. O espaço está aberto.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.

geraldo.elisio@novojornal.com

Jornal da Band inventa "guerrilheiros torturadores"

Fonte: Vi o mundo  


por Luiz Carlos Azenha (dica do leitor Marcelo Costa, de BH)

A TV Bandeirantes colocou uma "reportagem" inacreditável no ar. Assinada pelo repórter Sandro Barboza, de São Paulo, ela é mentirosa do início ao fim. Nunca vi algo assim, em quase 40 anos de carreira.
Trata de um texto como se fosse lei aprovada, deturpa completamente o conteúdo e entrevista uma única pessoa. Nem o regime militar mentiu de forma tão descarada.
A "reportagem" começa com o seguinte texto, lido por Boris Casoy:
O novo decreto de Direitos Humanos do governo federal é criticado pela sociedade e até mesmo por ministros de estado. A lei estabelece censura aos meios de comunicação, atenta contra o direito de propriedade e ainda liberdade religiosa. Especialistas consideram o projeto o primeiro passo para um regime ditatorial.

Narração do repórter:
A nova lei que o presidente Lula assinou sem ler passou pelo crivo direto da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, virtual candidata do PT à presidência da República, dos ministro da Justiça Tarso Genro, da Comunicação Franklin Martins e dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
É um emaranhado de artigos e parágrafos que muitas vezes ataca a Constituição.

Repórter aparece na tela:
O decreto provocou duras críticas da sociedade e uma reação dentro do próprio governo. Para os especialistas, se for aprovada da maneira como está a lei será o mais duro golpe contra a democracia desde o fim da ditadura militar.

Narração:
Ives Gandra Martins é um dos mais conceituados juristas internacionais. Ele é autor de mais de 300 livros sobre Direito, sozinho ou com outros autores, com obras publicadas em 19 países. Ao analisar o novo decreto, ele ficou impressionado.
"É um dos documentos com as maiores sandices que eu tive oportunidade de ver nos meus 50 anos de advocacia e nos meus 49 anos de magistério de Direito".

Catedrático por 31 universidades no Brasil, na América do Sul e Europa, Ives analisou vários itens do novo decreto.
O projeto prevê que o proprietário rural que tiver uma fazenda invadida não poderá mais recorrer ao Judiciário.

"O que eles tão pretendendo é dar direito àquele que invadir qualquer terra fazer com que uma vez que for invadido o direito de propriedade deixa de ser do proprietário, passa a ser do invasor".

A lei quer evitar a divulgação de símbolos religiosos.


"Se não pode mais haver símbolos religiosos nós temos que mudar o nome da cidade de São Paulo e todas as cidades que tem nomes de santos não poderão mais ter".

Será criada uma comissão para controlar o conteúdo dos meios de comunicação.
"No  momento em que se elimina a liberdade de imprensa nós estamos perante efetivamente o início de uma ditadura".
Um novo imposto sobre grandes fortunas seria instituído.

"É um imposto que afasta investimentos porque aquele que formou um patrimônio depois é tributado em todas as operações e ainda vai ser tributado no seu patrimônio pessoal".

As prostitutas contariam com direitos trabalhistas e carteira assinada.

"Isso não é profissão. Na prática o verdadeiro Direitos Humanos é tirar essas moças de onde elas estão e dar profissões dignas a elas".
Os responsáveis pela tortura durante a ditadura militar seriam julgados. Já os guerrilheiros que também torturaram ficariam livres de qualquer punição.
"Torturador de esquerda é um santo. Torturador de direita é um demônio. É um decreto preparatório para um regime ditatorial"

Veja aqui 

Veja aqui o que diz o PNHD III

sábado, 9 de janeiro de 2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SERRA TENTA SE APROPRIAR DE PROGRAMA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE COMO SEU

Fonte: Vi o Mundo

Gripe suína: Serra assume como "obra" dele vacina comprada pelo Ministério da Saúde para o Brasil


por Conceição Lemes

Terça-feira, 5 de janeiro, 14h23. Um release com esta manchete foi enviado a toda mídia.












O evento começou às 12 horas, no Instituto Butantan, órgão vinculado ao governo do Estado de São Paulo. Ás 13, o governador José Serra (PSDB) chegou. Após entrevista coletiva à imprensa, ele visitou o local onde estão armazenados os tonéis com as vacinas contra a influenza A, ou gripe A, mais conhecida como gripe suína.

A íntegra do comunicado distribuído pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo está aqui.

Atente ao primeiro parágrafo do comunicado.












Observe também as legendas que acompanham as fotos da notícia no Portal do Governo do Estado de São Paulo.


Lendo todo o material, distribuído oficialmente, parece que o Estado de São Paulo, com o governador José Serra à frente:

1. Arcará com os custos vacinas contra gripe suína no Brasil.

2. Distribuirá vacina via Ministério da Saúde.

3. São Paulo será o primeiro a dispor da vacina no país.

4. São Paulo saiu na frente do restante do Brasil, inclusive do próprio Ministério da Saúde.

Na realidade, José Serra montou o palanque político para aparecer, agora, no noticiário, e, depois, na campanha presidencial, como “o pai das vacinas contra a gripe suína no Brasil”.

Mas o “ teste de DNA” desmente o governador José Serra e Luiz Roberto Barradas Barata, o secretário estadual de Saúde. O verdadeiro pai das vacinas contra a nova gripe no Brasil é o governo federal por meio do Ministério da Saúde.

De novo, José Serra tenta se apropriar de “filhos” bonitos, famosos, dos outros. Fez isso, por exemplo, com o Programa Nacional de DST/Aids, do Ministério da Saúde, considerado um exemplo no mundo, e que ele assume como sua criação. Só que os verdadeiros criadores são a doutora Lair Guerra de Macedo Rodrigues e o professor Adib Jatene.

Outro exemplo famoso é dos remédios genéricos.

“Serra, pai dos genéricos? PSDB, criador dos genéricos? Assumir como deles é um embuste!”, disse em junho de 2009 ao Viomundo, o médico Jamil Haddad, falecido no final de dezembro, aos 83 anos. Ex- deputado federal, ex-prefeito do Rio Janeiro e ministro da Saúde de outubro de 1992 a agosto de1993, Jamil Haddad é o verdadeiro pai dos genéricos do Brasil.

Sobre as vacinas contra a gripe suína a verdade é esta:

1. O Ministério da Saúde custeará todas as vacinas contra a gripe suína no Brasil, inclusive as seringas e agulhas para aplicá-las. Representa um investimento de R$ 1,006 bilhão.

2. O Ministério da Saúde adquiriu 83 milhões de doses da vacina de três fornecedores distintos: Glaxo Smith Kline (GSK), Sanofi-Pasteur (via Instituto Butantan) e Fundo Rotatório de Vacinas da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

3. Da Glaxo Smith Kline (GSK), foram adquiridas 40 milhões de doses. Foi o primeiro lote. A compra foi fechada em novembro 2009, a partir do menor preço apresentado pelos concorrentes em um processo de compra emergencial. O custo unitário da dose foi de US$ 6,43 – representando investimento global de US$ 257,2 milhões (R$ 444,7 milhões).

4. Do Laboratório Sanofi-Pasteur (via Butantan), foram adquiridas 33 milhões de doses. O acordo prevê: 1 milhão de doses prontas (600 mil chegaram no dia 30 de dezembro de 2009, 400 mil estão a caminho); e 32 milhões de doses para serem envasadas (colocadas em frasquinhos e rotuladas) pelo Butantan. Cinco milhões já estão em tonéis no Butantan.

Detalhe 1: Como o acordo fechado com o Ministério da Saúde prevê a transferência de tecnologia do Sanofi-Pasteur para o Instituto Butantan, o custo unitário da vacina será um pouco mais caro do que o pago aos dois outros fornecedores: US$ 7,6 – representando investimento de US$ 250,8 milhões (R$ 438,9 milhões). Todo esse custo será coberto pelo governo federal.

Detalhe 2: como há notícias de que a certificação da fábrica do Butantan estaria atrasada, o Ministério da Saúde acredita que, na impossibilidade de as 32 milhões de doses serem envasadas no Brasil, elas serão fornecidas já prontas pela Sanofi ao Instituto.

Hoje à tarde a própria assessoria de imprensa do Butantan informou a esta repórter que o Instituto deverá receber da Sanofi mais 23 milhões de doses prontas.

“O Ministério da Saúde, porém, ainda não havia sido informado oficialmente sobre isso pelo Butantan. O ministério tem um calendário de entregas acertado com o Instituto e está seguro de que, se houver alguma possibilidade de alteração neste cronograma, será imediatamente informado pelo órgão”, informou a assessoria de imprensa do MS ao Viomundo.

O acordo firmado pelo Ministério da Saúde com o Sanofi-Pasteur (via Butantan) prevê 33 milhões de doses e não 41 millhões de doses, como vem sendo anunciado desde o dia 5 de janeiro, terça-feira, pelo governo do Estado de São Paulo.

Nesta quinta-feira, porém, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo informou oficialmente por e-mail ao Ministério da Saúde que a Sanofi-Pasteur tem condições de vender mais 8 milhões de doses da vacina ao Brasil. Afinal, na Europa está sobrando vacina. O Ministério da Saúde analisa a proposta, já que quem paga a conta é o governo federal.

Detalhe 3: As vacinas já foram ANTECIPADAMENTE pagas aos fornecedores.

5. O acordo mais recente foi firmado com o Fundo Rotatório de Vacinas da OPAS. Prevê aquisição de 10 milhões de doses em 2010 – investimento de US$ 70 milhões de dólares (US$ 7 por dose), o equivalente a R$ 122,5 milhões.

6. Os laboratórios enviarão as doses ao Ministério da Saúde de maneira escalonada, entre janeiro e março; a vacinação será realizada entre março e abril de 2010.

7. Os grupos prioritários para a vacinação serão estabelecidos com base em critérios epidemiológicos e recomendações de sociedades médicas do Brasil e no exterior. Entre eles, estão grávidas, trabalhadores de saúde envolvidos no atendimento aos pacientes, crianças entre 6 meses e 2 anos, indígenas e pessoas com doenças crônicas preexistentes, como cardíacas, pulmonares, renais, diabetes.

8. O Ministério da Saúde e não o Instituto Butantan distribuirá a vacina contra a gripe suína para todos os estados brasileiros, inclusive São Paulo.

Entre o final de janeiro e início de fevereiro, o Ministério da Saúde anunciará, em detalhes, a estratégia nacional de vacinação contra a gripe suína para o país.

“Não há, neste momento, distribuição de vacina à população em nenhum estado brasileiro”, salienta o médico Gerson Penna, secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. “As doses serão distribuídas nacionalmente quando houver estoque suficiente para viabilizar a estratégia de vacinação simultanamente em todo o país.”

domingo, 3 de janeiro de 2010

BORIS CASOY DEIXA CAIR A MÁSCARA E MOSTRA TODO PRECONCEITO DA ELITE

A ELITE BRASILEIRA NÃO GOSTA DE POVO. PREFEREM OS EUROPEUS DE OLHOS AZUIS E PELE CLARA. ESTÃO AQUI PARA EXPLORAR O POVO. SE NÃO GOSTA DO POVO BRASILEIRO POR QUE NÃO DEIXAM ESTE PAÍS?