sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Raimundo Bonfim e Julian Rodrigues: Reação ao avanço conservador virá da militância


Raimundo Bonfim e Julian RodriguesRaimundo e Julian


Do Vi o Mundo

publicado em 06 de agosto de 2015 às 15:30
Reação à escalada conservadora virá da mobilização da militância de esquerda

por Raimundo Bonfim e Julian Rodrigues, especial para o Viomundo

O quadro político se agrava muito rapidamente.  A escalada conservadora se acelera, alimentando o ódio e a intolerância, fechando o cerco sobre o governo Dilma e intensificando o movimento para aniquilar o PT – e toda a esquerda brasileira.

Está em jogo não somente a continuidade do governo Dilma, mas o  projeto democrático e progressista , duramente construído por milhares de militantes desde o fim da ditadura militar.
A crise econômica foi aprofundada pela política econômica comandada por Joaquim Levy.

Um verdadeiro DES-ajuste fiscal, que apenas alimenta o lucro dos bancos e dos rentistas.  E gera recessão e desemprego, trazendo um desgaste brutal para o governo Dilma –  que atinge níveis de reprovação iguais aos de FHC.

Esse cenário não surpreende. Em fevereiro, já nos somávamos às vozes críticas, alertando para o que poderia acontecer.

O ambiente político do país é muito ruim e se deteriora a cada dia.  Ao optar por uma política econômica  liberal, Dilma rompeu com a base social que a elegeu. E paralisou seu governo.
Ao mesmo tempo, a grande mídia radicaliza seus ataques. O  Ministério Público, setores do Judiciário e a PF agem como justiceiros, pretensamente combatendo a corrupção, mas agindo partidariamente, ignoram as liberdades democráticas, focados na criminalização do PT e na desconstituição do governo.

Todos os limites foram atravessados. A operação Lava-Jato anima a ofensiva golpista. No Congresso Nacional, Eduardo Cunha comanda uma verdadeira contra-reforma reacionária, atacando os direitos humanos, impondo uma agenda globalmente regressiva.

O atentado à bomba ao Instituto Lula e a nova prisão de José Dirceu marcam um novo momento.
É fato que não há consenso no “andar de cima” sobre se é melhor interromper o mandato de Dilma ou esperar as eleições de 2018.

Mas a conjuntura vai se desenrolando e os setores golpistas vão ganhando peso ante a paralisia do governo e do PT.

Articular a reação

Não há nenhum sinal do governo Dilma na direção de mudar essa política econômica antipopular.  Além disso, covardemente, o governo assiste passivamente ao aparelhamento da Polícia Federal, hoje um verdadeiro braço do PSDB e de toda a direita.

A maioria da direção do PT também não tem reagido e não demonstra capacidade de comandar uma forte e necessária contra-ofensiva.

A tarefa da militância partidária e social de esquerda, portanto, é complexa: defender o governo Dilma contra o golpismo de direita, e, ao mesmo tempo, combater e derrotar o ajuste fiscal proposto pelo próprio governo.

E mais grave ainda: temos de fazer tudo isso sem contar com um comando unificado e organizado. Nem o governo Dilma nem o PT dão sinais nesse sentido.

Ou seja: cabe a cada um de nós, lutadores sociais, militantes petistas, militantes de esquerda, socialistas, progressistas, democratas organizar, desde baixo, a resistência ao golpismo e o combate às forças conservadoras.

Só há um caminho imediato: constituir um pólo de esquerda e progressista. Convocar mobilizações de rua e construir um forte movimento antifascista. Para isso, precisamos ajudar a viabilizar, em cada município, a Frente de Esquerda, Democrática, Popular.

Intelectuais críticos, movimentos sociais, militância petista, sindicatos, juventude, ativistas de esquerda, blogosfera progressista. Todos temos a tarefa histórica de impedir o retrocesso, deter o avanço da direita, defender um projeto de país com igualdade e liberdade. Todos às ruas no dia 20 de agosto.

Raimundo Bonfim, advogado e coordenador geral da Central de Movimentos Populares (CMP-SP).
Julian Rodrigues, professor e jornalista é ativista de direitos humanos e do movimento LGBT.