quinta-feira, 29 de abril de 2010

Nine Million Bicycles

Katie Melua



Há nove milhões de bicicletas em Pequim


Isso é um fato,

É algo que não podemos negar,

Assim como o fato que irei te amar até eu morrer


Estamos a doze bilhões de anos-luz do fim

Isso é uma suposição

Ninguém jamais pode dizer que é verdade,

Mas eu sei que sempre estarei com você


Eu sou aquecida pelo fogo do seu amor todos os dias

Então não me chame de mentirosa,

Apenas acredite em tudo que eu digo


Há seis bilhões de pessoas no mundo

Mais ou menos

E isso me faz sentir bem pequena

Mas você é aquele que eu amo mais que todos


Nós estamos no topo

Com o mundo a nossas vistas

E eu nunca vou me cansar,

Do amor que você me dá toda noite.


Há nove milhões de bicicletas em Pequim

Isso é um fato,

É algo que não podemos negar,

Assim como o fato que irei te amar até eu morrer


Há nove milhões de bicicletas em Pequim

E você sabe que irei te amar até morrer.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eduardo Guimarães: MSM investigará criminosos virtuais

Fonte: Cidadania.com

E vai se configurando a mais virulenta campanha eleitoral da história recente do país, na qual começam a ser cometidos toda sorte de crimes eleitorais e comuns. E começam a surgir, inclusive, ameaças veladas a mim e à minha família, como se pode constatar abaixo.

Olá, Duda! Como está este burguês falido? Muito raivoso?

Olha, tome cuidado para o seu blog não virar membro da esgotosfera como o Nassif, PHA e Azenha. Se tiver que fazer isso por motivos econômicos, faça como eles: cobre caro.

Sobre a foto da Norma, não é o problema de uso da imagem. É o problema da mentira. Você é um cara sabido e sabe exatamente o que aconteceu. É que se você não atacar a imprensa, o seu blog termina.

Que coisa feia! Para manter isso aqui você tem que rasgar todos os seus princípios.

Pera aí! Por que você, na mudança do Blog, não começa a migrar para outros temas? Deixa a parte essa babaca da mídia em um canto e desenvolve outras linhas. É uma sugestão. Inteligente, como sempre.

Abraços na família. Paulão

Paulo Adonai
adonaiggggg@pt.org.br
São Paulo

Some-se a isso os e-mails falsos contendo a versão de que Dilma Rousseff era “prostituta de terroristas” e a adaptação de texto virulento da socialite Danuza Leão publicado pela Folha de São Paulo, depois publicado no site do ex-anão pefelista do Orçamento deputado José Carlos Aleluia, e aí se tem a tal “campanha sem baixarias” que Serra prometeu.

Assim como não me conformei com fraudes em pesquisas ou disseminação de alarmismo pela mídia no caso da febre amarela e da causada pelo vírus H1N1, aquela que Serra diz que se contrai ao se ter contato “com porquinhos”, o que me fez ir ao Ministério Público nos dois casos, penso que chegou a hora de desmascarar alguns trolls, começando pelo que vocês leram acima.

Outro bom serviço que posso prestar à coletividade, portanto, será desmascarar alguns desses criminosos virtuais – tanto os que postam comentários como os que vocês leram acima quanto aqueles que produzem blogs apócrifos.

E a Justiça parece disposta a investigar esse tipo de crime. Vejam comentário que a procuradora da República doutora Janice Ascari postou há algumas semanas neste blog quando divulguei que colocaria fim a ataques como os feitos contra minha filha doente, Victoria, de onze anos, portadora de paralisia cerebral, ou da outra que está na Austrália, a qual o troll acima atacou há alguns meses perguntando quanto ela estava cobrando por “um programa” naquele país.

Vejam o comentário da procuradora:

É isso aí­. Não desista. Adote um mecanismo de verificação (moderação de comentários, cadastro, identificação de IP na tela etc.) e siga em frente.

Ataques sórdidos, rasteiros e, sobretudo, covardes como vc relatou - e coisas horrí­veis ditas sobre suas lindas meninas - são prova de baixeza de espírito e de caráter. A conduta pode configurar crime - e, para isso, o Grupo de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério Público Federal está à disposição.

Trabalhamos em conjunto com a Polí­cia Federal, FBI e Safernet. Para nós, nenhum delinquente permanece anônimo.

Janice Agostinho Barreto Ascari
São Paulo - SP
Procuradora da República

Segui o conselho da procuradora e tenho todas as dezenas de ataques que o troll “Paulo Adonai” me fez aqui, de forma que anuncio o próximo passo do Movimento dos Sem Mídia, que será trazer para a luz alguns desses meliantes.

Se é assim – através do esgoto e das trevas – que os tucanos querem a campanha eleitoral, cabe aos cidadãos decentes combatê-los com a verdade, com a justiça e com a luz. É para tanto que o Movimento dos Sem Mídia foi criado.

À luta, pois.

Denúncia: Operação de Serra e PSDB para difamar Dilma




É o velho Serra de sempre. Ele não muda

Saiu no Tijolaço:

“Civilidade” do PSDB e de Serra é uma fraude
abril 27th, 2010 às 23:43

Imagine se o PT, o PDT ou outro partido que apóia Dilma tivesse no seu site oficial um link para outro site – também registrado em nome do partido – intitulado “Gente que Mente” , dedicado exclusivamente a atacar o tucanato, o que aconteceria. Folha, Globo, Estadão, todos eles estariam caindo em cima: “Dilma monta site para atacar adversários”, não seria um título plausível para este caso?

E se sucederiam notas e artigos protestando contra a baixaria… Alguns dirigentes gaguejariam, diriam não concordar com isso, que a campanha teria de ser de “alto nível”, com propostas, não com ataques pessoais…Logo iam pedir – e levar – a cabeça do “interneteiro” responsável, que teria seu rosto exposto nas páginas e, isolado, ia acabar dizendo, sob a incredulidade geral, que a direção do partido e a candidata não sabiam de nada. Ninguém iria acreditar, e com razão…

Pois bem. Desafio publicamente a direção do PSDB, o senhor José Serra e a grande imprensa brasileira a dizerem se não é exatamente isso que o PSDB – sob as ordens diretas do Sr. Eduardo Graeff, ex-secretário de FHC, coordenador da campanha serrista e membro da Direção Nacional do PSDB – está fazendo. Faz e faz com a cumplicidade geral.

Reproduzi a página do site oficial do PSDB (www.psdb.org.br), tomada às 22:30 de hoje. Ali há um banner rotativo (onde os links se sucedem) apontando para o site www.gentequemente.org.br , dedicado a publicar acusações e chamar de mentirosos Lula e Dilma. O mesmo nome, só que com a terminação com.br, está registrado no mesmo nome da empresa que faz o site www.amigosdoserra.com.br, a DDM.

Este site não é de terceiros. Pertence ao PSDB, à direção nacional do partido, conforme você pode verificar com a página de registro no Comitê Gestor da Internet no Brasil.

O candidato José Serra age fraudulentamente quando elogia o governo Lula e diz que vai fazer uma campanha civilizada e de propostas, enquanto estimula que, sob a responsabilidade direta de seu partido, a guerra suja se espalhe na rede.

Não é um militante pró-serra que faz o site. Não é um parlamentar pró-serra. É o partido, é a instituição.

Eu ofereço os documentos, as provas. Mais que isso não posso fazer. Não posso ir à Justiça Eleitoral e à Cível em nome de Lula ou de Dilma, muito menos do PT. Posso ir à tribuna, nos poucos segundos de que um parlamentar dispõe nas sessões da Câmara. Posso publicar aqui. Posso combater sozinho, se não houver quem tenha a coragem de enfrentar as armações.

Mas, sozinho, posso pouco. Que aqueles que podem muito assumam suas responsabilidades.

Ou vamos ficar quietinhos, enquanto o jogo sujo – e milionário – campeia na rede?

domingo, 25 de abril de 2010

Governo de MG altera regras da Previdência

Fonte: Novo Jornal

Redução em 2010 do percentual da contribuição patronal e do servidor coloca em risco futuro do Fundo Previdenciário

A Lei complementar 110 aprovada pelos deputados estaduais no apagar das luzes do ano de 2009, especificamente no dia 28 de dezembro, pode ser considerada mais uma manobra do governo de Minas para justificar o que a dinastia dos Neves, com o "toque de midas" do atual governador Antônio Anastasia habitou-se a chamar na sua gestão pública de “Déficit Zero” e “Choque de Gestão”.

A arquitetura contábil baseada em justificativas superavitárias do saldo previdenciário do Fundo de Previdência dos Servidores do Estado (Funpemg), fez com que o governo do Estado tomasse a surpreendente decisão de mudar a regra do jogo estabelecida na Lei Complementar 64 de 2002, que determinava um aumento gradativo da contribuição previdenciária durante o período de 08 anos até a capitalização em 2010 do Funpemg.

Pela regra estabelecida na Lei 64 o servidor começaria pagando, a partir da constituição do Fundo em 2002, 1% (um por cento) sobre seu salário bruto e o governo outros 2%, (dois por cento). Até o final de 2009 os percentuais chegariam a 11% (onze por cento) para o servidor e 22% (vinte e dois por cento) para o governo. Em entrevista concedida ao Novo Jornal, o presidente da Associação dos Contribuintes do Ipsemg (Ascom Ipsemg), Móises Melo faz um “raio X” do sistema previdenciário dos servidores públicos do Estado.

Novojornal - Quem paga as atuais pensões e aposentadorias no Estado?

Moisés Melo - Durante o período de 08 anos até a capitalização do Funpemg, a Lei 64 estabelecia que o Funfip, outro Fundo criado em 2002, assumiria o pagamento das pensões e aposentadorias dos servidores do Estado até a quitação integral dos 60% da dívida assumida pelo governo com o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg). Agora ao invés de promover a capitalização do Fundo o governo quer esvaziá-lo.

NJ - Que tipo de “manobra” o senhor se refere?

Moisés Melo - A manobra consistiu em enviar o Projeto de Lei à Assembléia para reduzir sua obrigação de contribuir no início deste ano com 22% sobre o salário do servidor, dando como prêmio de consolo a este mesmo servidor a redução de sua alíquota de 11% para 2%, o que resultaria, segundo alguns matemáticos da área técnica do governo em “ganhos salariais”. Somando as duas contribuições (patronal e servidor), o Funpemg hoje teria que ser capitalizado em 33%.

NJ - Pela Lei 64 a partir de janeiro de 2010 o Estado começaria à pagar pensões e aposentadorias?

Moisés Melo - Sim, mas com a Lei Complementar 110 o governo prorrogou a concessão de aposentadorias e pensões pelo Funpemg de 2010 para 2012.

NJ - E o PLC35/2007 que define o pagamento de precatórios de pensão do Ipsemg?
Moisés Melo - Outra manobra também para obrigar o Ipsemg a pagar precatórios de pensão que são do Tesouro Estadual via Funfip. O Ipsemg como previdência não existe mais. A Lei 64 extinguiu sua função. As atividades finalísticas do Ipsemg hoje são só na prestação de serviço de saúde. Não existe mais Ipsemg como instituto de previdência. Ele é apenas um gestor de processos burocráticas de concessão de pensões e aposentadorias.

NJ - Porque o projeto de Lei Complementar 35 é considerado um calote no Ipsemg?

Moisés Melo - Porque o dinheiro que querem utilizar para pagar precatórios de pensão é da saúde. São os 40% da divida do tesouro com o instituto. Dinheiro carimbado, que não pode ter outra destinação a não ser financiar o sistema de saúde do servidor. Esses 40% foram negociados no Decreto nº. 42758/2002 para pagamento em 30 anos. O que o governo e base aliada de deputados vem propondo em nada beneficiará o Ipsemg, uma vez que as receitas previdenciárias já foram vertidas para o Funfip para acobertar o pagamento de benefícios previdenciários e, consequentemente, os precatórios deles decorrentes.

Além disso, a ordem de pagamento de precatórios é determinada pela justiça e precisa ser incluída no orçamento do Estado. E mais, o Ipsemg deixou de ser réu nessas ações de precatórios porque o Ipsemg Previdência não existe mais.
Quanto aos aspectos legais, o PLC 35 afronta os princípios da administração pública a que se refere o artigo 37 da CF, notadamente os da legalidade, moralidade e eficiência. A Administração Pública direta e indireta de quaisquer Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios tem a obrigação de obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

A proposta de “calote” também atenta contra o artigo 10 da Lei nº. 8.429/92, que dispõe sobre improbidade administrativa. O artigo 10 é claro: “Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário quaisquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei...”.

NJ - Qual é a saída?

Moisés Melo - Se a Assembléia Legislativa se esforçar podemos promover um grande debate em torno da questão da previdência e da saúde do servidor. Lamentavelmente, em quase 08 anos do atual governo não fizemos um único debate sobre a previdência pública estadual. Ao contrário, o governo manda todo ano uma Lei Complementar alterando regras já estabelecidas na Lei 64 sem o mínimo de aprofundamento pelo mecanismo democrático do diálogo. O tema da previdência não é um tema “engessado”, precisa ser revisto de acordo com as novas realidades que vão surgindo.

As entidades representativas dos servidores públicos estaduais também precisam mobilizar um grande número de servidores para que pressionem seus deputados em suas bases no interior do Estado. Assim, creio que, que com a participação do governo e podemos encontrar uma solução viável para o Ipsemg e para a previdência pública. Do contrário permanece a vontade do governo.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

"Querem Privatizar o IPSEMG"

Fonte: Novo Jornal

Presidente da Associação dos Contribuintes do Ipsemg acusa: "Falência foi planejada por Aécio. Médicos querem privatizar a instituição"

O STF decidiu na última quarta feira (14) que os cerca de 550 mil servidores públicos estaduais que descontam em contracheque a contribuição compulsória para saúde de 3,2% para custear a assistência médica, hospitalar e odontológica oferecida pelo Instituto de Previdência dos Servidores de Minas Gerais (Ipsemg) poderão pedir na Justiça a suspensão do desconto, além do ressarcimento dos valores pagos nos últimos cinco anos. A contribuição foi entendida como facultativa pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O governo ainda pode recorrer da decisão na questão da devolução dos valores retroativos já descontados, uma vez que a prestação de serviços até então estava garantida pelo Ipsemg.

Na ação direta de inconstitucionalidade (Adin), o STF definiu que a contribuição, se existir, terá que ser voluntária, ou seja, de livre arbítrio do servidor. O desconto de 3,2% sobre o salário bruto beneficiava esposa e filhos menores de 21 anos do servidor, e vinha sendo feito mesmo se o funcionário não usasse os serviços do IPSEMG. O percentual descontado dá direito à 100% de atendimento médico, hospitalar e odontológico, e é considerado muito baixo  se comparado com o valor de um plano de saúde privado para um grupo familiar. Ainda de acordo com os ministros, a contribuição compulsória ao Ipsemg só deve ser realizada para fins previdenciários, ou seja, para efeito de concessão de benefícios de pensão e aposentadoria.

O presidente da Associação dos Contribuintes do Ipsemg (Ascon Isemg) lamentou a decisão do STF, pois segundo Moisés Melo, o instituto pertence ao servidor e não ao governo do Estado. "Quem perde com isso é o servidor que ganha menores salários no Estado, e não tem como pagar um plano de saúde privado", diz ele. Moisés disse que a falência do Ipseng foi planejada pelo governo Aécio Neves, e reforça o projeto de um grupo de médicos que quer transformá-lo numa Organização Social de Caráter Privado (Oscip). "Aécio governou para as oligarquias que o elegeram e deram sustenção ao seu governo. Ele cumpriu tudo que prometeu a estas pessoas", diz ele.

A Associação dos Jornalistas do Serviço Público (AJOSP), diz que essa decisão já era esperada pelo governo mineiro, que segundo ele, foi "omisso", ao não tomar nenhuma medida para criar um plano alternativo sustentável para o instituto.

Um fórum técnico para debater a saúde do servidor público foi aprovado em 2008 pela Assembléia Legislativa durante uma audiência pública que discutia a situação precária do atendimento no Hospital do Ipsemg e no Centro de Especialidades Médicas, mas não saiu do papel. E lamenta: "O servidor precisa ter a consciência que o Ipsemg é dele, foi construído com a sua contribuição.

“Promover a sua destruição retirando a contribuição do contracheque vai atender o desejo de tudo aquilo que o governo quer, torná-lo economicamente inviável para então privatizá-lo ao entregá-lo ao sistema único de saúde (SUS)”, afirma Cláudio Vilaça, presidente da entidade. O dirigente lembrou o caso do Hospital Odilon Berenhs que era referência no atendimento médico ao servidor da prefeitura de Belo Horizonte, e foi entregue no início da década de 1990 pelo ex-prefeito Eduardo Azeredo (PSDB) ao SUS.

Divergências

Ao contrário do que defende os dirigentes da Ajosp e Ascon, o presidente da Coordenação Intersindical dos Servidores Públicos mineiros, Renato Barros, afirmou que o funcionalismo aguarda a publicação do acórdão para ver que medidas tomar. Ele não descartou uma ação coletiva para pedir o ressarcimento dos descontos feitos.

Vilaça atacou o dirigente sindical ao afirmar que Renato Barros sempre foi defensor do Sistema Único de Saúde como presidente do Sindicato dos Servidores da Secretaria de Estado da Saúde (Sindi-Saúde), e por isso não vai fazer nenhum esforço para tentar conscientizar o servidor da importância da contribuição para o Ipsemg. O jornalista também disse que existe uma antiga disputa sindical de representação de categoria entre o Sisipsemg e o Sindi-Saúde, e que agora com o fim do Ipsemg tais objetivos poderão ser atingidos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Eduardo Guimarães: Chega de Papo




Passei o último domingo debruçado sobre a representação que o Movimento dos Sem Mídia fará à Justiça Eleitoral nesta semana e, assim, não acompanhei muito atentamente a abrangência da ofensiva midiática pró-Serra que se abateu sobre o país de sexta-feira para cá. Só agora, lendo o competente trabalho do Luiz Carlos Azenha neste fim de semana, no seu Viomundo, é que me dei conta do que perdi. 

Da pesquisa Datafolha para a capa da Veja com Serra, imitando a capa da Time com Barack Obama, depois a vinheta da Globo, que, a pretexto de comemorar os 45 anos da emissora, imita o slogan da campanha de Serra, “O Brasil pode mais”, e isso a cerca de seis meses da eleição, não acho que exista muito mais o que constatar sobre o uso ilegal até de concessões públicas em prol da candidatura tucana.
Fico imaginando como os barões da mídia e seus leões-de-chácara se divertem em seus convescotes comentando sobre esse interminável espernear da blogosfera, a qual só uma fração minúscula da sociedade lê, enquanto o PT se esconde, trêmulo, em algum canto, sem coragem de denunciar pesquisas falsificadas ou campanha eleitoral ilegal da mídia pró-Serra.
O PT deveria estar fazendo o que fará uma ONG sem dinheiro, presidida por um comerciante que, nas horas vagas, tenta prestar um serviço jornalístico de interesse público custeado com seus parcos recursos financeiros, no qual investe tempo que deveria usar para sobreviver com menos dificuldades. Ou seja: quem deveria representar à Justiça Eleitoral para investigar as pesquisas seria o PT, não o Movimento dos Sem Mídia. 

A tal propaganda de Serra disfarçada de vinheta comemorativa da fundação da Globo deveria ser objeto de declarações fortes dos líderes e da assessoria jurídica da campanha de Dilma, mas essa turma está em transe e apavorada com a onda midiática pró-Serra, feita por um grupo político-partidário-empresarial que zomba da lei e da sociedade.
Minha vontade é a de mandar tudo isto para o inferno e ir cuidar da minha vida, mas não consigo. Seria uma atitude egoísta e burra porque não estou defendendo o PT ou Dilma ou Lula, mas a democracia e o futuro de meus filhos e netos, para que vivam em um país em que cada eleição não se transforme nesse mar de ilegalidades, manipulações e fraudes que estamos vendo. 

Assim, chega de ficar esperneando, chega de chororô. Tenho certeza de que essa pesquisa Datafolha, tanto quanto a anterior, é uma enorme fraude, mas não posso provar. Assim, haverá que investigar TODAS as pesquisas.

A matéria do blog dos Amigos do Presidente Lula revela um indício, mas não prova nada. Por isso, incluiremos sua denúncia na representação tanto quanto as denúncias da Folha contra os institutos Sensus e Vox Populi. A lisura da eleição requer uma investigação e uma auditoria especializada sobre as denúncias dos dois lados e é isso o que o MSM pedirá à Justiça.
Estando as pesquisas sob investigação judicial, acredito que as próximas que Datafolha e Ibope fizerem terão que levar em conta o risco de cometerem um crime federal. Desafiarão a Justiça? Há que pagar para ver. Se acontecer, a sociedade terá que se mobilizar contra essa mídia como nunca fez, com sindicatos, partidos e movimentos sociais indo às ruas para protestar exclusivamente contra a ditadura midiática. 

Continuamos – eu, o dr. Donizeti e outros companheiros – trabalhando de forma frenética na fundamentação jurídica da representação sobre as pesquisas. Ainda teremos que ver como faremos para protocolá-la, porque, em princípio, terá que ser feito em Brasília. 

Aliás, vale explicar que a peça não será dirigida diretamente à Justiça Eleitoral, mas, sim, ao procurador-geral Eleitoral, que é o procurador-geral da República, o doutor Roberto Gurgel. 

Devido aos afazeres profissionais dos diretores do Movimento dos Sem Mídia e devido ao dispêndio de recursos com passagem de avião etc. que haverá se o protocolo tiver que ser feito em Brasília, estamos estudando se um de nós terá como ir ou se conseguiremos protocolar a representação aqui em São Paulo mesmo.
Além disso, quarta-feira será feriado e hoje e amanhã a diretoria do MSM só poderá trabalhar à noite na representação, de forma que estamos imaginando materializá-la na Justiça, no máximo, até sexta-feira, com boas chances de ser na quinta.

É um passo, ao menos uma tentativa de se imprimir um pouco de justiça a uma campanha eleitoral para presidente que promete ser uma das mais injustas que já se viu, comparável às de 1989, de 1994 e de 1998, quando a mídia foi mais atuante contra Lula do que Collor e FHC, os quais puderam contar com uma ajuda midiática totalmente ilegal sem que a Justiça Eleitoral dissesse um A.

Mas estamos em 2010 e o Brasil avançou muito. Se não se pode apostar no partido que deveria representar a parcela da sociedade que integro e que clama por justiça – e não em benefício de grupos políticos, mas da democracia –, há que acreditar em alguma coisa. É o que fará o Movimento dos Sem Mídia apostando na Justiça para coibir essa vergonha, essa imundice, essa ilegalidade que essas empresas de mídia, mancomunadas com Serra e seu partido, estão praticando.

Não agüento mais ficar só constatando, constatando e constatando essa imoralidade tucano-midiática sem fazer nada. Chega de papo, é hora de todo cidadão decente agir em defesa de uma eleição justa, na qual todos tenham as mesmas chances e recursos para que o Brasil eleja presidente aquele que a maioria do eleitorado quiser e não o escolhido de meia dúzia de donos de jornais, rádios, tevês e portais de internet.

DILMA lança blog

Vá à página na web.

www.dilmanaweb.com.br


domingo, 18 de abril de 2010

Dilma coloca Serra no colo de FHC

Fonte: Vermelho

Dilma Rousseff: Compromisso com o futuro

O Brasil é um país sedento de novas ideias, ávido por políticas públicas inovadoras que atendam às suas maiores carências. Quem aspira ao poder deve exibi-las, desde já, em vez de se preocupar apenas em depreciar o que está sendo feito. O salto para o futuro, em construção no presente, exige que se desatem alguns nós que nos prendem ao passado.

por Dilma Rousseff, no Vermelho

Protagonista de um extraordinário enredo de progresso e amadurecimento, o Brasil está diante de um desafio imposto a poucos países. Manter a rota virtuosa traçada nos últimos anos ou pôr um freio às recentes conquistas sociais e econômicas? Promover o salto ainda maior, esperado por uma população que voltou a sonhar alto, ou retroceder aos passos lentos e sofríveis das duas décadas anteriores? Os que me conhecem sabem que, diante dessas indagações, eu fico com as primeiras respostas.

Não se trata de ver o país como uma escala binária entre o certo e o errado, entre o bom e o mau, entre o bonito e o feio. Trata-se de reconhecer a vitalidade de um momento definidor dos rumos do Brasil. Há vinte anos batendo às portas do clube dos países desenvolvidos, estamos a um passo de atravessar o seu umbral. Com estabilidade. Sem sobressaltos.

Poucas nações tiveram a oportunidade posta à disposição do Brasil. Estamos diante de uma versão nacional do Tratado de Kanagawa, firmado entre Japão e Estados Unidos, em 1854, que permitiu aos japoneses iniciar a grande virada em sua industrialização. Ou algo como a etapa seguinte à Guerra da Secessão nos Estados Unidos, quando norte-americanos se viram sob o acúmulo crescente de capital, expansão territorial e revolução nos transportes, a ponto de ultrapassarem os britânicos como a maior economia mundial. Talvez haja semelhança com o passo fundamental das reformas chinesas, iniciadas ao fim da década de 1970 por Deng Xiaoping, que impulsionaram a arrancada capaz de trazer à China a marca do gigante.

Resguardadas as circunstâncias históricas específicas de cada trajetória de desenvolvimento, o Brasil vive o seu momento. Sem se resignar à condição de cópia melhorada, mera reprodução de modelos importados, está construindo sua própria história, a partir das suas necessidades, singularidades e esperanças. Buscamos enterrar, de uma vez por todas, uma marca que se repetia de maneira exasperante: a enorme distância entre o falar e o fazer, entre o discurso e a realidade.

A gigantesca incorporação de grandes contingentes do povo ao mercado de consumo, por via do controle da inflação, das políticas sociais agressivas e da distribuição de renda, mostra que é hora de deixar o passado onde ele deve estar: para trás. Do mesmo modo, pode-se citar o fato de que, no governo Lula, do qual fiz parte, com muito orgulho, o Brasil rompeu a rotina histórica segundo a qual os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento crescerão quando crescerem os países ricos, e entrarão em crise junto com eles. Fomos os últimos a trafegar pelo terreno pantanoso da crise financeira internacional, e os primeiros a atravessá-lo. Repita-se: com estabilidade e sem sobressaltos. E sempre sob a proteção visível da democracia.

Não é boa política ignorar o passado. É preciso coragem para voltar os olhos aos erros cometidos, a fim de evitá-los no futuro. É assim que se constrói algo novo. Políticos que têm legítima ambição de chegar ao poder não podem fingir que caíram de paraquedas no meio da refrega. Como se não tivessem pisado em outros tapetes. Devem, contudo, uma vez esclarecido o que fizeram ou deixaram de fazer em suas trajetórias, voltar-se para o futuro e oferecer propostas ao julgamento do eleitor.

O Brasil é um país sedento de novas ideias, ávido por políticas públicas inovadoras que atendam às suas maiores carências. Quem aspira ao poder deve exibi-las, desde já, em vez de se preocupar apenas em depreciar o que está sendo feito. O salto para o futuro, em construção no presente, exige que se desatem alguns nós que nos prendem ao passado. Não há exemplo mais importante dessa imposição do que o caráter indispensável, fundamental, de uma educação de qualidade.

A educação é um dos gargalos para o desenvolvimento sustentado e para a elevação definitiva do padrão de vida dos brasileiros. O Brasil tem pressa. Enfrentará em breve – e nesse assunto não medimos o tempo por décadas ou anos, mas por meses – os desafios da sociedade do conhecimento. Precisa superar um atraso de raiz secular e, ao mesmo tempo, saltar para um futuro de acesso pleno, democrático, popular, à educação, ao ensino, à informação. Com rapidez. Sem pestanejar.

O governo Lula lançou as bases para essa nova etapa do desenvolvimento brasileiro. Retirou a política educacional de um estado de lassidão e a levou a uma mudança de paradigma. Ainda que se deva reconhecer que no governo anterior houve significativo investimento no aumento da escolaridade, no incremento do número de matrículas e na efetiva implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, na virada do milênio esses acertos se mostraram escassos para a exigência da nação. Houve negligência em relação ao ensino médio, estagnação do ensino técnico, paralisia das universidades públicas – com a duvidosa contrapartida de uma concepção privatista da educação, estimulando a criação desenfreada de escolas e faculdades particulares.

Lula reconstruiu a gestão da educação brasileira. Corrigiu a política da indiferença e estabeleceu novas prioridades – menos teóricas do que práticas, realizadas de fato ao longo de seu governo: uma política integrada de ensino, da creche à universidade; universalização da educação básica de qualidade; democratização do acesso ao ensino; garantia de permanência dos alunos na escola; superação da exclusão por classe social, etnia ou gênero; fortalecimento da relação do ensino com o trabalho; e, por último, mas, no entanto, mais importante, valorização dos profissionais da educação.

A revolução na educação brasileira não está marcada para começar no ano que vem. Começou com Lula, a partir de tudo o que havia sido construído antes dele, e a despeito de tudo o que se deixou de fazer antes que ele chegasse à Presidência. Política educacional – boa ou má – demora a mostrar resultados, e não pode ser feita aos soluços, mas como processo, caminhada constante. O espaço deste artigo, mesmo que generoso, não é suficiente para enumerar o que se fez nos últimos sete anos pela educação. A campanha eleitoral oferecerá o tempo necessário. O mais oportuno, aqui, é falar do próximo grande passo. O pulo do gato, talvez. O movimento que pode significar a diferença entre um salto para o futuro e uma volta à estagnação.

Assegurada a continuação das mudanças implantadas por Lula, a revolução evoluirá naturalmente para a ampla democracia no acesso à informação, à tecnologia, à cultura e, para usar a expressão mais contemporânea que resume tudo isso, ao conhecimento. O próximo grande passo é o pleno direito popular de acesso à internet em alta velocidade. Quanto maior a capacidade de um povo de processar informações complexas, mais conhecimento, riqueza e poder esse povo terá. A inclusão digital é uma exigência econômica, social e cultural, imprescindível para a competição entre os países e para as necessidades dos cidadãos.

Há enormes desigualdades a vencer nesse campo. Tão acentuadas ou até maiores que as que separam os brasileiros pobres e ricos em outros ramos de atividade. Mas nós temos um compromisso: superar a exclusão digital e, já numa primeira etapa, democratizar e universalizar o uso da internet de maneira massiva nas escolas públicas de todo o país. Nós temos os meios e os recursos para promover a revolução digital na educação. Teremos, inclusive, amparo legislativo, com uma lei, de autoria do senador do meu partido, Aloizio Mercadante, que prevê o uso intensivo de banda larga e a produção de material didático digitalizado em todas as escolas públicas.

Não vai demorar muito para que o Brasil seja, também, um país democrático quanto ao acesso pleno à informação. Essa revolução já começou nas escolas. E levará sua riqueza para todos os professores e estudantes do país.

*Dilma Rousseff é candidata do PT à Presidência da República

MSM denunciará crime eleitoral



Fonte: Cidadania.com

Faço saber, a quem possa interessar, que o Movimento dos Sem Mídia, organização não-governamental da sociedade civil constituída em 13 de outubro de 2007 em assembléia-geral integrada por 52 sócios fundadores e que conta com 137 filiados, ingressará na Justiça Eleitoral com pedido de investigação dos seguintes fatos:

Em 27 de março deste ano, foi divulgada pesquisa eleitoral do instituto Datafolha que versou sobre a intenção de voto do eleitorado para o cargo de presidente da República. A sondagem apontou diferenças de 9 e de 10 pontos percentuais entre os pré-candidatos José Serra e Dilma Rousseff, em favor do primeiro, nos dois cenários principais apresentados aos pesquisados.

Sete dias depois (em 3 de abril), houve divulgação de pesquisa Vox Populi que revelou quadro bem diferente, com diferença de 3 e de 5 pontos, de acordo com o cenário de postulantes ao cargo de presidente, em favor do candidato do PSDB. No mesmo dia, o jornal Folha de São Paulo, proprietário do instituto Datafolha, publica denúncia de que o “tipo de questionário” apresentado pelo instituto concorrente aos pesquisados “é conhecido por distorcer resultados”.

Nos dias seguintes, a diferença dos levantamentos estatísticos e a denúncia da Folha provocaram uma vastidão de matérias na imprensa, com acusações tanto ao Datafolha quanto ao Vox Populi, sendo que as acusações do maior jornal do país tiveram espaço quase exclusivo nos grandes meios de comunicação.

Em 13 de abril, o instituto Sensus divulgou nova pesquisa sobre a sucessão presidencial mostrando quadro diametralmente diferente do apurado pelo instituto Datafolha. Nessa pesquisa, a diferença entre os pré-candidatos Dilma e Serra reduziu-se dos 9 e 10 pontos percentuais detectados pelo Datafolha 10 dias antes, para 0,4 e 2,8 pontos nos dois respectivos cenários pesquisados.

A Folha de São Paulo, então, produziu acusações ainda mais sérias em sucessivas matérias largamente reproduzidas por toda a grande imprensa e que levaram o PSDB a entrar na Justiça Eleitoral contra o Sensus, requisitando as fichas das entrevistas da pesquisa para análise de especialistas contratados pelo partido. E, no último dia 16, a mesma imprensa e o mesmo partido político denunciaram supostas manobras protelatórias do instituto para fornecer os dados requeridos pela Justiça Eleitoral.

Finalmente, na última sexta-feira (16 de abril de 2010), o site da revista Veja divulgou, antes do jornal dono do instituto Datafolha, pesquisa deste instituto sobre a sucessão presidencial. A pesquisa mostrou resultado gravemente diferente do que foi apurado pelo Sensus e divulgado 3 dias antes. O Datafolha afirma que a diferença em favor de Serra seria, agora, de 10 e 12 pontos percentuais.

Não existe a menor dúvida de que um ou mais de um desses institutos de pesquisa (Datafolha, Sensus ou Vox Populi) cometeu um legítimo crime eleitoral. Existe até denúncia, amplamente comentada na imprensa, nesse mesmo sentido. Esse fato gera intranqüilidade social e tem um poder enorme de influir nos rumos da eleição.

A LEI Nº 9.504, de 30 DE SETEMBRO DE 1997, Art.33, § 4º, reza que “A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR”.

Diante do exposto, reitero a informação de que o Movimento dos Sem Mídia pedirá à Justiça Eleitoral investigação rigorosa dos fatos supra mencionados, o que fará em benefício da ordem pública e da segurança da sociedade de que a eleição deste ano transcorrerá sob a égide da democracia e da justiça.

Escrito por Eduardo Guimarães às 10h38

Dilma X Serra

sábado, 17 de abril de 2010

One Night

The Corrs



Discurso impecável em defesa dos Professores




No discurso do Ver. Gabriel Chalita na câmara de vereadores de da cidade de São Paulo em retrata como os professores tem sido humilhados na gestão do Governador José Serra.



No entanto, esse processo de humilhação da classe vem aumentando, não podemos esquecer que o mesmo vereador foi secretário de estado da educação de São Paulo de um governo do PSDB e que não tratou melhor os professores.


Porém, esse descaso atingiu o auge na gestão falaciosa de José Serra.

Greve da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais

Desde o dia 08/04, em assembléia realizada pelos profissionais da educação de Minas Gerais, se encontra em greve boa parte da categoria. Outra assembléia foi realizada no dia 15/04 e mais uma vez aprovaram a continuação da greve. Está marcada para o dia 21/04 assembléia que se realizará na cidade de São João Del-Rei.

Esse é o legado deixado por Aécio Neves, arrocho salarial, sucateamento da educação, e dos serviços públicos como o IPSEMG, uma tentativa de privatizar os serviços,  entre outros. Basta, tucanos nunca mais! La Neves Vá.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Lula é o cara

Enquanto FHC vivia de joelhos diante do FMI em busca de empréstimos e, em troca, se comprometia em privatizar tudo que conseguisse e, além disso, retirar direitos sociais, o Governo do Presidente Lula não só pagou a dívida com o FMI, mas agora é credor do mesmo.

PRIMEIRA VEZ

Crônica de Luiz Fernando Veríssimo


30 de abril de 1997

Tenho um amigo (fictício, mas típico) chamado Mauricinho que anda perplexo. Ele é um jovem profissional urbano em ascensão e noutro dia me telefonou, agitadíssimo. “Liga a televisão! Liga a televisão!”

Liguei, no canal que ele mandou, e lá estava um grupo de pessoas enfrentando a polícia para protestar contra a venda da Vale. Algumas até apanhando. Mauricinho queria saber o que era aquilo. Eram malucos?

Não, não, expliquei. Eram pessoas que simplesmente não concordavam com a venda da Vale do Rio Doce, estavam indignadas e, por isso, protestavam.

“Mas por que?”, insistiu Mauricinho.

Respirei fundo e comecei a explicar que o assunto era controvertido, que muita gente achava que a privatização da Vale... Mas Mauricinho me interrompeu. Não ligava para o assunto, estava intrigado com as pessoas. Por que elas se comportavam daquele jeito? Eram pagas para enfrentar a polícia?

– Não – respondi. – que eu saiba, não.

– O que elas ganham se a Vale não for privatizada?

– Diretamente, nada.

O silêncio do outro lado da linha significava que Mauricinho estava pensando. Esperei o fim do processo. Dali a pouco, ele veio:

– Artes marciais! Viram uma oportunidade para treinar artes marciais e...

– Não Mauricinho. Estavam lá por princípios, por um ideal.

– Um que?

– Um ideal. Você também não tem um ideal?

– Tenho.

– E não brigaria por ele?

– Claro.

O ideal do Mauricinho é ter uma BMW antes dos 30. Não tive jeito de explicar ao Mauricinho por que alguém faria tanto esforço por algo menos que uma BMW antes dos trinta. Não podia esperar que ele entendesse mesmo. Mauricinho tem 25 anos e, em toda a sua vida, foi a primeira vez que viu uma ação desinteressada.

terça-feira, 13 de abril de 2010

SURREALISMO

Fonte: Novo Jornal
Por Geraldo Elísio

"Um povo corrompido não pode tolerar um governo que não seja corrupto." - Marquês de Maricá

O surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido em Paris nos anos 20 , influenciado pelas teorias psicanalíticas de Freud e enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Seus representantes mais conhecidos são Magritte e Salvador Dali, nas artes plásticas, André Breton, na litereatura, e Luis Buñuel, no cinema.

Mas parece ter sido no Brasil que esta corrente ganhou maior campo. Este veterano repórter foi surpreendido no último final de semana com uma conversa surrealista, inclusive de parlamentarres. O grupo formado por dirigentes empresariais e políticos comentava sobre “o perigo que representará a eleição do delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiros”, a deputado federal por São Paulo. “Ele sabe muito e poderá atrapalhar muitos esquemas”.

Estranho este Brasil onde todos reclamam contra a corrupção, mas com ela são condescendentes desde que de certa forma os beneficie ou a grupos de amigos, beneficiando interesses individuais ou coletivos. O delegado Protógenes Queiroz é um perigo” porque desvendou o grande esquema de corrupção , montado no Brasil. O interessante é que ninguém do grupo viu a corrupção como um perigo.

Que bom seria se além do delegado Protógenes Queiroz, também o juiz federal Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Criminal de São Paulo também deixasse a toga de lado- embora a sua presença no Judiciário seja de extrema importância – e se candidatasse a um cargo eletivo. E que seus exemplos se frutificassem por todo o Brasil.

Mas aí reconheço que já estou começando a viajar na maionese, querer neste Brasil surreal um contingente de políticos íntegros, competentes, honestos e transparentes, preocupados com o futuro do Brasil, desejosos de legar aos pósteros não apenas um País, mas indo mas além disto deixar de herança uma Nação. Correto sei que estou em pensar como eles.

Mas também vou acabar superando – óbvio que não em talento – o surrealismo de Magritte, Dali, Breton e Buñuel. Vão acabar me internando em alguma casa de saúde mental . Onde já se viu? Pensar num Brasil sem corrupção!

E que ninguém duvide se as minhas despesas acabarem sendo financiadas, mesmo contra a minha vontade, por um “caritativo banqueiro-condenado” chamado Daniel Dantas. Afinal tudo é possível no surrealismo deste Brasil, onde a eventual eleição de um homem íntegro como o delegado Protógenes Queiroz causa espécie a políticos e empresários corajosos que em momento algum temem a corrupção.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.

geraldo.elisio@novojornal.com

Sergio Telles: Guerra suja na internet derruba site do PT

Fonte: Vi o Mundo
Ontem à noite, quem foi ao Google buscar a página oficial do Partido dos Trabalhadores encontrou a seguinte mensagem:



Veja você mesmo, neste link.

Mesmo que você digitar o endereço, não tem acesso ao site. Ou seja, foi derrubado.

Segundo o Sergio Telles, é mais uma ação da guerra suja movida por partidários de José Serra na rede:

Ele escreveu que “algum ou um grupo de hackers tucanos desocupados, resolveram atacar em massa sites relacionados ao PT, inclusive retirando do ar o Portal do PT até esse momento. Por conta desse ataque, todos os atacados estão com um alerta de malware. Só que excetuando o Portal do PT, os demais sites estão completamente normais. Esse é um caso sério de cerceamento da liberdade de expressão, do acesso à informação (o link fica no Google taxado como “sujo” e claro ninguém mais o acessa a partir de então). Joguinho de MUITA maldade dos tucanos. Infame, mostra a coisa ruim que são para o Brasil e para a democracia”.

Vá ao blog do Sergio Telles, que aparecia assim no Google:

Tropa de Elite: O PIG se organiza para apoiar Serra

Fonte: Rede Brasil Atual
Diante da popularidade do governo que combate há oito anos, a imprensa conservadora se organiza como nunca para tentar evitar nova indigestão eleitoral

Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual

Publicado em 12/04/2010



Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, foi um dos participantes do fórum do Instituto Millenium em defesa da liberdade de expressão (Fotos: Divulgação)

Durante 12 horas de uma segunda-feira, 1º de março, colunistas e comentaristas de alguns dos veículos de comunicação comercial de maior tiragem e audiência no país estiveram reunidos em São Paulo para um tipo de discussão inédito, em um hotel num bairro nobre da cidade. O 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão tinha, como cerne, debater “constantes ameaças” exercidas especialmente por governos sul-americanos – incluindo o brasileiro.

Dois altos comandantes de empresas de comunicação participaram – Roberto Civita, do Grupo Abril, e Otavio Frias Filho, da Folha de S.Paulo. As exposições mais proeminentes, porém, couberam a quem é contratado para emitir opiniões. O geógrafo Demétrio Magnoli (revista Época e Folha), o cineasta Arnaldo Jabor (Jornal da Globo e Rádio CBN), o jornalista Reinaldo Azevedo (Veja Online), o filósofo Denis Rosenfield e outros articulistas protagonizaram as duras acusações ao governo federal, à esquerda e ao PT, no que diz respeito a “atentar contra a liberdade de expressão, de imprensa e a democracia”.

Junto de representantes de empresas de comunicação sul-americanas e de jornalistas como William Waack (Jornal da Globo e Globonews), Carlos Alberto Di Franco (Estadão) e Carlos Alberto Sardenberg (CBN e Globonews) ofereceram um receituário informal para a cobertura do pleito. O conjunto de recomendações funcionaria como um guia sobre como se posicionar, política e partidariamente, durante as eleições presidenciais deste ano.

“Parece-me que, pela primeira vez de uma forma pública, houve um evento com espaço para articular uma pauta”, avalia Cristina Charão, membro do Coletivo Intervozes e editora do Observatório Direito à Comunicação. “Não é só eleitoral, é uma pauta programática”, completa. Ela pondera que, antes, apenas em encontros de entidades patronais, como a Associação Nacional de Jornais (ANJ), empresários do setor se reuniam, mas sem delimitar tão claramente uma plataforma. Desta vez, até os vídeos das palestras estão no YouTube.



"A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo" Arnaldo Jabor








"A imprensa tem que acabar com o isentismo e o outroladismo, essa história de dar o mesmo espaço a todos" Reinaldo Azevedo








"Se o Serra ganhasse, faríamos uma festa em termos das liberdades. Mas a perspectiva é de que a Dilma vença" Demétrio Magnoli








"Observamos no Brasil tendências cada vez maiores de cerceamento da liberdade de expressão. O projeto é claro" Denis Rosenfield








"Eu sou socialdemocrata, tenho simpatia pelo PSDB. Não tenho nenhuma vergonha de dizer isso. Sou oposição hoje. Totalmente" Marcelo Madureira



Questão de projeto

O organizador do evento foi o Instituto Millenium, associação constituída em 2006 e hoje com status de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Orgulha-se de não receber dinheiro público e lista, entre os colaboradores financeiros, João Roberto Marinho, Jorge Gerdau Johannpeter e Roberto Civita. A ONG assume posições claras de defesa de livre mercado, propriedade privada, democracia representativa, “sem caráter partidário”.

Alguns pontos dessa agenda são: nada de democracia participativa, de políticas de ações afirmativas (como cotas), de presença do Estado na economia ou de constituição de algum mecanismo de controle da sociedade sobre o que se produz em termos de comunicação social, sobretudo aquela veiculada por meio de concessões públicas, como emissoras de rádio e TV. Ou, como definiu Rosenfield, articulista do Estadão e da Folha: “Observamos no Brasil tendências cada vez maiores de cerceamento da liberdade de expressão (...). O projeto é claro. Só não vê coerência quem não quer”, afirma.

Aliás, mesmo o compromisso das empresas de comunicação comercial com os valores tão caros aos participantes do fórum chegou a ser questionados. Reinaldo Azevedo, blogueiro da Veja, alertou os colegas que a “guerra da democracia do lado de cá” está sendo perdida. Para mudar? “Na hora em que a imprensa decidir e passar a defender os valores que são da democracia, da economia de mercado e do individualismo, e que não se vai dar trela para quem a quer solapar, começaremos a mudar uma certa cultura”, previu.

Demétrio Magnoli contribuiu para apontar a direção almejada. “Se o Serra ganhasse, faríamos uma festa em termos das liberdades. Seria ruim para os fumantes, mas mudaria muito em relação à liberdade de expressão. Mas a perspectiva é de que a Dilma vença”, lamentou.

O humorista Marcelo Madureira assinalou em seu depoimento que “como cidadão se sente ameaçado” naquilo que lhe é mais caro, por ter representado “a luta da minha vida por viver num país democrático”. O casseta não poupou críticas a Lula – “o presidente da República faz da mentira prática política” – e admitiu sua preferência partidária: “Eu sou socialdemocrata, tenho simpatia pelo PSDB. Não tenho nenhuma vergonha de dizer isso. Eu sou oposição hoje. Totalmente”.

Longe dali, o jornalista e professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) Bernardo Kucinski, colaborador da Revista do Brasil, acredita que se trata de uma tentativa artificial de os empresários da comunicação dizerem que há censura no Brasil por parte do Estado. “Os setores conservadores querem se antecipar a um debate que deve ser feito, que é inevitável, que é o debate do oligopólio dos meios de comunicação”, resume, em entrevista à revista Fórum. “Então eles exacerbam o discurso, que se torna cada vez mais agressivo, raivoso.” Para Kucinski, a afirmação de que há censura no Brasil ou ameaças às liberdades de imprensa não procedem. Segundo ele, houve casos em que o Judiciário manifestou-se em relação a alguns veículos. “Liberdade de quem? É só discurso pela liberdade empresarial”, alfineta.


Partidarismo?

A partir de 2005, quando alguns dos principais expoentes do governo Lula sofriam um bombardeio de acusações, defensores do governo foram progressivamente se inclinando a um discurso de enfrentamento à mídia. Refutavam denúncias atribuindo-lhes caráter de golpismo e defesa de interesses da elite brasileira. A expressão mais famosa foi cunhada pelo deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), e tornada famosa na blogosfera após adoção pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, em seu Conversa Afiada: Partido da Imprensa Golpista, o PIG.

Agora, passado o encontro de 1º de março, ganharam novo ímpeto as acusações de conspiração por parte da mídia. Um dos relatos mais detalhados, que poderia até soar como teoria da conspiração se não tivesse tantas aplicações práticas no dia a dia da imprensa, é assinado pelo jornalista Mauro Carrara, que nomeia como “Tempestade no Cerrado” uma nova operação de bombardeio midiático sobre o governo Lula. A paródia de “Tempestade no Deserto”, ação militar dos Estados Unidos na primeira Guerra do Golfo, em 1990, envolveria ataques por frentes variadas e com intensidade – como resgatar o “mensalão”, vincular Lula ao Irã e a Cuba, destacar notícias econômicas negativas, e por aí afora.

O professor Venício Lima, do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília (UnB), pondera: “Como no Brasil não há restrições à propriedade cruzada de tipos de canais, os conglomerados são multimídia – donos de jornais, rádios, TVs e grandes portais –, o que reduz o número de empresas a poucos grupos em todo o país”, lembra. O professor organizou um livro sobre o papel dos principais veículos na campanha de 2006, incluindo três estudos quantitativos – do Observatório Brasileiro de Mídia, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP) – a respeito da cobertura. Todos indicaram predisposição para favorecer o então candidato da oposição, Geraldo Alckmin (PSDB).

Para Venício, seria uma conduta de lealdade, honestidade e correção ética se a mídia assumisse a preferência por seus candidatos, prática de exceção no Brasil, adotada apenas por O Estado de S. Paulo, entre a mídia convencional. Ou por Carta Capital, entre as revistas comerciais, e esta RdB, em 2006 – a exemplo do que fazem veículos importantes nos Estados Unidos.

“É uma situação mais ou menos invertida em relação ao Brasil: lá (nos EUA), ao assumir o apoio, há um esforço para que essa posição não contamine a cobertura jornalística”, aponta Venício. “Aqui, os grupos de mídia, embora não declarem abertamente o apoio a um candidato, essa posição fica cada vez mais explícita por contaminar a cobertura. Mesmo assim há uma certa subestimação da capacidade crítica do público, de que adotam conduta imparcial”, compara.

Em outros momentos da história política recente do país, as grandes coberturas da imprensa não davam indicações de haver uma articulação orquestrada. O chamado “pensamento único” em relação a temas como privatizações, flexibilização de direitos trabalhistas, liberdade para o próprio mercado ditar os rumos da economia etc. parecia fluir de um entendimento tácito. Agora, o fórum do Instituto Millenium expõe uma conduta organizada e inédita. Os desdobramentos dessa articulação poderão ser acompanhados com a chegada da temporada eleitoral. E qual será o peso dessa unidade frente ao potencial da internet de multiplicar o acesso à informação – em ascensão inclusive nas classes C e D? A conferir, nos próximos capítulos.

Cartilha ou coincidência?

O 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão explicitou posições políticas da mídia conservadora. Há quem diga que o receituário sempre esteve presente no noticiário. Outros apostam num recrudescimento do chamado “pensamento único” a partir dessa articulação inédita em torno de pautas como:

• 
“Novo comando do PT ataca mídia na 1ª reunião” (O Globo, 6/3/2010: “A cúpula do PT está disposta a intensificar o debate ideológico sobre o papel da mídia na cobertura da campanha presidencial”).

• 
“Liberdade em risco” (Zero Hora, 6/3/2010, em editorial: “As constantes tentativas de interferência na atuação da imprensa têm mais defensores entre integrantes do Partido dos Trabalhadores do que no governo”).

Críticas à política externa

• 
“Presidente é cúmplice da tirania, afirma grevista” (Folha, 10/3/2010, sobre comportamento de Lula em visita a Cuba).

• 
“Defesa do Teerã reforça isolamento brasileiro” (Folha, 4/3/2010, análise aponta “soberba” da política externa por defender diálogo com o Irã mesmo frente a Hillary Clinton, secretária de Estado norte-americana).

Desqualificar Dilma Rousseff

• “A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo” (fala de Arnaldo Jabor, no fórum).

• “Novata, Dilma obedece aos veteranos do PT” (Folha, 21/3/2010. Direta como a reportagem, uma charge mostrava Dilma como uma marionete controlada pelos tais “veteranos”).

Assumir posição eleitoral

• “A imprensa tem que acabar com o isentismo (sic) e o outroladismo (sic), essa história de dar o mesmo espaço a todos” (fala de Reinaldo Azevedo no fórum).

• “Serra vai se lançar candidato defendendo ‘Estado ativo’” (Estadão, 13/3/2010, manchete da edição que inaugurava o novo projeto visual. “Sinceridade, serenidade, crítica sem agressão, propostas no lugar de promessas são as linhas gerais da campanha presidencial do governador de São Paulo, José Serra”).

• “Enfim, candidato! Serra admite na TV que concorrerá à Presidência” (Veja, 22/3/2010).

• “Serra comemora aniversário em meio à agenda intensa” (Folha Online, 19/3/2010. “Nem mesmo em seu aniversário o governador deixará sua agenda pública de lado, que nos últimos dias anda cheia por conta das obras e realizações que pretende inaugurar antes do prazo máximo para a desincompatibilização do cargo para a disputa eleitoral, no início de abril”).

Combater intervenções do Estado

• “Banda larga é eleitoral” (Estadão, 13/3/2010. Ethevaldo Siqueira, articulista de tecnologia, critica a proposta de uso de redes públicas de fibra óptica para fornecer acesso à internet em alta velocidade a todo o país).

Carta aberta de Brizola Neto a José Serra: o Brasil não pode mais

Li boa parte de seu discurso, senhor José Serra. Talvez eu seja hoje o que o senhor foi, na minha idade, quando era um jovem, que presidia a União Nacional dos Estudantes e apoiava o governo João Goulart no Comício da Central. Quando o senhor defendia o socialismo que hoje condena, o patriotismo que hoje trai, o desenvolvimento autônomo do Brasil do qual hoje o senhor debocha.


Por Brizola Neto, no blog Tijolaço

O senhor, como Fernando Henrique, é útil aos donos do Brasil — sim, Serra, o Brasil tem donos, porque 1% dos brasileiros mais ricos tem o mesmo que todos os 50% mais pobres — porque foi diferente no passado e, hoje, cobre-se do que foi para que não lhe vejam o que é.

O símbolo do Brasil que não pode mais, que não pode ser mais como o fizeram.

Não pode mais o Brasil ser das elites, porque nossas elites, salvo exceções, desprezam nosso povo, acham-no chinfrim, malandro, preguiçoso, sujo, desonesto, marginal. Têm nojo dele, fecham-lhe os vidros com película para nem serem vistos.

Não pode mais ser o país das elites, porque nossas elites, em geral, não hesitam em vender tudo o que este país possui — como o senhor, aliás, incentivou fazer — para que a “raça superior” venha aqui e explore nossas riquezas de maneira “eficiente” e “lucrativa”. Para eles, é claro, e para os que vivem de suas migalhas.

Não pode mais ser o Brasil dos governantes arrogantes, como o senhor, que falam de cima — quando falam — que empolam o discurso para que, numa língua sofisticada, que o povo não entende, negociem o que pertence a todos em benefício de alguns.

Não pode mais ser o país dos sábios que, de tão sabidos, fizeram ajoelhar este gigante perante o mundo e nos tornaram servos de uma ordem econômica e políticas injustas. O país dos governantes “cultos”, que sabem miar em francês e dizer “sim, senhor” em inglês.

Não pode mais ser o país do desenvolvimento a conta-gotas, do superávit acima de tudo, dos juros mais acima de tudo ainda, dos lucros acima do povo, do mercado acima da felicidade, do dinheiro acima do ser humano.

O Brasil pode hoje mais do que pôde no governo do que o senhor fez parte.

Pôde enfrentar a mais devastadora crise econômica mundial aumentando salário, renda, consumo, produção, emprego quando passamos décadas ouvindo, diante numa crise na Malásia ou na Tailândia que era preciso arrochar mais o povo.

Pôde falar de igual para igual no mundo, pôde retomar seu petróleo, pôde parar de demitir, pôde retomar investimentos públicos, pôde voltar a investir em moradia, em saneamento, em hidrelétricas, em portos, em ferrovias, em gasodutos. Pôde ampliar o acesso à educação, ainda que abaixo do que mereça o povo, pôde fazer imensas massas de excluídos ingressarem no mundo do consumo e terem direito a sonhar.

Pôde, sim, assumir o papel que cabe no mundo a um grande país, líder de seus irmãos latino-americanos.

O Brasil pôde ser, finalmente, o país em que seu povo não se sente um pária. Um país onde o progresso não é mais sinônimo de infelicidade.

É por isso, Serra, que o Brasil não pode mais andar para trás. Não pode voltar para as mãos de gente tão arrogante com seu povo e tão dócil aos graúdos. Não pode mais ser governado por gente fria, que não sente a dor alheia e não é ansiosa e aflita por mudar.

Não pode mais, Serra, não pode mais ser governado por gente que renegou seus anos mais generosos, mais valentes, mais decididos e que entregou seus sonhos ao pragmatismo, que disfarça de si mesmo sua capitulação ao inimigo em nome do discurso moderno, como se pudesse ser moderno aquilo que é apoiado pelo Brasil mais retrógrado, elitista, escravocrata, reacionário.

Há gente assim no apoio a Lula e a Dilma, por razões de conveniência-político eleitoral, sim. Mas há duzentas vezes mais a seu lado, sem qualquer razão senão a de ver que sua candidatura e sua eleição são a forma de barrar a ascensão da “ralé”. Onde houver um brasileiro empedernidamente reacionário, haverá um eleitor seu, José Serra.

Normalmente não falaria assim a um homem mais velho, não cometeria tal ousadia.

Mas sinto esta necessidade, além de mim, além de minha timidez natural, além de minha própria insuficiência. Sinto-me na obrigação de ser a voz do teu passado, José Serra. É um jovem que a Deus só pede que suas convicções não lhes caiam como o tempo faz cair aos cabelos, que suas causas não fraquejem como o tempo faz fraquejar o corpo, que seu amor ao povo brasileiro sobreviva como a paixão da vida inteira. Que o conhecimento, que o tempo há de trazer, não seja o capital de meu sucesso, mas ferramenta do futuro.

Vi um homem, já idoso, enfrentar derrotas eleitorais e morrer como um vitorioso, por jamais ter traído as ideias que defendeu. Erros, todo humano os comete. Traição, porém, é o assassinato de nós mesmos. Matamos quem fomos em troca de um novo papel.

Talvez venha daí sua dificuldade de dormir.

Na remota hipótese de vencer as eleições, José Serra, o senhor será o derrotado. O senhor é o algoz dos seus melhores sonhos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O PSDB acha que o Povo Fede?

Por que a imprensa (PIG) apoia Serra?



Modernidade

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!

Estamos construindo super-homens e super mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...

A palavra hoje é 'entretenimento'; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o

apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro,você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem

resiste, aumenta a neurose.

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante,

neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping-center. É curioso: a maioria dos shoppings-centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Deve-se passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático.' Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz !"

Frei Betto

domingo, 11 de abril de 2010

Dilma: “Democrata que se preza não bate em manifestantes”

Fonte: Vi o Mundo

Discurso da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) durante encontro nesse sábado, 10 de abril, com sindicalistas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo

“Estou aqui hoje e quero aproveitar este momento para me identificar com maior clareza. Os da oposição precisam dizer quem são. Vocês sabem quem eu sou, e vão saber ainda mais. O que eu fiz, o que planejo fazer e, uma coisa muito importante, o que eu não faço de jeito nenhum. Por isso gostaria de dizer que:

1 Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Só segui o que a minha alma e o meu coração mandavam. Nunca me submeti. Nunca abandonei o barco.

2 Eu não sou de esmorecer. Vocês não me verão entregando os pontos, desistindo, jogando a toalha. Vou lutar até o fim por aquilo em que acredito. Estarei velhinha, ao lado dos meus netos, mas lutando sempre pelos meus princípios. Por um País desenvolvido com oportunidades para todos, com renda e mobilidade social, soberano e democrático;

3 Eu não apelo. Vocês não verão Dilma Rousseff usando métodos desonestos e eticamente condenáveis para ganhar ou vencer. Não me verão usando mercenários para caluniar e difamar adversários. Não me verão fazendo ou permitindo que meus seguidores cometam ataques pessoais a ninguém. Minhas críticas serão duras, mas serão políticas e civilizadas. Mesmo que eu seja alvo de ataques difamantes.

4 Eu não traio o povo brasileiro. Tudo o que eu fiz em política sempre foi em defesa do povo brasileiro. Eu nunca traí os interesses e os direitos do povo. E nunca trairei. Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que afirmei ou escrevi. O povo brasleiro é a minha bússola. A eles dedico meu maior esforço. É por eles que qualquer sacrifício vale a pena.

5 Eu não entrego o meu país. Tenham certeza de que nunca, jamais me verão tomando decisões ou assumindo posições que signifiquem a entrega das riquezas nacionais a quem quer que seja. Não vou destruir o estado, diminuindo seu papel a ponto de tornar-se omisso e inexistente. Não permitirei, se tiver forças para isto, que o patrimônio nacional, representado por suas riquezas naturais e suas empresas públicas, seja dilapidado e partido em pedaços . O estado deve estar a serviço do interesse nacional e da emancipação do povo brasileiro.

6 Eu respeito os movimenos sociais. Esteja onde estiver, respeitarei sempre os movimentos sociais, o movimento sindical, as organizações independentes do povo. Farei isso porque entendo que os movimentos sociais são a base de uma sociedade verdadeiramente democrática. Defendo com unhas e dentes a democracia representativa e vejo nela uma das mais importantes conquistas da humanidade. Tendo passado tudo o que passei justamente pela falta de liberdade e por estar lutando pela liberdade, valorizo e defenderei a democracia. Defendo também que democracia é voto, é opinião. Mas democracia é também conquista de direitos e oportunidades. É participação, é distribuição de renda, é divisão de poder. A democracia que desrespeita os movimentos sociais fica comprometida e precisa mudar para não definhar. O que estamos fazendo no governo Lula e continuaremos fazendo é garantir que todos sejam ouvidos.

Democrata que se preza não agride os movimentos sociais. Não trata grevistas como caso de polícia. Não bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos.

Companheiras e companheiros,

Aquele país triste, da estagnação e do desemprego, ficou pra trás. O povo brasileiro não quer esse passado de volta.

Acabou o tempo dos exterminadores de emprego, dos exterminadores de futuro. O tempo agora é dos criadores de emprego, dos criadores de futuro.

Porque, hoje, o Brasil é um país que sabe o quer, sabe aonde quer chegar e conhece o caminho. É o caminho que Lula nos mostrou e por ele vamos prosseguir. Avançando.

Com a força do povo e a graça de Deus.

Nos Cinemas: A Queda




quinta-feira, 8 de abril de 2010

Empresa ligada a tucanos registra domínio para atacar Dilma e PT

Fonte: Vermelho

Pelo que se desenha, antes mesmo de começar, a campanha eleitoral deste ano irá derrubar velhos conceitos sobre como fazer uma campanha política na Internet. O deputado Brizola Neto (PDT-RJ) postou mensagem no Twitter, informando que uma empresa de informática estaria registrando domínios na Internet com objetivo de criar sites com o intuito específico de atacar a candidatura presidencial da ex-ministra Dilma Rousseff (PT).”


por Por Luis Sucupira

para o site Convergência Digital

Pelo apurado a empresa é detentora de um domínio criado para realçar as qualidades do candidato do PSDB na Internet (www.amigosdoserra.com.br), o que supostamente a vincula com a candidatura tucana. A empresa também registrou dois outros endereços eletrônicos, deixando clara a intenção de atacar a imagem da candidata do PT à Presidência da República. O mais grave, foi ter supostamente usado CNPJs diferentes nos registros de domínios. Os CNPJs pesquisados no site da Receita Federal aparecem como "inexistentes". A DDM também atende pelo nome "Duo Database Marketing Serviços e Sistemas Ltda" e seu endereço eletrônico é www.ddm.com.br. O curioso é que tanto os seus CNPJs, quanto os endereços comerciais deixam margem para dúvidas sobre suas existências por serem imprecisos e/ou incorretos. Estão registrados no nome da empresa os seguintes domínios na Internet: - amigosdoserra.com.br- dilmanao.com.br - gentequemente.com.br - joseserraoficial.com.br - jotaserra.com.br - jozeserra.com.br - jserra.com.br.

CNPJs e telefones inválidos – por que e para quê?

Na Receita Federal, quando pesquisado o CNPJ da empresa DDM (05/04) usado junto ao Registro.br - do Comitê Gestor da Internet do Brasil - (n° 066.514.423/0001-38) ele foi apontado como inexistente. Hoje à tarde ele aparece como válido. (Aliás, o Comitê Gestor da Internet deveria ter um software que rejeitasse CNPJs falsos – é a máxima da casa de ferreiro espeto de pau). Também com CNPJs inexistentes, a DDM teria registrado os domínios: "www.dilmanao.com.br" – "www.gentequemente.com.br" e "www.amigosdoserra.com.br"; com o CNPJ n°000.660.111/0001-24, inválido até ontem (05/04), hoje à tarde aparece como CNPJ válido. O telefone para contato com a empresa também chama a atenção: (11 - 11111111). Além disso, a empresa informa dois endereços comerciais diferentes.

Mas não é só a empresa DDM que está atrás de confusão. O Instituto Social Democrata (do PSDB), também mantém um domínio na web que, servirá para atacar diretamente aos adversários ao longo da campanha (www.petralhas.com.br). O candidato José Serra conta ainda com o endereço eletrônico www.serra45.com.br, que foi registrado diretamente pelo PSDB. Além disso, o Instituto mantém registrados os seguintes domínios: - blogdojoseserra.com.br - blogdoserra.com.br - eagora.blog.br - jose-sera.com.br - jose-sera45.com.br - josesera.com.br - josesera2010.com.br - josesera45.com.br - joseserra.blog.br - joseserra2010.com.br - petralhas.com.br - serra2010.com.br - sitedojoseserra.com.br - sitedoserra.com.br.

O segredo não é mais secreto...

Outra estratégia adotada por partidos políticos na web é enviar emails com notícias falsas a respeito da vida de candidatos e seus familiares. Tais emails são imediatamente repassados sem nenhuma análise crítica. O fato é que tais sites serviriam para disseminar de forma anônima fatos e ataques em vez de discutir propostas. Este tipo de estratégia funcionou quando a Web era 1.0 e seus usuários meros consumidores de informação sem espírito crítico. Hoje tais estratégias ou abordagens só ajudam a promover o candidato contrário, pois mostra que, longe de discutir propostas, o que pode vir a pegar mesmo serão acusações sem o mínimo de provas.

O fato é que, se isso era uma estratégia para ser mantida em segredo, agora não é mais e ganha notória desconfiança dos propósitos de determinadas candidaturas quando se apresentam na web. É por causa deste tipo de gente – ‘profissionais’ – que aparecem certos senadores querendo amordaçar a Internet. Mas nós estamos de olho e na Web-Livre ninguém mexe. Não sem que a gente faça um barulho muito grande.

Que as eleições deste ano na Internet sejam uma festa democrática da liberdade de expressão e não um festim diabólico onde a libertinagem deixa de ser a exceção. Em política, principalmente, segredo só existe entre duas pessoas quando uma delas morreu. Estamos de olho. A empresa de informática DDM Desenvolvimento de Software S/S Ltda tem, de fato, muitas explicações a dar sobre algumas curiosidades levantadas pelo portal ‘Convergência Digital’.

Fonte: Convergência Digital

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Globo: Reprise de 2006

Fonte: Vi o Mundo

A reprise de 2006. Agora, como farsa

por Luiz Carlos Azenha

Em 2005 e 2006 eu era repórter especial da TV Globo. Tinha salário de executivo de multinacional. Trabalhei na cobertura da crise política envolvendo o governo Lula.

Fui a Goiânia, onde investiguei com uma equipe da emissora o caixa dois do PT no pleito local. Obtivemos as provas necessárias e as reportagens foram ao ar no Jornal Nacional. O assunto morreu mais tarde, quando atingiu o Congresso e descobriu-se que as mesmas fontes financiadoras do PT goiano também tinham irrigado os cofres de outros partidos. Ou seja, a “crise” tornou-se inconveniente.


Mais tarde, já em 2006, houve um pequena revolta de profissionais da Globo paulista contra a cobertura política que atacava o PT mas poupava o PSDB. Mais tarde, alguns dos colegas sairam da emissora, outros ficaram. Na época, como resultado de um encontro interno ficou decidido que deixaríamos de fazer uma cobertura seletiva das capas das revistas semanais.

Funciona assim: a Globo escolhe algumas capas para repercutir, mas esconde outras. Curiosamente e coincidentemente, as capas repercutidas trazem ataques ao governo e ao PT. As capas “esquecidas” podem causar embaraço ao PSDB ou ao DEM. Aquela capa da Caros Amigos sobre o filho que Fernando Henrique Cardoso exilou na Europa, por exemplo, jamais atenderia aos critérios de Ali Kamel, que exerce sobre os profissionais da emissora a mesma vigilância que o cardeal Ratzinger dedicava aos “insubordinados”.

Aquela capa da Caros Amigos, como vimos estava factualmente correta. O filho de FHC só foi “assumido” quando ele estava longe do poder. Já a capa da Veja sobre os dólares de Fidel Castro para a campanha de Lula mereceu cobertura no Jornal Nacional de sábado, ainda que a denúncia nunca tenha sido comprovada.

Como eu dizia, aos sábados, o Jornal Nacional repercute acriticamente as capas da Veja que trazem denúncias contra o governo Lula e aliados. É o que se chama no meio de “dar pernas” a um assunto, garantir que ele continue repercutindo nos dias seguintes.

Pois bem, no episódio que já narrei aqui no blog, eu fui encarregado de fazer uma reportagem sobre as ambulâncias superfaturadas compradas pelo governo quando José Serra era ministro da Saúde no governo FHC. Havia, em todo o texto, um número embaraçoso para Serra, que concorria ao governo paulista: a maioria das ambulâncias superfaturadas foi comprada quando ele era ministro.

Ainda assim, os chefes da Globo paulista garantiram que a reportagem iria ao ar. Sábado, nada. Segunda, nada. Aparentemente, alguém no Rio decidiu engavetar o assunto. E é essa a base do que tenho denunciado continuamente neste blog: alguns escândalos valem mais que outros, algumas denúncias valem mais que outras, os recursos humanos e técnicos da emissora — vastos, aliás — acabam mobilizados em defesa de certos interesses e para atacar outros.

Nesta campanha eleitoral já tem sido assim: a seletividade nas capas repercutidas foi retomada recentemente, quando a revista Veja fez denúncias contra o tesoureiro do PT. Um colega, ex-Globo, me encontrou e disse: “A fórmula é a mesma. Parece reprise”.

Ou seja, podemos esperar mais do mesmo:

– Sob o argumento de que a emissora está concedendo “tempo igual aos candidatos”, se esconde uma armadilha, no conteúdo do que é dito ou no assunto que é escolhido. Frequentemente, em 2006, era assim: repercutindo um assunto determinado pela chefia, a Globo ouvia três candidatos atacando o governo (Geraldo Alckmin, Heloisa Helena e Cristovam Buarque) e Lula ou um assessor defendendo. Ou seja, era um minuto e meio de ataques e 50 segundos de contraditório.

– O Bom Dia Brasil é reservado a tentar definir a agenda do dia, com ampla liberdade aos comentaristas para trazer à tona assuntos que em tese favorecem um candidato em detrimento de outro.

– O Jornal da Globo se volta para alimentar a tropa, recorrendo a um grupo de “especialistas” cuja origem torna os comentários previsíveis.

– Mensagens políticas invadem os programas de entretenimento, como quando Alexandre Garcia foi para o sofá de Ana Maria Braga ou convidados aos quais a emissora paga favores acabam “entrevistados” no programa do Jô.

A diferença é que, graças a ex-profissionais da Globo como Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e outros, hoje milhares de telespectadores e internautas se tornaram fiscais dos métodos que Ali Kamel implantou no jornalismo da emissora. Ele acha que consegue enganar alguém ao distorcer, deturpar e omitir.

É mais do mesmo, com um gostinho de repeteco no ar. A história se repete, agora com gostinho de farsa.

Querem tirar a prova? Busquem no site do Jornal Nacional daquele período quantas capas da Veja ou da Época foram repercutidas no sábado. Copiem as capas das revistas que foram repercutidas. Confiram o conteúdo das capas e das denúncias. Depois, me digam o que vocês encontraram.