segunda-feira, 31 de maio de 2010

Criada comissão que estudará os vencimentos básicos e carreira dos servidores da educação

GRUPO DE TRABALHO DA EDUCAÇÃO TEM ATÉ DIA 14 PARA ENTREGAR ESTUDO

Está publicado no Diário Oficial a resolução que forma o grupo de trabalho para estudar os vencimentos básicos e a carreira salarial dos servidores da Educação.

O grupo é formado por oito pessoas. Duas da secretaria de Planejamento, duas da secretaria de Educação e quatro do Sind-Ute, numa composição igual entre as partes.

A resolução é do dia 26 passado, e o grupo tem 20 dias para concluir os trabalhos, portanto, até o dia 14 de junho, uma segunda-feira, véspera da estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo da Africa do Sul.

Sei lá se isso tem algo a ver, mas é bom torcer pra que não atrapalhe em nada o trabalho...

Leia abaixo a íntegra da resolução.

RESOLUÇÃO CONJUNTA SEPLAG E SEE N.º 7.559 DE 26 DE MAIO DE 2010

Institui Grupo de Trabalho para realização de estudo para viabilizar a modificação dos vencimentos básicos e alteração do padrão remuneratório da carreira da educação de todos os servidores públicos da educação de Minas Gerais.

As Secretárias de Estado de Planejamento e Gestão e de Educação, no uso de suas atribuições, e considerando a necessidade de examinar e aperfeiçoar a estrutura remuneratória dos profissionais da educação,
RESOLVEM:

Art. 1º Fica instituído Grupo de Trabalho para realização de estudos para viabilizar a modificação dos vencimentos básicos e alteração do padrão remuneratório de todos os servidores públicos da educação de Minas Gerais.

Art. 2º O Grupo de Trabalho será composto pelos representantes indicados pelos Titulares das respectivas Secretarias de Estado e pela direção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais - Sind-UTE MG, sob a coordenação geral da Secretaria de Estado de Educação:

I - representantes da SEE:
a) João Antônio Filocre Saraiva - MASP 444637- 3
b) Maria de Lourdes Carvalho - MASP 101306 - 9

II - representantes da SEPLAG:
a) Frederico César Silva Melo - MASP 1116776 - 4
b) Naide Souza de Albuquerque Roquette - MASP 293252 - 3
.
III - representantes do Sind-UTE MG:
a) Beatriz da Silva Cerqueira
b) Marilda de Abreu Araújo
c) Feliciana Alves Saldanha
d) Lecioni Pereira Pinto

Art. 3º O O Grupo de Trabalho deverá ouvir os diversos segmentos e entidades representativas dos servidores da área da educação e concluirá seus estudos no prazo de vinte dias, contados da data de publicação desta Resolução.

Art. 4º Fica revogada a Resolução Conjunta SEE, SEPLAG e SEF nº 1, de 19 de maio de 2010.

Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Belo Horizonte, aos 26 de maio de 2010.

RENATA MARIA PAES DE VILHENA
Secretária de Estado de Planejamento e Gestão

VANESSA GUIMARÃES PINTO
Secretária de Estado de Educação

domingo, 30 de maio de 2010

Mauro Carrara: O desespero dos paulistanos

Você é um paulistano desesperado? Então, fique sabendo

Desgoverno, caos e sofrimento humano na degradada São Paulo

Mauro Carrara*, no Arlesophia

Você também não agüenta mais viver em São Paulo? Não vê retorno nos altíssimos impostos pagos ao

Governo do Estado e à Prefeitura?

Você já se cansou de passar horas e horas no trânsito? Já não suporta ver semáforos quebrados ou desregulados? Já se indigna com a indústria de multas?

Já precisa tapar o nariz para andar pelas ruas lotadas de lixo?

Já teme perder seu carro numa enchente relâmpago?

Já se apavora ao saber que a cidade praticamente não tem mais polícia, e que são suas orações que protegem seus familiares nos trajetos urbanos?

Já se questiona se o suor do trabalho não é suficiente para lhe garantir um mínimo de eficiência nos serviços públicos?

Já se pergunta por que a imprensa nunca lhe dá respostas?

Já nota que o jornal e o portal de Internet nunca lhe fornecem a explicação que você procura?

Talvez, então, você esteja no grupo dos 57% de paulistanos que deixariam a capital caso pudessem, conforme apurou o Ibope.

Talvez, esteja no time dos 87% que consideram São Paulo um lugar completamente inseguro para se viver.

Mas, afinal, como chegamos a esta situação caótica na maior cidade do Brasil?

Analisaremos questões específicas (enchentes, trânsito, segurança, entre outras) do processo de degradação da qualidade de vida em São Paulo.

Porém, comecemos pelo geral.

1) Sua angústia, paulistano, tem basicamente três motivos:

a) A incompetência, a negligência e a imperícia dos grupos que, há muitos e muitos anos, se apoderaram da máquina pública no Estado de S. Paulo. Aqui, o “capitão da província” é sempre da mesma tropa.

b) O sistema desonesto de blindagem e proteção dessas pessoas pelos veículos de comunicação, especialmente a Folha de S. Paulo, o Estadão, a Rede Globo e a Editora Abril, aquela que publica a Veja.

c) A vigência de uma filosofia de gestão pública que nem de longe contempla as necessidades humanas. O objetivo da máquina de poder, hoje, em São Paulo, é privilegiar uma pequena máfia de exploradores do Estado e da cidade. O governo dos paulistas e dos paulistanos exige demais, mas oferece de menos.

2) Em pleno século 21, os velhos políticos ainda administram São Paulo como coronéis de província. São tão arrogantes quanto preguiçosos.

a) Não temos um plano coordenado de construção de “qualidade de vida” na metrópole, que coordene ações na área de saúde, educação, cultura, transporte e moradia. Todas as outras 9 grandes cidades do mundo têm, hoje, grupos multidisciplinares trabalhando duramente em projetos desse tipo.

b) Não temos um projeto sério, de longo prazo, para reestruturação e racionalização da malha viária.

c) Não temos um sistema de transporte coletivo decente. Entre as 10 maiores cidades do mundo, São Paulo é aquela com o menor número de quilômetros servidos por metrô.

3) Por que a doce chuva virou sua grande inimiga?

a) Porque os governantes de São Paulo não pensam em você quando autorizam a construção de novos condomínios e habitações. Onde havia terra e árvores, passa a existir concreto. O solo não absorve a água, que corre desesperadamente para o Tietê.

b) Porque a prefeitura simplesmente abandonou os trabalhos de construção dos piscinões. Você tem medo de morrer afogado no Anhangabaú? Pois bem, os recentes dramas no túnel teriam sido evitados se José Serra e Gilberto Kassab tivessem seguido o projeto de construção dos reservatórios de contenção nas praças 14 Bis e das Bandeiras. Até o dinheirinho já estava garantido, com fundos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Mas os dois chefões paulistas consideraram que as obras não eram necessárias.

Agora, você paga por este descaso.

c) Lidar com água, uma das mais importantes forças da natureza, exige pesquisa e conhecimento. Em São Paulo, as obras são feitas de acordo com o humor dos governantes, muitas vezes em regime de urgência. Na pressa, o resultado quase sempre é desastroso. No Grajaú, por exemplo, os erros de engenharia na canalização de córregos acabaram por gerar entupimentos, enchentes e destruição. As famílias da região perderam móveis, eletrodomésticos, roupas e alimentos. Ou seja, obra sem planejamento gera mais prejuízo que benefício.

d) São Paulo tem a sua Veneza. É o Jardim Romano, que vai afundando a cada enchente. Como se trata de periferia, a prefeitura simplesmente abandonou os projetos de drenagem e captação de águas. O resultado é água imunda dentro das casas, doença e morte. Para minimizar o problema, o governo do Estado resolveu lançar um “carro anfíbio”, apresentado com pompa pelo bombeiros. Será que, não satisfeitos com o estrago, ainda querem rir da cara do cidadão?

e) O descaso com a cidade pode ser provado facilmente. Um levantamento técnico mostra que o número de pontos de alagamento aumenta assustadoramente de ano para ano. Em 2007, a cidade tinha 9 pontos fixos de alagamento. No ano seguinte, já eram 43. Atualmente, há 152 lugares por onde o paulistano pode perder seu carro durante uma chuva. É isso aí mesmo: 152! Sem dúvida, anda chovendo bastante. Mas não se pode negar que problemas de escoamento estão gerando o caos em áreas antes seguras. É o caso da Avenida Brasil com a Alameda Gabriel Monteiro da Silva, nos Jardins. Quem podia imaginar que até mesmo a região nobre de São Paulo sofreria com alagamentos, lama e fedor insuportável?

f) O dinheiro que a Prefeitura gasta em câmeras, multadores automáticos e propaganda na imprensa poderia muito bem servir à erradicação de alguns desses problemas. No entanto, o drama da população parece não sensibilizar o prefeito nem o governador. Veja o caso dos alagamentos da Marginal Pinheiros com a Ponte Roberto Rossi Zuccolo. O problema já é grave, mas as obras nem foram contratadas, como admite a prefeitura. No caso da Zachi Narchi com Cruzeiro do Sul, na Zona Norte, a prefeitura limita-se a dizer que há um “projeto para futura implantação”. Tudo muito vago. Nenhuma pressa. No caso da Alcântara Machado (Radial Leste) com Guadalajara, a confissão oficial de incapacidade é assustadora: “as interferências não configuram possibilidades de obras para solucionar o caso de imediato”.

4) Por que São Paulo fede?

a) Porque a gestão Serra-Kassab simplesmente reduziu em cerca de 17% o investimento em varrição e coleta de lixo, especialmente na periferia. Aliás, limpeza urbana é algo que não se valoriza mesmo em São Paulo, vide as declarações do jornalista Boris Casoy sobre os garis.

b) Porque os projetos de coleta seletiva e de usinas regionais de reciclagem foram reduzidos, desmantelados ou sumariamente engavetados.

c) Porque a política de “higienização social” tem dificultado extremamente o trabalho dos catadores e recicladores.

d) Nem é preciso dizer que o lixo que se amontoa nas ruas da cidade vai parar nos bueiros. Vale notar que, nas enchentes, boa parte do lixo boiando está devidamente ensacado. Trata-se de uma prova irrefutável de que o “porco” nesta história não é o cidadão paulista, mas aquele que o governa.

5) Padarização: por que São Paulo é tão insegura?


a) O governo Serra praticamente sucateou o sistema de Segurança Pública. Paga mal os agentes da lei e ainda fomenta a rivalidade entre policiais civis e militares.

b) Em seu ímpeto privatista, o governo paulista incentiva indiretamente os empreendimentos de segurança particular.

c) Mal pagos, mal aparelhados e mal geridos, os policiais paulistas são o retrato da desmotivação.

d) Criou-se informalmente um sistema de “padarização” das patrulhas. Normalmente, os agentes da lei se mantêm na porta de uma padaria ou mercado, reduzindo drasticamente as rondas pelas áreas internas dos bairros. De certa forma, acabam se tornando uma guarda particular dos comerciantes locais. Esse fenômeno atinge não somente a periferia da Capital e de outras grandes cidades, mas também os bairros de classe média.

e) Essa mesma polícia invisível nas ruas, entretanto, ocupou o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) durante ato em defesa do Programa Nacional dos Direitos Humanos. Exigiam explicações sobre o encontro… Ora, que terrível bandido se esconderia ali? Ou será que voltamos à época da Operação Bandeirantes, que visava a perseguir os inimigos do regime militar?

f) Cabe dizer: o pouco que restou da Segurança Pública é resultado do esforço pessoal de policiais (militares e civis) honestos, dedicados, que ainda arriscam a vida para proteger o cidadão. Esses, no entanto, raramente são premiados por suas virtudes.

6) Politicalha na calçada, trânsito, impostos e desrespeito ao cidadão.

a) Sem qualquer fiscalização da imprensa, o governante paulista julga-se hoje acima da lei. Não precisa dar satisfações a ninguém.

b) É o caso da Calçada da Fama, já apelidada de Calçada da Lama, no bairro de Santa Cecília. Inspirada na homônima de Hollywood, foi condenada por todos os moradores locais. Mesmo assim, a prefeitura colocou 18 homens da Subprefeitura da Sé para trabalhar na obra (afinal, eles não têm bueiros para limpar). Cabe lembrar que os “testes” de homenagens foram realizados com a colocação de duas estrelas. Uma delas tinha o nome do ex-governador Geraldo Alckmin. A outra, do atual, José Serra, o único governador do Brasil que, entre amigos, se gaba de acordar ao meio-dia.

c) Para obras desse tipo, supõe-se, o prefeito Kassab busca um “aumentaço” no IPTU, tanto para imóveis comerciais quanto residenciais.

d) Cedendo ao cartel das empresas de ônibus, Kassab também decretou aumento nas passagens, de R$ 2,30 para R$ 2,70. A poucos metros da Câmara dos Vereadores, com bombas de efeito moral e balas de borracha, a polícia de Serra reprimiu violentamente os estudantes que tentavam se manifestar contra a majoração. Agressão desse tipo, aliás, já tinha sido vista na USP, em episódio que lembrou a invasão da PUC-SP por Erasmo Dias, em 1977.

e) Se o trânsito é cada vez mais caótico em São Paulo, raras são as ações destinadas a reformar a malha viária, revitalizar o transporte público e constituir um sistema inteligente e integrado de locomoção urbana. Os técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego ainda planejam suas ações conforme modelos da década de 60. A obsolescência no campo do conhecimento é a marca da gestão da CET.

f) Se o tráfego paulistano é um horror, confuso e mal gerido, o mesmo não se pode dizer da indústria de multas. Em 2009, foram arrecadados R$ 473,3 milhões, valor maior do que o orçamento de cinco capitais brasileiras. Só 62 municípios do Brasil recebem, entre todos os tributos, aquilo que o governo paulistano obtém com esse expediente punitivo.

g) Com esse valor, seria possível instalar 2 mil semáforos inteligentes (raros aqueles em perfeito funcionamento na cidade) e 40 terminais de ônibus.

h) Curiosamente, se falta dinheiro para a reforma dos equipamentos de controle de trânsito, sobra para a compra de radares e aplicadores de multas. Foram 105 novos aparelhos em 2009. E a prefeitura projeta a instalação de pelo menos mais 300 em 2010.

i) Se os radares estão atentos ao motorista, dispostos a lhe arrancar até o último centavo, também é certo que não há olhos para as máfias de fiscais nas subprefeituras, especialmente na coleta diária de propinas nas áreas de ambulantes. Em 2008, membros da alta cúpula da subprefeitura da Mooca foram protagonistas de um escândalo, logo abafado pela imprensa paulistana. Hoje, os esquemas de cobrança ilícita seguem firmes e fortes. Faturam milhões, à luz do dia, na região do Brás, da Rua 25 de Março e da Lapa, entre outros, conforme denúncias dos próprios camelôs.

7) Até para fugir, o paulistano pagará caro… Dá-lhe pedágio!


a) Alguns governantes tornam-se conhecidos por construir estradas. Outros, por lotá-las de pedágios e fazer a festa de seus apoiadores de campanha. É o caso de José Serra. Em média, um novo pedágio é implantado em São Paulo a cada 30 dias. O ritmo de inaugurações deve crescer em 2010. Somente nas estradas do litoral, o governador quer implantar mais dez pedágios.

b) José Serra desistiu temporariamente de sua ideia obsessiva de implantar pedágios também nas marginais do Tietê e do Pinheiros. O desgaste político poderia inviabilizar, de uma vez por todas, seu projeto de ocupar a presidência da República.

c) Fora dos centros urbanos, entretanto, a farra do pedágio continua. Em Engenheiro Coelho, na região de Campinas, por exemplo, uma família já precisa pagar pedágio para se deslocar de um lado a outro de seu sítio, cortado pela rodovia General Milton Tavares de Souza (SP-332). Agora, para cuidar do gado, os sitiantes precisam pagar a José Serra e seus amigos da indústria do pedágio. Nessa e em outras cidades, o cerco dos pedágios deixam “ilhados” moradores da zona rural e de condomínios habitacionais. Nem mesmo o “direito de ir e vir” é respeitado.

Como resgatar São Paulo

Nos últimos anos, São Paulo vem sendo destruída e seus cidadãos humilhados. Está perdendo seu charme e carisma. Aumenta-se a carga de impostos, ao passo que os direitos básicos do cidadão são negados pela autoridade pública.

Mas nada comove a imprensa surda, muda e partidarizada. As enchentes, o lixo acumulado, as obras inacabadas, o apagão no trânsito, a fábrica de analfabetos do esquema de “aprovação automática”, as máfias de propinas, a falta de segurança e a fábrica de multas não sensibilizam os jornalistas.

A ordem nas redações é botar a culpa na sorte, nas gestões anteriores ou em São Pedro. Nenhuma tragédia é atribuída aos governantes locais. Jamais.

Quando a cratera do metrô engoliu trabalhadores, pais e mães de família, a imprensa silenciou sobre a culpa daqueles que deveriam fiscalizar a obra.

E o prefeito Gilberto Kassab ainda se divertiu, transformando a tragédia alheia em piada. Nem a Folha nem o Estadão escreveram editoriais indignados sobre o episódio.

A imprensa também se fez de boba quando a ponte do Rodoanel desabou sobre a pista, destruindo veículos e ferindo pessoas.

Aliás, os jornais estampam enormes manchetes quando se constata qualquer atraso em alguma obra do PAC. Mas não encontram relevância no atraso das obras do Rodoanel.

Já são doze anos de embromação, casos de superfaturamento e destruição do patrimônio natural nos canteiros de obras.

Na Capital, José Serra e Gilberto Kassab criaram fama ao inventar a lei “Cidade Limpa”, uma restrição sígnica ao estilo “talebã” que deixaria os habitantes de Nova York e Tóquio perplexos.

Eliminaram praticamente toda a publicidade local e, automaticamente, canalizaram milhões e milhões de Reais para jornais, TVs, rádios e portais de Internet. Um golpe de mestres.

Portanto, aquele que sofre diariamente em São Paulo precisa urgentemente revisar seus conceitos políticos, reeducar-se para a leitura dos produtos noticiosos e mobilizar-se para viabilizar a urgente mudança. Se São Paulo pode ser salva, será você, paulistano sofrido, o artífice dessa proeza.

* Mauro Carrara é jornalista, paulistano, nascido no Brás, em 1939.

Der Speigel: Lula salta para a Grande Liga da diplomacia mundial

Fonte: Vi o Mundo

Acordo Nuclear do Irã
  
Brazil’s Lula Vaults into Big League of World Diplomacy

Erich Follath e Jens Glüsing

da revista alemã Der Spiegel

Cheio de confiança, o presidente brasileiro Luiz Inácio da Silva está elevando seu país ao status global com crescentes avanços na política internacional. Em sua jogada mais recente, ele convenceu o Irã a concordar com um controverso acordo nuclear. Pode oferecer oportunidades para evitar sanções e guerra?

Ele foi acusado de ser muitas coisas no passado, inclusive comunista, um proletário grosseiro e um bêbado. Mas esses dias passaram. No momento em que o Brasil ascende para se tornar um poder econômico, a reputação dele experimentou um crescimento meteórico. Muitos agora vêem o presidente do Brasil como um herói do hemisfério Sul e um importante contrapeso a Washington, Bruxelas e Beijing. A revista americana Time levou a coisa um passo adiante há duas semanas, quando o nomeou “o líder político mais influente do mundo”, mesmo adiante do presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Em seu país nativo, há muitos que o enxergam como candidato ao prêmio Nobel da paz.

E agora este homem, Luiz Inácio da Silva, 64, apelidado Lula, que passou a infância em uma favela como filho de pais analfabetos, marcou outro ponto. Em encontros em ritmo de maratona, ele negociou um acordo nuclear com a liderança iraniana. Na segunda-feira, apareceu triunfalmente ao lado do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Os três líderes chegaram a um acordo que acreditam tirariam da agenda as sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre as possíveis armas nucleares do Irã. O Ocidente, que vinha promovendo o fortalecimento de medidas punitivas internacionais, pareceu pego de surpresa.

Mas o contra-ataque de Washington veio na semana seguinte, abrindo um novo capítulo na crescente disputa nuclear, na qual Beijing, em particular, vinha há muito resistindo a medidas mais duras. A secretária de Estado americana Hillary Clinton anunciou: “Chegamos a um acordo-rascunho em cooperação com a Rússia e a China”. A planejada resolução foi mandada a todos os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, inclusive ao Brasil e Turquia. Os dois países foram eleitos para ocupar por dois anos assentos não-permanentes no conselho de 15 membros, que precisa aceitar a resolução com pelo menos nove votos para que elas entrem em vigor.

Estados Unidos insistem em sanções

Clinton especificamente agradeceu a Lula por seus “sinceros esforços”. Mas sua expressão claramente sugeria que ela entendeu os esforços mais como um empecilho do que qualquer outra coisa. “Estamos continuando a juntar a comunidade internacional em defesa de fortes sanções que em nosso ponto-de-vista vão mandar uma mensagem clara sobre o que esperamos do Irã”, disse Clinton.

Mas não é a solução proposta por Lula a que mais promete? Será fácil assim segurar o Lula Superstar, que tem o apoio da Turquia, integrante da OTAN? Quem quer que tenha seguido a carreira dele vai achar difícil de acreditar. Este homem sempre prevaleceu contra todo tipo de resistência e contra todas as probabilidades.

O pai deixou a família quando Lula era jovem, e a mãe se mudou com oito filhos do Nordeste do Brasil para o sul industrializado, onde ela esperava melhorar as chances da família. Lula não aprendeu a ler e escrever até os 10 anos de idade. Quando criança, ajudou a sustentar a família como engraxate e vendedor de frutas e trabalhando em uma fábrica de tintas. Eventualmente conseguiu ser aprendiz de torneiro mecânico. Quando tinha 25 anos, a esposa Maria e uma criança não-nascida morreram porque a família não podia pagar por serviços de saúde.

Lula se tornou politicamente ativo como jovem, quando se filiou a um sindicato e organizou greves ilegais durante a ditadura militar. Ele foi preso várias vezes nos anos 80. Insatisfeito com a esquerda clássica, fundou seu próprio partido de trabalhadores, que ele gradualmente transformou de um partido marxista em um partido social democrata. Fez três tentativas mal sucedidas de se tornar presidente até que na quarta tentativa ele venceu a eleição presidencial de 2002 por margem significativa. Quando Lula ganhou a eleição, os mais ricos, temendo expropriação, se garantiram mantendo os tanques de seus jatos particulares abastecidos.

O herói dos pobres evitou a revolução

Mas aqueles que esperavam uma revolução no Brasil ficaram surpresos. Depois da posse, Lula levou alguns ministros a uma favela e lançou um programa de larga escala chamado Fome Zero para aliviar as dificuldades dos menos privilegiados. Mas ele não assustou os mercados. Aumentos nos preços das commodities e uma política econômica moderna que enfatizava investimento estrangeiro, educação doméstica e o treinamento de recursos humanos ajudaram Lula a se reeleger em 2006.

O mandato dele expira em dezembro, quando não poderá mais buscar a reeleição. Ele arrumou a casa domesticamente preparando um sucessor em potencial. Mas o presidente autoconfiante evidentemente quer deixar um legado na política externa: ele considera um dever transformar o país, cuja população é de 196 milhões, em um poder mundial com um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Lula reconhece que ajuda manter boas relações com Washington, Londres e Moscou em busca deste objetivo. Mas ele também sabe que relações próximas com a China e a Índia, assim como com o Oriente Médio e países africanos, podem ser ainda mais importantes. Ele se vê como um homem “do sul”, como líder dos pobres e destituídos. E, naturalmente, ele também reconhece as mudanças que estão acontecendo. No ano passado, por exemplo, a República Popular da China ultrapassou pela primeira vez os Estados Unidos como o maior parceiro comercial do Brasil.

Lula é o único chefe de Estado que participou tanto do exclusivo Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suiça, quanto do Fórum Social Mundial, que é crítico da globalização, em Porto Alegre, no Brasil. Ele é um incansável viajante, tendo visitado 25 países na África, muitos na Ásia e quase todos na América Latina — sempre com uma delegação. Ele prega sua crença em um mundo multipolar. E porque Lula é um orador carismático e um sindicalista “autêntico”, multidões em todo o mundo o incentivam como se ele fosse um popstar. Na cúpula do G-20, em Londres, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aparentemente um fã, disse: “Eu amo esse cara”.

Mas Obama não pode mais ter certeza de que Lula é de fato “seu cara”. Ao se distanciar de Washington, o brasileiro está se tornando mais e mais autoconfiante e, às vezes, até busca confronto.

Crescente autoconfiança

Honduras é um exemplo. Os Estados Unidos, que sempre viram a América Central como seu quintal, ficaram aturdidos quando Lula deu ao presidente deposto Manuel Zelaya refúgio na Embaixada Brasileira em Tegucigalpa no ano passado e exigiu participar da solução do conflito. Ao se negar a reconhecer o novo presidente, Brasília se opôs abertamente a Obama.

As coisas aconteceram rapidamente depois daquilo. Lula viajou para Cuba, onde encontrou Raul e Fidel Castro e pediu o fim imediato do embargo americano. Para prazer dos que o receberam, Lula comparou críticos do regime que sofrem nas prisões de Havana a criminosos comuns. Lula também fez questão de aparecer ao lado do presidente venezuelano Hugo Chávez, que solta fogo contra Washington e tem crescentemente calado a imprensa em seu país. Falando à Spiegel, Lula caracterizou o líder autocrata como “o melhor presidente da Venezuela nos últimos 100 anos”.

E quando recebeu Ahmadinejad em Brasília alguns meses atrás, Lula congratulou o presidente iraniano por sua aparente vitória eleitoral e comparou a oposição iraniana a fãs frustrados do futebol. O Brasil também não permitiria, ele disse, que houvesse interferência em seu “óbvio” programa nuclear pacífico.

Apesar disso, muitos estavam céticos quando Lula foi a Teerã negociar o acordo nuclear com a liderança iraniana, particularmente depois que os iranianos não mostraram nenhuma inclinação para fazer acordo em meses recentes. Numa entrevista de imprensa conjunta com Lula, o presidente russo Dmitry Medvedev disse que as chances de um acordo eram de no máximo 30%. Lula respondeu dizendo: “Acho que são de 99%”. Lá estava de novo o ego pronunciado da estrela política em ascensão. “Ele acha que é um trabalhador milagroso, que pode conseguir o que outros não conseguem”, disse um especialista em América Latina, Michael Shifter.

Vitória ou fracasso?

A esta altura, há apenas provas circunstanciais de que uma verdadeira vitória foi conquistada em Teerã depois de 17 horas de negociação. Também é possível que o encontro foi, como o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung caracterizou, um “fracasso”, apenas uma forma de os iranianos, que no passado muitas vezes usaram subterfúgios, enrolar o mundo de novo.

Autoridades da Agência Internacional de Energia Nuclear em Viena cuidadosamente disseram que qualquer passo na direção de um acordo nuclear é progresso. Os inspetores da agência são responsáveis  por verificar as instalações nucleares do mundo em nome da ONU. Eles recentemente encontraram mais e mais sinais da existência de um programa nuclear ilegal do Irã e pediram a Teerã mais cooperação. A avaliação dos especialistas da agência de Viena, cujas linhas de comunicação com Teerã nunca foram rompidas e que nunca disseram nada que não pudessem provar, terá grande peso agora. O fato de que os iranianos só vão tornar o texto do acordo acessível à AIEA em “uma semana” levantou dúvidas.

Os governos ocidentais tem sido céticos e a resolução que Clinton tornou pública na ONU pouco depois do acordo de Teerã aparentemente deixou os israelenses preocupados. Alguns integrantes do governo de Benjamin Netanyahu estão criticando abertamente o acordo como um golpe destinado a aliviar a pressão internacional contra Teerã. O ministro do Comércio Benjamin Ben-Elieser disse que Teerã aparentemente “está tentando passar o mundo para trás outra vez”.

Acordo dá uma saída ao Irã

O instituto americano ISIS, que sempre advogou uma solução negociada e considera que uma “saída militar” para a questão nuclear do Irã impensável, ofereceu uma avaliação inovadora do acordo Lula-Ahmadinejad-Erdogan. Os especialistas nucleares independentes do instituto listaram suas preocupações citando os pontos fracos do texto conhecido até agora.

Os iranianos concordam apenas com a remessa de 1.200 quilos de urânio baixo-enriquecido para a Turquia, pelo qual eles querem em troca combustível para o reator de pesquisas de Teerã. As dimensões do acordo correspondem a um proposta da AIEA de outubro passado, sob o qual três quartos do urânio produzido no Irã seriam retirados do país, tornando a construção de uma bomba impossível. Era visto como uma medida de confiança para abrir espaço para negociações.

No entanto, o atual acordo não considera o fato de que o Irã, depois de ter colocado em funcionamento suas centrífugas em Narantz, aparentemente tem mais de 2.300 quilos de urânio. Em outras palavras, o acordo permitiria ao Irã manter em casa quase metade do material, um ingrediente básico para a bomba nuclear, podendo portanto ter urânio suficiente para atingir a capacidade de produzir armas nucleares.

O acordo também dá ao Irã uma saída-chave: os lideres iranianos teriam o direito de obter de volta o urânio mandado para a Turquia se, em sua opinião, qualquer cláusula do acordo “não fosse mantida”. Mais importante, o acordo não requer que o Irã suspenda o enriquecimento de urânio. “Nem sonharíamos com isso”, uma autoridade disse. Mas é isso precisamente o que as Nações Unidas pediram de forma inequívoca nas três primeiras rodadas de sanções.

Todas estas objeções não preocupam Lula. Ele demonstra que não pode mais ser ignorado no palco mundial. Na última terça-feira, os amigos do presidente brasileiro saudaram suas tentativas de paz em uma cúpula da União Europeia-America Latina em Madrid. Sua aparição lá teve o objetivo de demonstrar que o “lula” tem vários braços. Ele já provou que pode nadar com os grandes tubarões.

Nos bastidores, Lula Superstar gosta de falar sobre como forçou os diplomatas brasileiros a abandonar a “síndrome do viralata”, seu termo para o profundo complexo de inferioridade sentido por muitos de seus compatriotas brasileiros em relação a estadunidenses e europeus até recentemente.

Foi em 2003, na primeira grande aparição de Lula, na cúpula do G-8 de Evian, na França. Um grupo de pessoas estava sentado no lobby do hotel da conferência, esperando a chegada do presidente George W. Bush dos Estados Unidos. Quando os americanos finalmente entraram no salão, todos se levantaram — exceto Lula, que ordenou a seu ministro das Relações Exteriores que permanecesse sentado. “Não faço parte desta subserviência”, o presidente brasileiro disse. “Além disso, ninguém se levantou quando eu entrei”.

sábado, 29 de maio de 2010

Dilma: Agricultores familiares terão moradias melhores


Fonte: Brasília Confidencial
29/05/2010
     Favorecidos pelo crédito e pelo aumento da capacidade de produção, no Governo Lula, os agricultores familiares devem ter apoio do próximo governo para melhorar as condições de moradia, afirmou ontem a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, durante o 2º Encontro de Habitação da Agricultura da Família, em Chapecó (SC).

    “Defendo a criação, dentro da gerência nacional de habitação de interesse social da Caixa, de uma área especifica para tratar da habitação da agricultura familiar”, revelou.

    A petista apontou também a necessidade de criar condições para manter os jovens no campo, com acesso à educação de qualidade e às tecnologias disponíveis nas cidades, como a internet de banda larga.

    Antes de embarcar para Belo Horizonte (MG), onde participou de encontro nacional de mulheres do PDT, Dilma vestiu o chapéu dos agricultores e almoçou com eles.

Campanha quer reduzir aceitação social de agressões a mulheres



Fonte: Brasília Confidencial 
29/05/2010

AYRTON CENTENO
    Quarenta por cento das mulheres assassinadas foram vítimas de seus próprios maridos, companheiros ou namorados, quase sempre dentro de um quadro de constantes abusos. Mas este percentual, em alguns casos, pode chegar até 70%. É o que indicam estudos realizados na África do Sul, Austrália, Canadá, Estados Unidos e Israel e que constam do Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS).  Em outros países, a situação é semelhante.  Isto só ocorre porque a sociedade ainda tolera a agressão contra as mulheres. Para atacar esta complacência, um coletivo de entidades brasileiras lançou ontem, em Porto Alegre, a campanha nacional “Ponto Final na Violência contra Mulheres e Meninas”. Optou-se pelo 28 de maio por ser o Dia  Internacional de Ação pela Saúde das Mulheres. Na mesma data, houve iniciativas iguais na Bolívia, Haiti e Guatemala.
    “O diferencial da campanha é que, agora, o foco não está voltado para a adoção desta ou daquela política pública, mas para a sociedade em geral”, explica uma das coordenadoras da campanha, a psicóloga Maria Luísa de Oliveira, da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.

  “Queremos reduzir a aceitação social de certos valores contra a mulher, atrás dos quais estão muitas vezes o machismo e o racismo. É preciso que a violência de gênero deixe de ser percebida pela sociedade como algo normal ou um fenômeno natural, mas como algo que foi construído através dos tempos”, acentua Maria Luísa.

  Os cartazes da campanha procuram questionar a dificuldade de homens e mulheres lidarem com o assunto. Em um deles, aparece um jovem como se estivesse refletindo sobre as situações difíceis – sair de casa, desemprego, separação – que enfrentou com coragem e logo após a pergunta: “Se tudo isso é natural, porque não consigo encarar a violência contra as mulheres?”
    Embora haja avanço no desenvolvimento das políticas específicas, o panorama ainda é bastante desfavorável.
 
“No Rio Grande do Sul, por exemplo, temos 500 municípios e menos de 20 delegacias da mulher”, nota Maria Luísa.

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde – seu relatório de 2002 é encarado como a fonte mais confiável e ainda atual — a agressão, mesmo quando cessa, deixa muitas seqüelas. Depressão, propensão ao suicídio, alcoolismo e drogadição são algumas delas.

  Em Porto Alegre, a vila Campo da Tuca, considerada uma das áreas mais vulneráveis da cidade, foi escolhida para a apresentação da campanha. Com a maior parte da população de raça negra e muitas mulheres chefes de domicílio, o Campo da Tuca já registra uma atuação intensa no tema, desenvolvida por ONGs, pela associação comunitária e por agentes multiplicadores. As ações compreendem visitas domiciliares, oficinas, debates e outras atividades. A psicóloga Maria Luísa de Oliveira, porém, observa que a violência não está presente somente em vilas e bairros carentes, mas em todas as classes, inclusive na elite econômica.
 
“Nas classes populares, ela apenas é mais visível”, adverte.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Anistia acusa violência da polícia e falência da justiça criminal




    A violência policial nos grandes centros urbanos, a precariedade do sistema carcerário e as violações de direitos humanos praticadas em conflitos agrários e contra povos indígenas são as principais críticas feitas ao Brasil na edição 2010 do relatório anual sobre direitos humanos da Anistia Internacional, divulgado ontem. O documento apresenta dados de 2009 sobre as condições humanitárias de 159 países.

    Embora reconheça que foram feitas reformas para aprimorar as políticas de segurança pública, o documento chama a atenção para problemas que persistem, em especial violações cometidas por agentes policiais e as precárias condições do sistema carcerário. Em todo o país “houve relatos persistentes de uso excessivo da força, de execuções extrajudiciais e de torturas cometidas por policiais”, diz o texto da Anistia que também cita incursões “de estilo militar” em favelas e comunidades pobres.

    Segundo o pesquisador Tim Cahill, porta voz da Anistia Internacional no Brasil, o país vive um problema generalizado na área.
    “O sistema de justiça criminal no Brasil está totalmente falido, do policiamento ao sistema carcerário”.
    Cahill observa que grande número de homicídios ocorridos no Brasil sequer é investigado e menciona, como o “pior exemplo” da falta de ação governamental, o surgimento das milícias cariocas. No relatório, a Anistia assinala que estes grupos são predominantemente formados por policiais fora de serviço e representam ameaça para os moradores das comunidades em que atuam.

    No relatório, a organização critica especialmente os assassinatos de civis registrados como “autos de resistência” (quando um suposto criminoso é morto após resistir à abordagem policial), o que contraria recomendações da ONU.

    O informe cita números do Rio de Janeiro, onde a polícia matou 1.048 pessoas, no ano passado. Em São Paulo, foram 543 assassinatos – aumento de 36% na comparação com 2008.
    No caso de São Paulo, a Anistia também menciona as chamadas “operações Saturação”, em que policiais ocupam comunidades por longos períodos sob o argumento de combate à violência e ao tráfico de drogas, como a que ocorreu em Paraisópolis, em fevereiro de 2009. Segundo o relatório, moradores da comunidade, na zona sul da capital, denunciaram casos de tortura, uso excessivo da força, intimidações, revistas arbitrárias e abusivas, extorsão e roubo por parte de policiais durante a operação.

    A Anistia Internacional afirma ainda que, mesmo para iniciativas que tiveram boa aceitação de setores sociais, os resultados podem ser considerados contraditórios. Cita como exemplo as Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, implementadas no Rio de Janeiro, que, no entendimento da organização, agradaram porque “ofereceram uma alternativa à ação violenta das polícias”, mas ainda assim geraram denúncias de ações discriminatórias.

      Também são apontados como problemas graves relacionados aos direitos humanos os conflitos pela terra. O relatório chama atenção para a violência com que os camponeses e os índios são tratados.

      Em carta encaminhada aos principais pré-candidatos à Presidência, a Anistia cobra que se comprometam com a implementação do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos. (Com agências)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Fátima Oliveira: Engolindo as lágrimas


Não silencio sobre direitos e cidadania para não ser cúmplice
Sobrevivesse ou não, deveria “entrar na Justiça”

FÁTIMA OLIVEIRA — Médica – fatimaoliveira@ig.com.br

Em O Tempo

O que dizer a um marido que dirige 120 quilômetros com a mulher em coma, 13 dias após o parto, e não encontrou socorro no caminho, embora tenha tentado num hospital em Pará de Minas?

Disse-lhe que desconhecer os riscos dá coragem para atos como o dele. Raramente algo me surpreende num pronto-socorro, depois de tantos anos pelejando. Mas às 6h30 da matina, após quase 24 horas de plantão, ver o enfermeiro levando uma mulher jovem, aparentemente em coma, para a sala de emergência, e saber que ela veio no carro da família, de um lugar a 120 km da capital, é estranho.

Pois Minas é o Estado que mais possui ambulâncias e tem enraizada, desde priscas eras, a ideia da ambulância como, em si, um serviço de saúde. Candidato dono de ambulância não perde eleições nas Gerais.


Doente atendida, ânimos serenados e saindo do plantão, fui à portaria. Lá, uma família desolada: o marido, o filho de uns 8 anos, a mãe e uma irmã da mulher com um bebê de 13 dias nos braços. Uma cena chocante.

Procurei chão ao saber que todos vieram no mesmo carro! Sem saber o que dizer, mas, como sou prática, pedi a uma enfermeira que providenciasse um pediatra para examinar o bebê e orientar a família sobre a sua alimentação. O que foi feito. Meu mal-estar era profundo. De que adiantam as minhas lágrimas? De nada! Então, eu as engoli.

Disse ao marido que tudo o que a medicina sabia fazer seria feito, porém estávamos recebendo a mulher em estado gravíssimo; e, se ela sobrevivesse ou não, em nome da dignidade e da memória dela, ele deveria “entrar na Justiça” para que os responsáveis fossem punidos exemplarmente. É uma história que não pode receber o selo da impunidade. Urge que as “autoridades competentes” demonstrem competência, saindo do imobilismo e tomando alguma providência. Morbimortalidade materna tem responsáveis, sempre!

O casal, ela com 37 anos, reside em Conceição do Pará (MG). No dia 11 de maio, ela fez uma cesariana em Pitangui (MG). Obteve alta no dia seguinte. No dia 19, apresentou forte dor de cabeça. Foi ao médico. Mesmo medicada, na sexta-feira à noite, a dor se tornou insuportável. Pediu ao marido que a levasse a Pará de Minas, um lugar de “mais recursos”. Não foi atendida. A mãe declarou que pedia para que não deixassem a sua filha morrer e implorou por uma ambulância. E nada! Sem nenhum médico ter se dignado a vê-la, da porta do hospital, a família pegou a estrada para Beagá.

Era sábado, 22 de maio. Amanhecia. No mesmo dia foi para o CTI, num pós-operatório neurocirúrgico (hemorragia subaracnoidea). Era uma paciente que precisava vir para Beagá, pois em sua cidade e naquela onde não foi acolhida eram parcos os recursos para a doença dela. Todavia, faria uma enorme diferença para ela ter sido atendida antes e transportada adequadamente. São cenas chocantes de descasos assim que dão todo sentido ao 28 de maio – Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher, e no Brasil, desde 1994, Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.

“Morte materna é a morte de uma mulher durante a gestação, ou dentro de um período de 42 dias após o parto, independentemente da duração ou localização da gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela”. O 28 de maio é uma vitrine da história do feminismo e de todos espaços de resistência da luta mundial das mulheres pelo direito à saúde, em especial o sagrado direito de não morrer antes do tempo por causas preveníveis e evitáveis, e nem cruel, como a morte materna.

www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdColunaEdicao=11761

segunda-feira, 24 de maio de 2010

GERALDO ELÍSIO: RAZÕES QUE A RAZÃO DESCONHECE

Geraldo Elísio escreve no "Novojornal". Prêmio Esso Regional de jornalismo, passado e presente embasam as suas análises
Por Geraldo Elísio

“Não se pode pensar bem, amar bem, dormir bem, quando não se jantou bem. -  Virginia Woolf

Gosto de observar o comportamento espontâneo das ruas. Acredito ser mais eficaz do que os resultados oferecidos pelas pesquisas de opinião pública. Principalmente no Brasil, onde pretensões indutivas substituem o caráter científico dos institutos.

E o que a rua tem evidenciado? Uma surda insatisfação, um fastio com tudo o que está ocorrendo. Quando a voz é do povo mesmo, dá para acreditar que ela seja a voz de Deus embora pessoalmente entenda que o Criador deve estar farto com as peripécias dos políticos brasileiros, inclusive os ditos ungidos que falam em seu nome sem autorização para isto.

Há uma desconfiança que gera um mutismo significativo. Assisti a ascensão e queda do ciclo militar pós-64. A saga das Diretas-Já. E o surgimento da Nova República, que nasceu com muitas rugas da sua antecessora. Não sou nenhum dono da verdade, mas a experiência de repórter me legou algumas vivências.

Vamos, como se fora um filme, utilizar um pouco a técnica do flashback. Os tucanos se exasperam com os anúncios do crescimento de Dilma Rousseff. E apostam pesado na hipótese do ex-governador de Minas, Aécio Neves aceitar ser o candidato a vice. Por outro lado é noticiado que o paulista José Serra se aconselha com o “príncipe dos sociólogos”, Fernando Henrique Cardoso.

Vamos por partes. Lógico, se o crescimento de Dilma for real, uma possível aceitação de Aécio Neves para vice de José Serra, obviamente trará melhoras para o paulista. Mas não é garantia de que isto poderá reverter o quadro. A atual greve dos professores lembra muito o movimento ocorrido quando Francelino Pereira dos Santos era governador de Minas e, Paulino Cícero de Vasconcelos, o seu secretário de Educação. Foi quando o delegado de polícia do DOPS, Thacir Omar de Menezes Sia (as esquerdas sempre preferiram grafar o sobrenome dele como CIA) mandou jogar água nas mestras, à revelia de Francelino.

Na ocasião Paulino cometeu a infelicidade de dizer que a greve não tinha rosto. Foi o que bastou para a professora Maria de Lourdes Paraíso visitar todas as redações então existentes em Belo Horizonte se apresentando como “eu sou o rosto da greve”. Fui eu quem a recebi na redação onde trabalhava então.

A isto se alie a insatisfação geral do funcionalismo que ficou 14 anos, ao tempo dos governos tucanos, sem receber aumentos. Quando e quem irá repor tal perda. Creio ser uma tarefa hercúlea. O ex-governador mineiro Hélio Garcia não se cansava de dizer que “o funcionalismo público não elege ninguém, mas derrota”. Se isto for somado com a insatisfação existente no meio do funcionalismo paulista as perspectivas não são animadoras.

E Fernando Henrique Cardoso, que entre outras coisas doou o patrimônio nacional ao estrangeiro e inventou o infame fator previdenciário, cada vez que abre a boca para apoiar José Serra lhe retira mais votos. Hoje o povo tem plena consciência do que isto significa para os aposentados que perdem condições de vida e para os jovens, que no momento enfrentam um desemprego e falta de perspectivas brutais, e no futuro terão de enfrentar o que hoje enfrentam os aposentados, se é que algum dia poderão se aposentar. A síndrome do “nós somos vocês amanhã”.

Por outro lado a euforia dos “companheiros” não parece condizer com uma “vos rouca das ruas”, ainda não audível e que – não estou dizendo que acontecerá – mais diante de um eventual agravamento da crise econômica – se vier a se concretizar não me assustará. Quem foi que disse que não existe o “Sobrenatural de Almeida” enunciado por Nelson Rodrigues? E por que não pode existir o “Imponderável de Souza”?

A mesma crise já levou Paris de novos a viver em chamas, principalmente multidões de jovens queimando o que viam pela frente. E Paris tem o dom de contaminar o mundo. Não dá para esquecer os movimentos de 68, quando o exército francês de Charles De Gaulle teve de sair às ruas para conter os estudantes liderados por Daniel Cohn Bendit, o “Rouge”.

Hoje não são os estudantes movidos por uma ideologia que se escoou pelo ralo. São os pobres de Paris, os negros, os imigrantes, deserdados da sorte e da incúria dos homens, tanto em suas terras quanto nos países que pilharam as suas nações de origem, onde foram buscar sobrevivência. A lógica é simples. Imagine prezado internauta, se na rua onde você mora todos estiverem passando fome, sem um grão sequer de arroz para se alimentar e de repente este populacho souber que em sua casa está estocada toda a comida do mundo. O que é de esperar que possa acontecer? Por azar do capitalismo não se tem nem mesmo em quem jogar a culpa. É ele próprio frente a frente com as suas contradições.

Todos devem temer e muito aqueles que dispõem de toda a razão ou então os que nada têm a perder. Além de dar razão a tantos o mundo neoliberal está conferindo a milhões a perspectiva de nada ter a perder. Ninguém tem a obrigação de ser reflexivo, mas parar e pensar um pouco não custa nada. Afinal é preferível perder os anéis do que os dedos. E se não houver pão, não aconselhe ninguém a comer brioches.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.

geraldo.elisio@novojornal.com

domingo, 23 de maio de 2010

Fabrício Oliveira: “o passivo do governo de MG é crescente no tempo”.


Fabrício Oliveira - Foto: Mac Silva
Doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), professor da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro, em Belo Horizonte, e coordenador do Centro de Estudos de Conjuntura do Departamento de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o professor Fabrício Augusto de Oliveira é autor de vários livros sobre economia brasileira e finanças públicas, entre eles “Economia e Políticas das Finanças Públicas no Brasil” e “Subprime: os 100 dias que abalaram o capital financeiro mundial e os efeitos da crise no Brasil”.

Em 2010, produziu o artigo “Contabilidade Criativa: como chegar ao paraíso, cometendo pecados contábeis – o caso do governo do Estado de Minas Gerais“. Este trabalho examina o significado e a prática da Contabilidade Criativa, enquanto instrumento utilizado pelas administrações públicas e privadas para maquiar e apresentar resultados mais favoráveis de sua gestão. Na entrevista a seguir, o economista Fabrício Oliveira identifica práticas do Governo de Minas onde essa manipulação se manifesta.
 
BC- O que é a Contabilidade Criativa?

Fabrício Oliveira – A contabilidade criativa consiste em um artifício contábil utilizado pelos administradores públicos e privados para ocultar resultados negativos de suas atividades ou para produzir melhores resultados em relação aos que foram efetivamente alcançados. Trata-se, assim, mais claramente, de uma maquiagem da realidade patrimonial de uma entidade, por meio da manipulação de dados contábeis, para apresentar uma imagem mais favorável de seu desempenho. A não ser nos casos em que essa prática contábil provoca prejuízos para investidores, acionistas ou fornecedores, ela não se configura legalmente como crime, apenas se valendo de brechas, omissões e falta de melhor regulamentação das regras contábeis para produzir resultados mais favoráveis para a entidade privada ou pública. Mas, ao prejudicar a credibilidade das informações apresentadas, induzindo seus usuários a erros de avaliação, representa uma prática eticamente condenável.

BC-Os Relatórios do Tribunal de Contas de MG constatam que entre 2003 e 2006 os cálculos da Receita Corrente Líquida (RCL) realizados pelo Governo de Minas Gerais foram sempre superiores aos do Tribunal. O governo de Minas se valeu da Contabilidade Criativa para inflar sua receita e os resultados do programa “Choque de Gestão”?

Fabrício Oliveira – De fato, entre 2003 e 2006 e, em menor dimensão, também em 2007, o cálculo da Receita Corrente Líquida (RCL) realizado pelo Poder Executivo do Governo do Estado de Minas Gerais foi sempre superior ao realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG). Isso se explica por que o Executivo deixou, durante este período, de considerar várias deduções previstas em lei para a realização deste cálculo, incorrendo em duplicidade na contabilização de algumas de suas receitas e alargando, indevidamente, essa base. Só a partir de 2007 é que começou, efetivamente, a haver uma convergência desses valores, provavelmente devido a um acerto da metodologia entre as duas instituições. Ao inflar essa base, todos os indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal apresentaram resultados bem melhores do que os que vinham sendo alcançados.

BC- Ao alargar indevidamente a base da RCL, quais foram os benefícios alcançados pelo governo do Estado?

Fabrício Oliveira – Bom, é preciso considerar que o conceito de Receita Corrente Líquida dos governos é utilizado como parâmetro para o cálculo dos principais indicadores das finanças públicas previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, como, por exemplo, os de gastos com pessoal e de endividamento. No caso das despesas com pessoal, esse limite é de 60% para o conjunto do governo, ou seja, para os gastos do Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público, mas o limite prudencial é de 57%. No da dívida, o limite atual é de duas vezes o valor dessa receita para o governo se considerar perfeitamente enquadrado nas normas da Lei. Quando isso ocorre – esse enquadramento -, ele passa a ter condições legais de voltar a tomar empréstimos no mercado, ou seja, de lançar mão do endividamento como forma complementar de financiamento de seus gastos. Pelos cálculos do TCE isso só teria ocorrido a partir de 2006. Pelo do Executivo, em 2005, ano em que recebeu autorização das autoridades competentes para retornar ao mercado de crédito e para voltar a contratar dívida. Sem dúvida, um grande benefício, além do fato de que tal situação foi vendida para a população como resultado de uma administração competente no manejo e administração das contas públicas.

BC-O governo de Minas utiliza o critério do Resultado Orçamentário para mostrar que as contas públicas têm se apresentado superavitárias desde 2004. O senhor diz que este critério pode esconder desequilíbrios que não estão à vista. Quais são esses desequilíbrios?

Fabrício Oliveira – É preciso considerar que o conceito utilizado pelo governo, que é o de resultado orçamentário, pouco nos diz sobre a situação e o desempenho das suas contas. Isso porque ele contabiliza, do lado das receitas, de acordo com as normas da Lei 4.320, de 1964, as operações de crédito, que se referem a empréstimos contratados exatamente para fechar o orçamento. Assim uma situação de superávit ou equilíbrio pode estar ocultando uma situação de desequilíbrio das contas, quando essas receitas são desconsideradas. Em segundo lugar, porque os governos que renegociaram a dívida com a União, em 1998, não têm mais registrado, no orçamento, a parcela dos juros dessa dívida que não são pagos, transferindo-os diretamente para o seu estoque. Como o pagamento desses encargos está limitado em 13% de sua Líquida Real e, no caso de Minas Gerais, o estoque dessa dívida, que atualmente supera os R$ 50 bilhões, é corrigido pela variação do IGP-DI, acrescentado de juros reais de 7,5% ao ano, os juros pagos, que aparecem no orçamento, têm sido sempre bem inferiores aos efetivamente devidos. Essa diferença não aparece, contudo, no orçamento, sendo diretamente incorporada ao estoque da dívida. Se inscrita no orçamento, em lugar do superávit que o governo tanto alardeia, na sua estratégia de marketing, apareceria um déficit, às vezes bem elevado, indicando que não foi realizado nenhum ajuste estrutural de suas contas e que, ao contrário, o passivo do governo é crescente no tempo.

BC- Quais fatores contribuíram para o aumento da Dívida Líquida Consolidada (DCL) do estado de Minas Gerais que evoluiu de R$ 30,5 bilhões, em 2002, para R$ 52,2 bilhões em 2009?

Fabrício Oliveira – Não restam dúvidas de que são os encargos da dívida do governo renegociada com a União que têm – e devem continuar – alimentando o crescimento de seu estoque no tempo, já que os juros que são anualmente pagos, limitados em 13% de sua receita corrente líquida, são insuficientes para cobrir os juros totais, o que termina aumentando o seu estoque. Nesse estoque não se encontram contabilizados muitos precatórios e outras dívidas e também outros passivos ocultos ainda não reconhecidos, o que nos permite inferir que o endividamento do governo do estado é bem maior do que os números atualmente divulgados da Dívida Líquida Consolidada. Além disso, desde 2005, o governo voltou a contratar novos empréstimos para financiar investimentos, o que deve agravar sua situação financeira nos próximos anos e aumentar o comprometimento da receita com o pagamento de seus encargos, engessando ainda mais o orçamento estadual.

BC- O Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) diz que, ao contrário do que informa o governo de Minas, o estado destina para a saúde recursos bem abaixo do exigido pela EC 29, não raro figurando entre os estados que apresentam a piorperformance no cumprimento desta determinação constitucional. Porque há essa discordância entre os cálculos do SIOPS e do Governo do Estado?

Fabrício Oliveira – Isso também é  verdade. Desde 2004 o governo do estado tem divulgado que os gastos que destina para a saúde têm sido superiores ao índice mínimo estabelecido pela Emenda Constitucional n. 29, que é de 12% da receita de impostos e transferências constitucionais. O SIOPS, que é um órgão do Ministério da Saúde, e que foi criado com a finalidade específica de fazer o acompanhamento da implementação da EC 29 e verificar o seu cumprimento, não concorda com os cálculos do governo, pois considera que neste cálculo estão incluídas várias despesas que não representam gastos especificamente com as “ações e serviços de saúde”, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Resolução 322, do Conselho Nacional da Saúde, de 08/05/2003. Gastos com inativos do setor da saúde, com oferta de serviços para clientelas fechadas, com saneamento básico e mesmo com medicamentos/vacinas para animais são geralmente excluídos do cálculo deste índice pelo SIOPS. Em 2007, por exemplo, enquanto o governo do estado de Minas calculou que despendeu 13,3% de suas receitas com o setor da saúde, para o SIOPS esse percentual foi de apenas 7,09%. Em 2008, último ano de que se dispõe de cálculo deste órgão, o índice de Minas Gerais foi de apenas 8,65%. Para o governo do estado, de 12,2%. A inexistência de regulamentação dessa matéria, cujo projeto ainda se encontra em tramitação no Congresso Nacional, permite estes malabarismos contábeis sem nenhuma punição para o governo e ainda lhe dá argumentos para realizar propagandas sobre seu compromisso com o social, já que os números do SIOPS são desconhecidos. Essa situação, no entanto, pode mudar depois que essa matéria for regulamentada, como previsto na própria EC 29.

Página do Sind-UTE foi atacada por Hackers

Parece que a página do Sind-UTE - Sindicato Único dos trabalhadores em Edcação de MG - foi atacado por hackers.

 Ao tentarmos entrar no site, a página é bloqueada e aparece imediatamente uma mensagem de que esta é contaminada por programas maliciosos e que podem danificar o seu computador.

Isso aconteceu recentemente com os sites do PMDB e do PT duas vezes. Será que isso é obra da tucanalha?

sábado, 22 de maio de 2010

Comunidade criada por supostos alunos combatem a greve dos Professores

Uma comunidade criada por supostos alunos de escolas estaduais de MG no orkut, estão combatendo a greve e até convocando uma assembléia para o mesmo dia que ocorrerá a Assembléia dos Professores. Esta terá concentração inicial na praça sete e depois caminhará até a assembléia Legislativa para confronto com os professores.

É preciso que os professores fiquem atentos pois estão usando de todas as formas rasteiras para tentar até a  incriminar o movimento. Essa é a política Neoliberal do PSDB tem cara prá tudo. Mas o movimento não pode se deixar intimidar, pois, se isso acontecer, não volte mais para as salas de aula. Os mesmos supostos alunos que estão propondo isso, poderão fazer pior com os professores dentro de sala.

A luta deve continuar e ainda mais forte. Isso é sinal de desespero.

NÃO DESISTAM, POIS CIDADÃOS DE BEM ESTÃO COM VOCÊS, NOSSOS MESTRES.

APRENDAM QUE UMA PESSOA PODE FERIR SEU CORPO, MAS JAMAIS PODERÁ FERIR SUA EMOÇÃO A NÃO SER QUE VOCÊ PERMITA.

Veja detalhes da página inicial da comunidade no orkut.

Link da página





















GREVE MALDITA :@


descrição:
Prα todos os αlunos cαnsαdoOs dessα greve mαlditα quαse 2 meses sem escola !



Divulga pra geral:

Alunos das escolas estaduais


Dia 25/05 (proxima terça, ás 14:00 hrs da tarde,com concentração na PRAÇA SETE (Centro) e caminhada para a ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA( bairo santo agostinho)


MANIFESTAÇÃO CONTRA A GREVE !!

Precisamos acabar com esa greve agora ... Senão a próxima só será ...

~~> Dia 08 de Setembroo !!!!!!!

Façam seu cartazes,faixas e levem apitos,buzinas para fazermos bastante barulho :D

E se possível,seria bom todos levarem os uniformes de sua escola

REPRESENTANTES :
Marina ( Niinah ) E.E. Helena Guerra
Leandro ( Léo ) E.E. Ruy Pimenta Gabriela ( Gabii )
Joel ( Duque )E.E. Deputado Álvaro Salles
Mariana ( Marii ) E.E. Padre José Maria de Man

"Qualquer dúvida falar com os representantes"
idioma: Português (Brasil)
moderadores: Tαssiαne ², ॐ "
tipo: pública
privacidade do conteúdo: aberta para não-membros
local: Brasil
criado em: 18 de maio de 2010
membros: 4.594















Discurso da Dep. Cidinha Campos, vale a pena ver

PROFESSOR: Descaso dos poderes com a carreira

PROFESSOR

Descaso dos poderes com a carreira

Fonste: João Evilázio Gomes


O minguado provento do professor é inferior ao de muitas funções em que se exige apenas saber ler e escrever. Na escala de importância das carreiras, ela deveria ser a primeira, pois todos passam pelo caminho dos ensinamentos de um mestre. Porém, para os governantes, a carreira de professor é medíocre. E, as lutas de classe para conseguir o mínimo de seus direitos sagrados têm se transformado em angústia. Agora, o Tribunal de Justiça de Minas considera a greve ilegal, determina sua suspensão imediata, multa sindicato em R$30 mil a cada dia de paralisação, bloqueia a conta da instituição e Estado ordena corte do ponto. E a Justiça autoriza substituir professores, o que é proibido. Verdadeiro massacre.

Mas, em 2003, numa conduta ilegal, imoral, antiética e altamente desrespeitosa ao povo, triste exemplo de afronta e insulto à Nação, sem pensar no conjunto dela, juízes ameaçaram entrar em greve, fechar fóruns, impedir a entrada de advogados e funcionários, e pensaram até em arruinar o Brasil para garantir vantagens e privilégios próprios.

Aliás, os doutores de toga já ganhavam bem, tinham tantos benefícios, não cediam nada e ainda queriam mais, em uma época em que o governo teve até de decretar “guerra à fome”. Como os magistrados poderiam dar essa demonstração de desrespeito às leis, ousando paralisar as atividades do Judiciário? Se eles podem fazer greve, outras categorias profissionais também podem. E, os professores, por razões fortíssimas, podem muito mais.

HIPOCRISIA: Site do Exército publica versão polêmica sobre golpe de 64

Fonte: Vermelho

O Exército reescreveu a História do Brasil. Sua página na internet afirma que o golpe militar de 1964 foi uma opção pela democracia. “Eufórico, o povo vibrou nas ruas com a prevalência da democracia”, lê-se em um dos capítulos da sinopse histórica do Exército, intitulado Antecedentes e Revolução Democrática de 1964. O mesmo capítulo diz que “os recentes fatos da história contemporânea demonstraram que o povo brasileiro estava certo quando, na década de 60, optou pela democracia

A Agência Estado questionou o Comando do Exército sobre que fatos seriam esses. A resposta, por escrito: “A queda do Muro de Berlim e suas consequências, por exemplo”. A queda do muro, que abriu caminho à reunificação da Alemanha e representou o colapso do comunismo, aconteceu em 1989, quatro anos depois do fim do regime militar no Brasil.

Em outra resposta igualmente curta, a Força afirmou que “diversos historiadores no âmbito do próprio Exército foram responsáveis pelo texto”.

O site do Exército ilustra a sua versão desse período da história com fotos do comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, liderado pelo então presidente João Goulart, e da Marcha Família com Deus pela Liberdade. Ao lado da primeira foto, uma legenda afirma que, no comício de Jango, “ficou claro que as reformas de base seriam feitas na lei ou na marra”.

A versão do Exército contrasta com o livro Direito à memória e à verdade, editado pela Presidência da República em 2007. “Calcula-se que cerca de 50 mil pessoas teriam sido detidas somente nos primeiros meses da ditadura”, diz um dos trechos do livro.

O tema ainda é polêmico no governo, como mostrou a recente crise provocada pelo Programa Nacional de Direitos Humanos. Na semana passada, um novo decreto do presidente Lula retirou do texto expressões como “repressão ditatorial” e “perseguidos políticos”. Antes, Lula já havia concordado em criar a Comissão da Verdade não mais com foco na apuração de casos de violação aos direitos humanos durante o regime militar, mas num período mais longo da história do País, de quatro décadas.

Da redação, com AE

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Serra é "pai do higienismo" em São Paulo

Quando a reportagem chega ao escritório da Paróquia São Miguel Arcanjo, na zona leste de São Paulo (SP), o padre Júlio Lancellotti está de olho no e-mail. Depois de responder a uma ou outra mensagem, pula para o Twitter e consulta as últimas postagens. Curioso sobre o Vermelho, acessa pela primeira vez a página do portal e comenta duas matérias recentes — uma sobre o presidenciável tucano José Serra, outra com depoimentos do jornalista Altamiro Borges.
por André Cintra, no Vermelho
Colaborou Renato Torelli

É uma manhã fria de sexta-feira. Lancellotti, líder da Pastoral da Rua, aceitara conceder a entrevista ao Vermelho um dia antes, ao saber do tema da conversa — a “limpeza social” implantada em São Paulo a partir de 2005, inicialmente na gestão de José Serra (PSDB), depois no governo de seu sucessor, Gilberto Kassab (DEM). Desde o começo, o “padre dos povos da rua” foi um dos opositores mais veementes da política higienista demo-tucana.

Ele também co-responsabiliza Andrea Matarazzo, o ex-secretário municipal que, numa e noutra gestão, acumulou poderes e liderou a perseguição a moradores de rua. A troca de farpas entre Matarazzo e Lancellotti atravessou os últimos anos — com uma vantagem para o padre: ele não recorreu a jornalistas para agir como seus porta-vozes ou ghost-writters, nem tampouco partiu para a calúnia. Sua atuação foi sempre no âmbito político e ideológico.

“O que eu acho é que o José Serra e o Andrea Matarazzo são os pais — os expoentes — do higienismo em São Paulo. O que eles fizeram com os povos da rua foi um absurdo total, uma falta de sensibilidade”, declara Lancellotti ao Vermelho, na primeira parte da entrevista que abre a série “Povos da Rua — A ‘Faxina Social’ de Serra e Kassab”.

Ao denunciar as tais práticas higienistas — como a construção das chamadas “rampas antimendigos” —, Lancellotti atraiu a ira da dupla PSDB-DEM, a hostilidade de parte da grande mídia e até um tratamento irônico de setores da Igreja Católica. Pelo que dá a entender, não se desestabilizou. Ao contrário — seus depoimentos rebatem pontualmente a cada uma das polêmicas em que se envolveu.
Confira.

Vermelho: São Paulo é a cidade mais rica do Brasil, e seu PIB cresce acima da média nacional. Ao mesmo tempo — e apesar das inúmeras operações da Prefeitura no Centro —, o número de moradores de rua não para de crescer. Fala-se em ao menos 15 mil desabrigados, sendo metade deles na região central. Não é uma contradição?

Júlio Lancellotti: Não é, não. Marx já dizia que fatores econômicos não explicavam tudo. O que prevalece em São Paulo é uma política de negligência aos povos em situação de rua, e isso independe de qualquer situação econômica. Faltam políticas sociais. Quem está na rua não pode ser privado do direito mais elementar, que é o de ser reconhecido e tratado como um ser humano. Não é o fator econômico que vai determinar isso.

Vermelho: Como a posse de José Serra na Prefeitura, em 2005, alterou o tratamento à população de rua? Depois das chamadas “rampas antimendigos”, você chegou a acusar Serra e o subprefeito Andrea Matarazzo de “práticas higienistas”…

JL: O que eu acho é que o José Serra e o Andrea Matarazzo são os pais — os expoentes — do higienismo em São Paulo. O que eles fizeram com os povos da rua foi um absurdo total, uma falta de sensibilidade. Essas rampas não foram o único caso. Agentes da Prefeitura começaram a perseguir o povo da rua, jogar água em cima deles. Era uma ação corriqueira, cotidiana. Depois teve aquele banco feito para a pessoa de rua ficar só sentada. Várias entidades denunciaram o descaso, as aberrações.

Vermelho: Você foi acusado, pela Prefeitura e por publicações como a Veja, de tratar o morador de rua como um “intocável” — de querer tornar permanente uma situação pontual…

JL: Eles fazem muito isso — desqualificar o interlocutor —, como se a questão se reduzisse a isso. Diziam que eu devia ir morar na rua, já que eu gostava tanto dessa gente. Desqualificam quaisquer manifestações que cobrem políticas públicas sérias, construção de moradias para moradores de rua, criação de alternativas. E tentavam também dar aquela impressão: “Eu fiz tudo que podia, e ele (o morador de rua) não quis. Tem albergue, mas ele não vai porque não quer. Ele é que não gosta de tomar banho e, por isso, não vai”.

Vermelho: É uma forma de criminalizar o morador de rua, tratá-lo como um vagabundo?

JL: É como dizer que o morador de rua não faz isso ou aquilo porque não gosta de regras. Você vai trabalhando essa animosidade no imaginário popular, na opinião pública, contra essas pessoas da rua, como quem diz: “Tem possibilidade. Eles é que não querem”.

Vermelho: Toda a administração municipal seguia essa mesma linha?

JL: Houve um episódio — e aí são as contradições da história — em que uma moradora de rua morreu em frente a um posto de atendimento na zona norte. A doutora Cristina Cury, secretária de Saúde do Serra, declarou que a moradora “morreu onde vivia”, e nós protestamos de maneira muito forte contra a fala dela. Então ela me ligou para pedir desculpas. E eu disse: “Doutora, a sra. não tem de pedir desculpas para mim. A sra. tem de ouvir os agentes comunitários de saúde da rua”. Aí ela recebeu 11 agentes e ficou tão impressionada com o relato deles que resolveu multiplicar o trabalho.

Vermelho: Dá para dizer que o conjunto da administração demo-tucana não era 100% afinado com essa política higienista?

JL: Na Secretaria da Saúde, como eu disse, nós conseguimos brechas. Já na Secretaria de Assistência Social, com o Floriano Pesaro, a parada foi dura. Hoje ele é vereador e se considera “o pai do povo da rua”. Uma vez, diante das câmeras, o Floriano me disse para todos ouvirem: “Te dei R$ 400 mil e você quer manter este povo na rua”. Eu respondi: “Não, nem você me deu, nem o dinheiro era para mim”.
Ele não pode fazer isso. Essas coisas são feitas através de ações públicas, que têm de ser transparentes. Você, se está na Prefeitura, não dá dinheiro para uma entidade porque você quer. Há fiscalização. Se ele me desse dinheiro público e eu aceitasse, os dois deveriam ser acusados de prevaricação, de improbidade.

Vermelho: Com a transição do Serra para o Kassab, melhoraram as relações entre a Prefeitura e os moradores de rua?

JL: O que acontece com a administração Kassab é que ela é muito dividida, muito partida. A presença do Matarazzo e de outros expoentes do PSDB lá dentro tornou tudo muito difícil. Com o tempo, alguns foram saindo, mas uma renca deles ainda continua lá. A gente tem tido muitos problemas com a Guarda Civil, que é ligada ao (secretário municipal de Segurança) Edson Ortega. Como todo expoente do PSDB, sua especialidade é a desqualificação do interlocutor. Eles são doutorados nesse assunto. É interessante que essa violência para desqualificar o interlocutor seja uma característica do pessoal do PSDB.

Vermelho: Numa entrevista ao Vermelho, o jornalista Luis Nassif atribuiu ao FHC a gênese dessa tendência tucana de ver políticas sociais de forma obscurantista, de tachar de “provinciana” tudo que é manifestação popular…

JL: Foi bom você falar nisso, porque há uma coisa no PSDB que é de uma maldade, uma ironia que é cáustica. Outro dia, fomos falar com o secretário Edson Ortega, e ele nos disse assim: “Mas eu não aguento ver uma pessoa caída na rua. Isso é um crime de lesa-humanidade. Vocês querem que essa pessoa, coitada, continue na rua? Não podemos deixá-la nessa situação. Nós temos de retirá-la da rua, ela queira ou não. Ver uma pessoa na rua é criminoso, atenta aos meus valores éticos e morais. Isso é da minha formação — eu sou assim, sou humanista, não posso ver”.

O discurso do PSDB entra por aí. É teatral. Eles se apropriam de um discurso que é humanista, mas que deforma a boca, porque não é verdadeiro. Você ouve e soa como ironia. A pessoa diz que é “humanista”, e é capaz de ela pegar um lenço para chorar, mas você vê que não é real. E ele repete: “Mas você quer que ele fique lá deitado na rua, morrendo de frio. Eu vou mandar recolher”.

Vermelho: A Alda Marco Antonio, vice-prefeita e atual secretária de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, disse que a Prefeitura vai deixar de tratar o morador de rua à noite, no albergue, e começará a tratá-lo durante o dia. Para isso, mostraram até duas tendas. Essa lógica tem alguma eficácia?

JL: É uma tentativa de resposta diferente. O “Jardim da Vida”, que o pessoal chama de tenda, é uma forma de atingir uma população de rua que não é atingida por ninguém. É um método em que se diminuem aquelas barreiras de acesso — o morador de rua não precisa ter documentos, pode até estar bêbado, não precisa estar vinculado a algum trabalho. Essa foi o choque com o Andrea Matarazzo. Percebe a contradição? Com toda a limpeza social, na cara do Centro da cidade se abrem dois espaços informais onde querem estabelecer vínculos com a população de rua, e ela não é obrigada a nada.

Vermelho: E o fechamento de albergues? Faz algum sentido?

JL: Você tem de ver exatamente o que isso significa. Nós, junto ao movimento, temos uma linha: mais do que albergue, queremos ter moradia — moradias comunitárias, repúblicas terapêuticas, pensões sociais. Tem muita coisa provisória, mas queremos uma política de acesso à moradia definitiva, para pessoas com baixíssima capacidade de endividamento. Hoje uma das áreas mais fossilizadas da Prefeitura é a habitação. O que a Secretaria de Habitação fez?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

PROFESSORES DE MG: LIÇÃO DE CIDADANIA

Os últimos governos de MG têm promovido arroxos salariais nunca vistos no estado. Hoje, o salário bruto de Professor com curso superior  não chega a dois salários mínimos, com os descontos cai para menos de um salário mínimo e meio.

Esta é a eficiência em gestão pública pregada pelo PSDB (Piores Salários do Brasil). Existe um provérbio: "Quando se espreme muito, a coisa acaba saindo pelos dedos." E foi o que aconteceu. A classe já não aguenta mais e resolveu ir para o "tudo ou nada".

Primeiro, peitou o autoritarismo de um governo tupiniquim, que arrogante não negociava e sempre conta com a mídia para maquiar e manipular e, um aparato policial, este sim muito bem pago para o proteger e tentar intimidar os movimentos sociais e dos trabalhadores. Não tendo sucesso, "usou" a justiça para tentar intimidar a classe e oprimir mais uma vez trabalhadores que vem sendo "pisoteado" por governos sem nenhuma sensibilidade social. Não adiantou. A Justiça também já está desmoralizada. Segundo Jornal Hoje em Dia, na capital mineira 60% dos belorizontinos não confiam na justiça.

A última do governo foi tentar ludibriar os professores com modificações em propostas para o fim da greve. Parece que também não deu certo. Será que o governo está em seu inferno astral?

Mas diante de tudo isso, não podemos deixar de parabenizar esta classe que vem dando uma lição de cidadania e dignidade ao povo brasileiro e basta.

Chega de governos fantasiosos que só se sustentam pela mídia corporativa e cúmplice.

Chega de instituições que insistem em defender seu STATUS QUO  e não representar a sociedade, isso sim, sua finalidade constitucional. 

Chega de submissão, vivemos numa democracia e queremos uma democracia de fato.

PARABÉNS, POR MAIS UMA LIÇÃO! E NÃO DESISTAM, POIS, OS CIDADÃOS DE BEM ESTÃO COM VOCÊS, HERÓIS E MESTRES.

Cloaca News: Serra pagou para ter motoqueiros em carreata

Saiu no Cloaca News:

Em sua passagem por Juazeiro do Norte, Ceará, onde foi pedir a benção de Padim Ciço, o tucano Zé Chirico foi recepcionado por uma legião de motociclistas, que o acompanhou pela cidade desde o Aerporto do Cariri. Sabemos agora o motivo da calorosa recepção: a distribuição, pela campanha de Serra, de um vale-combustível no valor de R$ 20 a cada “manifestante” sobre duas rodas.

Não é nada, não é nada, é bem mais que o vale-cachorro-quente distribuído por Yeda Crusius aos “militantes” tucanos às portas do Palácio Piratini, em Porto Alegre.

Os detalhes da carreata serrista em Juazeiro do Norte podem ser lidos aqui.

Clique aqui para ler.

terça-feira, 18 de maio de 2010

"Ditabranda": Folha convoca general exonerado para caluniar Dilma

Fonte: Vermelho

17 de Maio de 2010 - 15h27
O general Maynard Marques Santa Rosa, encrenqueiro de extrema-direita, esperou passar à reserva para soltar de vez os cachorros.

Por Celso Lungaretti*
Na ativa, ele frequentou o noticiário em três episódios:

– em 2007 criticou a conduta do Governo Lula na demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima;
– em 2009, juntamente com dois outros generais linha-dura, combateu o novo organograma das Forças Armadas, que afastava ainda mais os militares do poder;
– em fevereiro/2010, qualificou a Comissão Nacional da Verdade de "Comissão da Calúnia" num e-mail que vazou ou foi plantado na imprensa.

As duas primeiras indisciplinas saíram relativamente baratas, mas a terceira lhe acarretou a humilhante exoneração do Departamento-Geral de Pessoal do Exército, para encerrar a carreira "indo fazer nada no gabinete do comandante até 31 de março, quando cai na reserva", conforme escreveu então a colunista Eliane Cantanhêde.

Agora, com a pensão garantida, ele se permite ser mais inconveniente e boquirroto ainda.

Diz que 95% do Exército pensa como ele, mas, nesta eventualidade, o Governo Lula já teria sido derrubado; o mais provável é que a proporção seja a inversa, restando apenas 5% de velhos gorilas obcecados em esconder os esqueletos que têm no armário.

Quem liga, afinal, para as rabugices de um milico em pijamas?

A Folha de S. Paulo, claro! O jornal adora dar espaço para um personagem bizarro como esse.

Serve para despertar algum interesse, nem que seja pela rejeição que provoca. E isto sempre dá algum fôlego para um veículo que está perdendo leitores a olhos vistos.

Afora o fato de que, contestando e até zombando da direita mais caricata, a Folha se faz passar por equilibrada, apesar de compartilhar vários posições com os trogloditas. Quanto aos que resistiram pelas armas à ditadura de 1964/85, p. ex., a postura do jornal da ditabranda em nada difere da do Ternuma.

De resto, vou resumir o besteirol ao qual a Folha dedicou uma página de sua edição desta 2ª feira (17). As palavras são do general, o que eu fiz foi reagrupá-las para não desperdiçar mais espaço ainda.
"O presidente Lula está rodeado de pessoas impregnadas de preconceito e ideologia. O governo tem várias caras. Ideologicamente, é intolerante, autoritário. Não sei se o presidente é usado ou se ele usa esse grupo para promover seus interesses.

"O Programa Nacional de Direitos Humanos pretende regular uma sociedade inteira institucionalizando mecanismos ilegais. Casos da inserção no processo judicial de reintegração de posse, que transcende a lei; e da estimulação da degradação dos costumes à revelia da tradição cristã que temos, ao estimular a homoafetividade — contra a qual, na estrutura militar, existe uma rejeição inata.

"O PNDH-3 foi fabricado de fora. Se você pesquisar a similitude entre a Constituição venezuelana, equatoriana e boliviana, que são clones adaptados aos seus países, vai verificar qual é a origem. Isso tudo é uma composição internacional, organizada para implantar uma ditadura comunista. Primeiro, transformar os costumes da sociedade, para, por último, implementar o sistema totalitário.

"Se se conseguisse abrir a Comissão da Verdade, o resto seria facilmente alastrado. Houve uma reação institucional à qual até o ministro Nelson Jobim aderiu, reconhecendo que iria causar uma desarmonia grande. Então, ele contrapôs aquele protesto que levou o presidente a flexibilizar a redação do plano.

"O regime militar foi autoritário, mas não totalitário. A imprensa, p. ex., foi amplamente livre. Só teve censura no momento de pico, a partir do AI-5. Se não houvesse um enrijecimento político naquela oportunidade, poderia se perder o controle. Tratou-se, enfim, de um regime emergencial, um mal que livrou o país de um mal maior.

"A tortura nunca foi institucionalizada, é um subproduto do conflito. A tortura começou com os chamados subversivos. Inúmeros foram justiçados e torturados por eles próprios, porque queriam mudar de opinião. A tortura nunca foi oficial.

"Sinceramente, não sei de nenhum caso [de pessoas torturadas e/ou assassinadas, de moças grávidas torturadas depois de presas], o que existe é produto de imaginação.

"A ex-ministra Dilma Rousseff diz que foi torturada, mas... só no Brasil, a pessoa que sobrevive, e está com boa saúde, alega a tortura para ganhar os benefícios, sejam políticos ou de pensão.

"Vocês conhecem algum ex-torturado cubano, russo ou chinês? Não existe, porque lá não se deixava sair da prisão. Então foi a bondade, entre aspas, dos torturadores brasileiros que permitiram que saíssem. Institucionalmente, legalmente, não houve tortura. Não posso afirmar que, fora do controle, não tenha havido.

"Instituir a Comissão da Verdade seria justo se os dois lados dissessem a verdade. Se você perguntar a Dilma Rousseff quantas pessoas ela assaltou, torturou, matou... Ela alega que não matou ninguém, mas sabe-se que tem vítima."


Preconceitos, falácias, contradições e asneiras à parte, há uma providência inescapável a ser tomada: para defender e honrar sua biografia, Dilma Rousseff tem de interpelar judicialmente o general Maynard, que a qualificou de assaltante, torturadora e assassina, colocando-o na saia justa de apresentar provas do que afirma ou admitir que fez falsas acusações.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=6&id_noticia=129504

Fátima Oliveira: QI emocional e os mil leitos da Santa Casa

QI emocional & coisas e loisas de biscuit, de papel machê…

FÁTIMA OLIVEIRA

Médica – fatimaoliveira@ig.com.br

“Há um tempo pra tudo.” Aprendi, aos trancos e barrancos, nas estradas da vida, que há. Sem fatalismos. E saber ler nas entrelinhas, que é um aprendizado custoso, que há coisas que acontecem que independem de nós, favorecem conforto mental, que é uma coisa que aprendi a prezar. Eu não ligava muito pra isso, mas adquiri a sabedoria de me importar, pois, se eu não zelar por ele, não restará mais ninguém no mundo que possa fazê-lo por mim.

“Que diacho é isso de conforto mental?”, foi o que indagou uma amiga, certo dia, quando eu filosofava sobre o assunto. “Na intimidade, você é de uma zenzice que assusta. Não parece, com toda essa energia com que faz tudo, mas seu estilo é zen”. Disse-lhe que, a rigor, não sei muito bem, mas é um conceito que fui construindo ao longo da vida para sobreviver com dignidade. Uma espécie de fortaleza e de oásis. Um lugarzinho onde mato a minha sede. “E refrigera a alma? Será? Mas você não acredita em alma… Paz espiritual também não é porque quem não crê em alma também não acredita em espírito… Nem no inferno. No inferno, talvez, pois, como disse Sartre, ‘O inferno são os outros’”. Era pra rir.

Enveredamos pela inteligência emocional, coisa quase indefinível e multifacética, muito em moda. E tricotamos até ela soltar: “Taí! O que explica Lula é a sua extraordinária inteligência emocional? Ele possui algo que o torna tão especial e carismático. E é isso que os quatrocentões e os de cultura quatrocentona não suportam! E alguém já testou a inteligência emocional do Serra? Da Dilma? E da Marina? QI emocional é da maior importância na escolha presidencial porque meu votinho não vai engalanar burrice emocional de jeito maneira… Imagina o que será de nós com esse Brasilzão de meu Deus tocado por asnice emocional…”.

“Viemos jogar conversa fora ou falar do de sempre: política, doença, doentes, prontos-socorros entupidos e gente saindo pelo ladrão? Temos de falar disso o tempo todo? Passa!” Concordou. Mas, antes, queria entender por que insisto em dizer que a arrogância da classe média vira bolha de sabão quando chega ao SUS e não há leito. Agora, indaga pelos mil leitos da Santa Casa. “Disseram que tenho de vir aqui pra pegar uma vaga na Santa Casa”. Uma paranoia que ocorre porque, pro azar do povo, a Santa Casa não tem mais entrada de urgência. E faz tempo. E faz falta. E é um absurdo.

“A prefeitura de Beagá fez uma propaganda pesada dizendo que ‘disponibilizou’ novos mil leitos – milzinho mesmo – e as Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) e os pronto-socorros continuam superlotados… Novos mil leitos só de enfeite?” Perplexa, retruquei: “Acreditou? Errou de santa! Você e toda a Grande Beagá. O ‘Santa Casa 1000 Leitos SUS’ é a conta-gotas. Nada de novos mil leitos. Ela já possuía 757; serão ativados 343 para totalizar mil: cem em 2009; mais cem em 2010; e o restante em 2011! Vai demoraaaar…”.

Foi então que, numa tarde amena de outono, cunhamos a terminologia de “mil leitos de biscuit” (ou de papel machê?), algo assim como mil leitos decorativos, que gente não pode usar, pois se desmancham no ar… “Faz sentido! São objetos de decoração…”.

E, já sem conforto mental, cá com meus botões murmurei: “Até lá a prefeitura talvez tenha resolvido, sem parábolas, essa equação político-administrativa, pois de fato o número que ficou na cabeça do povo não bate com a realidade. Deve haver uma explicação razoável, fora dos limites do marketing, para tamanha confusão”.

Publicado em: 18/05/2010
FONTE: www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdColunaEdicao=11696

Receita Natural para "Limpeza" dos Rins

Limpe seus rins por menos de 1,00€!


Os anos passam e nossos rins vão filtrando nosso sangue para remover o sal e outros intoxicantes que entram no organismo.

Com o tempo, o sal se acumula e precisamos de uma limpeza. Como fazer isso?

De um modo simples e barato: Pegue um maço de salsa e lave bem. Corte bem picadinho e ponha em uma vasilha com água limpa. Ferva por 10 minutos e deixe esfriar. Coe, ponha em uma jarra com tampa e guarde na geladeira.

Beba um copo todos os dias, e você vai perceber que o sal e outros venenos acumulados nos rins saem na urina.

Você vai notar a diferença!

Virtudes da salsa

Há muitos anos a salsa é reconhecida como o melhor tratamento de limpeza dos rins. E é um remédio natural!

A salsa é uma das ervas com propriedades terapêuticas menos reconhecidas. Ela contém mais vitamina C do que qualquer outro vegetal da nossa culinária (166mg por 100g). Isso é três vezes mais que a laranja.

A salsa contém também ferro (5.5mg /100g), manganésio (2.7mg / 100g), cálcio (245mg / 100g) e potássio (1mg / 100g) .

De acordo com o Padre Kniepp, essa planta é um poderoso diurético, curando a retenção de água no organismo, sendo recomendada para pedra nos rins, reumatismo e cólica menstrual.

Sua alta concentração de vitamina C ajuda na absorção de ferro.

O suco de salsa, sendo uma bebida natural, pode ser tomado misturado com outros sucos, 3 vezes ao dia.

As folhas podem ser mantidas no congelador, e seu uso é recomendo na culinária diária, pois além de saudáveis, dão óptimo sabor a qualquer receita.





segunda-feira, 17 de maio de 2010

Chegou a hora da virada: “Vamos dar o troco”

Fonte: Novo Jornal

Repetindo 1981, quando a população insatisfeita com o governo militar e sufocada pela mídia comprada virou o jogo através das eleições


A repressão política somada ao clima artificial montado pelo Palácio da Liberdade através da imprensa integralmente comprada e subserviente causou no povo mineiro uma unidade jamais vista.

Anos antes, outra campanha de publicidade tinha proporcionado em nível municipal uma enorme vitória. Tratava-se da: “Eu sou do MDB, você sabe por quê?”. Na época o MDB representava a única opção de oposição ao regime.

Os outdoors foram pichados pela polícia política do regime. A memória dos atuais formuladores da política de comunicação do Palácio da Liberdade, devido à sua pouca idade ou porque não moravam em Minas, não alcança esta época. Desta forma, a surpresa deverá ser enorme.

Não por outro motivo ambas correntes do PT constataram a enorme vontade do povo mineiro em votar no candidato do PT ao Governo de Minas. Imagina ser esta a grande oportunidade do Partido dos Trabalhadores de assumirem o Palácio da Liberdade.

Na época a disputa dentro do PDS pelo capital “político”, assim como hoje, era enorme.

Restou Eliseu Resende, com o Governo federal, estadual e municipal para enfrentar Tancredo Neves.

Ao final, ocorreu a virada.

Enganam-se aqueles que pensam que os mineiros respondem pesquisas com sinceridade.