terça-feira, 30 de março de 2010

PM embarcou em Osasco no ônibus dos professores

CORREÇÃO: A matéria divulgada, O mundo bizarro de José Serra, em que uma pessoa parece caregando um PM "machucado", pode ser outro PM que se infiltrou no movimento dos professores como descrito abaixo. Coisa da época da ditadura ou de José Serra.

Fonte: Vi o mundo
por Conceição Lemes

Isabel Azevedo Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) recebeu nesta segunda-feira, logo cedo, uma ligação de um colega da subsede de Osasco: “Aquele rapaz que socorreu a policial é um professor daqui da cidade. Nós vamos encontrá-lo, para esclarecer tudo isso”.

Diretores de subsede da Apeoesp de Osasco passaram a manhã e a tarde investigando. Tinham lembrança de tê-lo visto. Conferiram listas dos que vieram para a assembleia da sexta-feira, no Palácio dos Bandeirantes. Conversaram com muitos colegas e descobriram: o suposto professor é um policial militar do serviço reservado (ou secreto) da Polícia Militar paulista. É um P2.

A caráter (barbudo, jeans, mochila nas costas), o policial infiltrado embarcou no ônibus dos professores de Osasco, como se fosse um deles. Daí o pessoal da subsede de Osasco ter achado inicialmente ele que era um colega.

Isso derruba três versões. A primeira, de que o PM não-identificado “era um dos policiais da região, que estavam empenhados na operação”. A segunda e a terceira foram dadas hoke: a de o policial militar à paisana “estava no local” (como foi dito ao Viomundo) ou “passando” pela manifestação (como foi dito ao Terra Magazine). Isso explica ele ser barbudo. Justamente para se fazer passar por profesor. Falta saber qual era a missão dele lá. Levantar informações sobre o andamento do movimento? Fazer provocação? Ou o quê?

“A partir dessa noite uma das hipóteses que passamos a considerar é a de armação para sensibilizar a sociedade e jogá-la contra os professores”, lamenta a presidente da Apeoesp. “A figura da policial feminina, frágil, indefesa atacada por nós, professores, uns bárbaros. Curiosamente o capacete dela está direitinho. A roupa alinhada. Para quem levou uma paulada, como disse a PM, é estranho. Os dois muito arrumadinhos, ajeitadinhos…Esquisito demais. ”

“O fato é que seremos mais rigorosos na fiscalização de quem entra nos nossos ônibus ”, cogita Isabel Noronha. “Talvez passemos a exigir o holerit, para ter certeza de que aquela pessoa é professora mesmo e essa história não se repita.”

sábado, 27 de março de 2010

Serra se revela um inimigo da democracia e da classe trabalhadora

Fonte: Vermelho


Escrevo estas linhas em meio a telefonemas de denúncias sobre presos e torturados pela Polícia Militar de José Serra na manifestação desta sexta-feira (26) nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Denúncias de grotescas armações realizadas por policiais que se passaram por manifestantes, abafadas para dar lugar ao assumimento da candidatura a presidente do governador do Estado mais rico e que paga o Pior Salário Do Brasil para o funcionalismo público.

Texto e foto: Leonardo Severo*

Também escrevo com dor, intensa, devido às queimaduras nos dois braços e mãos provocadas pelos sprays químicos, covardemente atirados pelos policiais militares sobre quem fotografava de perto, documentando próximo demais para quem tudo quer encobrir. Depois, a versão oficial ganha as tintas da verdade nos jornalões e informação mercadoria cobre as emissoras de rádio e televisão.

Gás pimenta contra jornalistas

Antes de dar continuidade, cito o saudoso conterrâneo Apparício Torelli, mais conhecido como o Barão de Itararé, que daria boas risadas do cenário montado por José Serra nos meios de comunicação. Uma mídia que até para ser venal podia ter algum limite. Vendo o quão tosca foi a cobertura, quão partidarizada e ideologizada em favor do escárnio dos educadores, não há como fazer chacota deste tipo de “jornalismo”.

Dizia o Barão: “Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga” e que “a televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana”..

Vamos aos fatos:

Foi montada uma barreira impedindo o deslocamento de dezenas de milhares de professores em greve que, enfrentando a chuva e os inúmeros bloqueios da Polícia Militar, conseguiram chegar até a avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi.

O comando da paralisação, que Serra diz ser de 1%, até o dia de hoje não havia conseguido sequer ser recebido pelo governo. Nesta sexta uma comissão foi recepcionada finalmente no Palácio, mas o mesmo governo que alega não haver greve, diz que só iria negociar com a volta à aula dos grevistas.

Naquele mesmo instante, sob ordens do governador que já havia fugido da cidade, pessoas vestidas com a farda da Polícia Militar abriram fogo contra manifestantes que queriam respaldar a negociação, mas foram recebidos com golpes de cassetetes, balas de borracha e bombas de efeito “moral”. Tinham que ficar no seu lugar. Ali era local reservado a autoridades e bacanas. Os professores não eram nenhum dos dois.

Diante do impasse e da decisão do governo tucano de manter o arrocho salarial – os professores acumulam perdas de 34,3% -, da continuação do escárnio da política de bônus, provinhas e provões, sem qualquer Plano de Carreira, com as salas superlotadas, com os laboratórios e bibliotecas caindo aos pedaços, com o fechamento de turnos e escolas, a greve continua. E nova assembleia foi convocada para a próxima quarta-feira, dia 31 de março.

Só truculência

Com as costas perfuradas por duas balas de borracha, Thiago Leme, professor de biologia da Escola Estadual Metalúrgico, em São Bernardo do Campo, relatou: “Não espero absolutamente nada deste governo, somente que saia o mais rápido possível. Somos uma categoria profissional digna e deveríamos ser tratados como seres humanos. Infelizmente, a imprensa é parte deste sistema corrupto e vamos ter amanhã as versões dos fatos que eles inventarem sobre hoje”.

Com as duas pernas sangrando, atingidas por bombas de efeito moral, Sílvio Prado, professor de História de Taubaté, desabafou: “Deste governo a gente não pode mais esperar nada, só truculência”.

Sindicalista, Policial Civil, Jeferson Fernando foi confundido com um professor, mantido preso e espancado por cerca de três horas e levado ao 34ª DP de Francisco Morato. Com a roupa rasgada e acompanhado por dirigentes do Sindicato, Jeferson foi até a Corregedoria denunciar os inumeráveis abusos dos quais foi vítima.

Professor de Filosofia em Jundiaí, Fernando Ribeiro presenciou quando um dos muitos policiais infiltrados pelo governo na manifestação “tentava atear fogo em um veículo, buscando incriminar os manifestantes”. Com o policial à paisana identificado, professores e estudantes saíram à caça do marginal que buscou refúgio entre os policiais militares. “Tentaram colocar fogo no carro para culpar o protesto. Como agiram com muita força, numa ação desproporcional, queriam uma justificativa”.

Governo perdeu a cabeça

Coordenador da representação do funcionalismo público estadual e vice-presidente estadual da CUT, Carlos Ramiro de Castro (Carlão) foi atingido na testa por um estilhaço de uma das bombas lançadas a esmo pelos policiais. Tranquilo, Carlão foi categórico: “O governo perdeu a cabeça e está desesperado. A razão está do nosso lado, venceremos!”

A professora Maria Izabel (Bebel), presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Público Oficial do Estado de São Paulo), também denunciou os provocadores "infiltrados" pelo governo estadual para deslegitimar a manifestação pacífica e exortou a categoria a ampliar a mobilização e se fazer presente na próxima quarta-feira na Paulista. “Tentaram nos colocar de joelhos, mas estamos aqui, de cabeça erguida, exigindo o respeito que esta maravilhosa categoria merece”.

A presidenta da União Municipal dos Estudantes de São Paulo (UMES), Ana Letícia, sublinhou que “os professores nos enchem de orgulho pois estão enfrentando com garra e coragem a covardia e a mentira do desgoverno Serra. Contem conosco para seguir em frente na defesa da melhoria da qualidade do ensino público”.

De acordo com o deputado estadual Roberto Felício (PT), o simples fato das direções de escola terem sido instruídas pelo governo a não informarem sobre a paralisação é um forte indício do respaldo do movimento junto à categoria, “que está na linha de frente, pois não foge da luta”.

Sem freio

Conforme o deputado estadual Major Olímpio (PDT), liderança dos policiais militares, o que o governo estadual fez foi usar de toda a sua truculência e o seu aparato repressivo em vez de abrir negociação com os professores. “Os manifestantes vieram para dialogar, mas o governo tucano os recebeu como numa guerra”, frisou.

Para os incautos que ainda alimentavam alguma ilusão em relação ao caráter de José Serra, vale o comentário de um ex-amigo seu, Flávio Bierrenbach, ex-deputado e ministro do Superior Tribunal Militar: “Serra entrou pobre na Secretaria de Planejamento do Governo Montoro e saiu rico. Ele usa o poder de forma cruel, corrupta e prepotente. Poucos o conhecem. Engana muita gente. Prejudicou a muitos dos seus companheiros. Uma ambição sem limite. Uma sede de poder sem nenhum freio".

Agora, vamos freá-lo!

*Leonardo Severo, jornalista, é editor do Portal da CUT

Emir Sader: Quem acredita na FSP (Força Serra Presidente)?

27/03/2010

por Emir Sader, no seu blog

Menos de duas semanas depois de ter que se render às inquestionáveis tendências de subida da candidatura da Dilma e de estagnação e até mesmo descenso da de Serra, a FSP (Força Serra Presidente) se apressou em fazer uma nova pesquisa, que nem esperou a tradicional divulgação de domingo, saindo no sábado.

Sem que nenhum fato político pudesse explicar, fizeram o que se imaginaria que um adepto da campanha serrista faria: levantar o animo depressivo da campanha opositora, tentando evitar o anti clímax do lançamento no dia 10 de abril da candidatura do Serra.

A manipulação – que já havia estado presente na não qualificação de empate técnico na diferença de 4 pontos – agora se revela abertamente. A FSP (Força Serra Presidente) faz parte da direção da campanha do Serra e qualquer divulgação de pesquisa tem que ser caracterizado como manobra da campanha opositora.

Quem acredita na FSP (Forca Serra Presidente), depois de tudo que tem feito, desesperadamente, particularmente nestes últimos tempos, em que tiveram que abandonar a postura de aparente segurança na vitoria do seu colunista, o atual governador de São Paulo (ex presidente da UNE e ex prefeito de Sáo Paulo, ambos cargos abandonados por ele sem concluir o mandato), para se jogar, já sem nenhum escrúpulo, na campanha serrista?

Quem acredita no jornal que emprestou seus carros para dar cobertura à repressão da ditadura militar? Quem acredito no jornal que anunciou que haveria dezenas de milhões de vitimas da gripe suína no Brasil? Quem acredita no jornal que divulgou ficha falsa da Dilma? Quem acredita no jornal que publicou na primeira pagina artigo de suposto psicanalista acusando o governo de ter assassinado (sic) a mais de cem pessoas no acidente da TAM em Congonhas?

Quem acredita na FSP (Forca Serra Presidente), dirigida pelo filho do proprietário e não por nenhum tipo de eleição publica e democrática? Quem acredita em quem dirige o jornal porque é Frias Filho, filho do dono e não por algum tipo de mérito próprio que pudesse ter?

Quem acredita na FSP (Forca Serra Presidente) se o candidato que apóiam é colunista permanente do jornal, circula pela redação como se fosse sua casa, indica jornalistas vinculados a ele para cargos do jornal – como a diretora da redação de Brasilia, colunista da página 2, indicada por ele, conforme declaração de membro do Comite Editorial do jornal?

Como acreditar na FSP (Forca Serra Presidente) se se transformou no Diario Oficial Tucano (DOT), partido da direita brasileira, que dirigiu catastroficamente o país durante 8 anos – tendo mudado a Constituicao durante seu mandato para se beneficiar, com a compra de votos de parlamentares -, com todo o apoio desse jornaleco da Barão de Limeira?

Quem ainda acredita na FSP (Forca Serra Presidente)? Como se fez campanha no Chile, com Allende, contra o correspondente dessa imprensa no Chile, com o lema EL MERCURIO MIENTE, aqui devemos espalhar por todas partes, sobre a FSP (Forca Serra Presidente) e sobre seus congêneres, plásticos e toda forma de divulgação com o lema:

A FOLHA MENTE

O GLOBOMENTE

A VEJA MENTE

O ESTADAO MENTE.

Porque A DIREITA MENTE.

O mundo bizarro de José Serra

Texto escrito por Leandro Fortes.

Uma obra prima, texto e foto.

Muito ainda se falará dessa foto de Clayton de Souza, da Agência Estado, por tudo que ela significa e dignifica, apesar do imenso paradoxo que encerra. A insolvência moral da política paulista gerou esse instantâneo estupendo, repleto de um simbolismo extremamente caro à natureza humana, cheio de amor e dor. Este professor que carrega o PM ferido é um quadro da arte absurda em que se transformou um governo sustentado artificialmente pela mídia e por coronéis do capital. É um mural multifacetado de significados, tudo resumido numa imagem inesquecível eternizada por um fotojornalista num momento solitário de glória. Ao desprezar o movimento grevista dos professores, ao debochar dos movimentos sociais e autorizar sua polícia a descer o cacete no corpo docente, José Serra conseguiu produzir, ao mesmo tempo, uma obra prima fotográfica, uma elegia à solidariedade humana e uma peça de campanha para Dilma Rousseff.


Inesquecível, Serra, inesquecível.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Imprensa quer calar Lula

Fonte: Eduardo Guimarães



Na última quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a cobertura da imprensa ao seu governo. Alguns dias antes, disse que “editoriais” dos grandes jornais atacando-o seriam escritos por “falsos democratas”.


Nesta quinta-feira, os alvos das críticas presidenciais reagiram. O tom deles é de acusação ao presidente por ele supostamente pretender calar a imprensa. Um exemplo desse tom veio do jornal Folha de São Paulo no editorial “Devaneio autocrático”, o qual reproduzo em itálico e vou comentando ponto por ponto.

Devaneio autocrático

A DEMOCRACIA, numa definição de manual, é um sistema de governo no qual o povo exerce a soberania e elege seus dirigentes por meio de eleições periódicas; é um regime em que estão asseguradas as liberdades de associação e de expressão. Todos esses princípios estão plasmados na Constituição de 1988 – ela própria uma conquista democrática.

Por que definir para o leitor o sentido da democracia? A intenção, claro, é a de apontar alguma ameaça a esses preceitos contida nas críticas do presidente Lula à imprensa supra mencionadas.

Isso tudo é óbvio. Mas quem impele a repisá-lo é o presidente da República. Na versão de Luiz Inácio Lula da Silva, a democracia muito frequentemente – e cada vez mais – surge como se fosse uma concessão da sua vontade. Ele não parece tratá-la como valor, mas como capricho.

Espera-se, neste ponto, que se reproduza o ponto do discurso do presidente em que trata a democracia como concessão sua. Vejamos, a seguir, as palavras de Lula das quais o editorial reclama.

O vezo autoritário do mandatário se torna flagrante quando o que está em questão é a divergência de opinião ou o compromisso com a liberdade de imprensa. Lula não tolera ser criticado e convive mal com esforços de fiscalização de seu governo.

Ontem, numa cerimônia, ele disse:

"Acabei de inaugurar 2.000 casas, não sai uma nota. Caiu um barraco, tem manchete. É uma predileção pela desgraça. É triste quando a pessoa tem dois olhos bons e não quer enxergar. Quando a pessoa tem direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada. É triste, melancólico, para um governo republicano como o nosso".

Quero saber em que “manual de democracia” (a expressão é da Folha) está escrito que um governante não pode reclamar da imprensa.

Para ameaçar a liberdade de expressão, um governante tem que fazer mais do que falar: ele tem que agir. Contudo, uma das associações internacionais que esse jornal apóia, a Associação Internacional de Radiodifusão, premiou o presidente no ano passado justamente por ele jamais ter tomado qualquer medida contra seus críticos na imprensa.

Detalhe: quem entregou o prêmio a Lula foi ninguém mais, ninguém menos do que o Presidente da Abert, Daniel Pimentel Slavieiro, segundo o Jornal da Globo.

E o editorial prossegue:

Talvez seja o caso de mencionar os mensaleiros, os aloprados, o "roçado de escândalos" da aliança com o PMDB. Ou, ainda, os benefícios pouco ortodoxos concedidos com dinheiro público a algumas empresas que este governo elegeu para implementar sua versão de "capitalismo de Estado". Nada disso compõe um figurino "republicano".

Bem, talvez também seja o caso de o jornal mencionar os escândalos do grupo político que apóia furtivamente, integrado pelo PSDB, pelo DEM e pelo PPS, tendo como figuras de proa o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador José Serra.

E o jornal apóia esse grupo, ainda que sem admitir, porque, nos últimos sete anos e tanto, esse veículo e seus pares apoiaram todas as posições oposicionistas contra as situacionistas, em termos federais.

Mensure-se quantas vezes o setor da imprensa que a Folha integra ficou do lado do governo e quantas ficou ao lado da oposição e se comprovará o que digo. Por isso, nunca se viu e nunca se verá uma acusação a Serra de não vestir o tal figurino “republicano”, pois seu governo, cheio de escândalos e acusações da oposição, não deve ter recebido um milésimo das críticas diárias e sistemáticas que são feitas ao governo Lula, apesar de governar o Estado em que o jornal está sediado.

O que mais impressiona, porém, é o raciocínio embutido na seguinte frase de Lula: "É triste quando a pessoa tem o direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada". É uma afirmação tosca, sem dúvida, mas antes disso autocrática. Não faz sentido no contexto da democracia.

A imprensa tem de ser livre, inclusive para errar – e responder por isso perante seu público ou à Justiça, sempre que for o caso. Essa liberdade atende sobretudo ao direito do cidadão de ter acesso a informações.

Ok, a imprensa tem que ser livre. E onde foi que ela deixou de ser livre? Por acaso Lula tomou alguma medida contra a imprensa? Deixou de lhe dar verbas oficiais? Pediu a cabeça de algum jornalista, como faz um certo governador de Estado muito ao gosto da Folha? A resposta é não. Lula apenas criticou os seus críticos como é direito até do mais humilde cidadão fazer.

Lula disse ainda que "setores da imprensa" deveriam olhar para pesquisas de opinião antes de tirar conclusões sobre ações públicas de seu governo. Em alguns casos, como o desta Folha, as pesquisas são realizadas pelas mesmas empresas cujo trabalho Lula busca desqualificar.

Será que o fato de a Folha ter um instituto de pesquisa que dá boas notícias para Lula, talvez até para não divergir criminosamente de outras sondagens e se desmoralizar, dá ao jornal o direito de não admitir que aquele que critica tanto e com tanta virulência critique igualmente a quem o criticou? Se alguém quer calar alguém, não me parece que seja o presidente da República.

Tampouco é verdadeira sua afirmação de que avanços sociais ou do país obtidos neste governo não tenham sido noticiados. Foram – e de maneira exaustiva.

O problema é outro. Recentemente, o presidente da República agrediu os valores democráticos ao equiparar os presos políticos de Cuba aos presos comuns do Brasil – e endossar os crimes de uma ditadura.

Agora, ao criticar mais uma vez a imprensa, comporta-se como quem aspira à unanimidade – algo que está longe de ser um padrão democrático.

Como diriam FHC e Serra, além do “nhenhenhém” e do “trololó” ideológicos sobre Cuba, que nada têm que ver com a conversa por se tratarem de opinião do jornal e não de paradigmas universalmente aceitos, pergunta-se por que Lula aspira à unanimidade ao criticar quem o critica e a imprensa não, se ela faz a mesma coisa que ele?

O que essa imprensa quer é que Lula apanhe calado. Não aceitar que o presidente opine sobre quem opina sobre ele é o único devaneio autocrático que se pode encontrar nessa questão.

quarta-feira, 24 de março de 2010

POLÍCIA DE JOSÉ SERRA PRENDEM E BATEM EM PROFESSORES QUE PROTESTAVAM CONTRA BAIXOS SALÁRIOS



A Polícia Militar prendeu hoje três professores da rede estadual de ensino que integravam um grupo de cerca de 30 docentes que protestava durante inauguração do Centro de Atenção à Saúde Mental, em Franco da Rocha (SP). O centro foi inaugurado pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Participaram da ação de hoje cerca de 40 soldados da PM e integrantes da Força Tática, de acordo com o comandante do 26º Batalhão da PM, José Carlos de Campos Júnior.

Os professores reivindicam reajuste salarial de 34,3% e a categoria está em greve desde o dia 8 de março. O imbróglio teve início quando policiais tentavam conter a manifestação. Houve resistência por parte dos professores e a polícia usou cassetetes e gás de pimenta para dispersar os manifestantes. O comandante Campos Júnior informou que após o incidente ocorrido em Francisco Morato, na semana passada, quando os grevistas chegaram a atirar ovo no carro oficial do governador, a PM foi "mais preparada" para a manifestação de hoje.

"Pedimos que não usassem apito, porque esta é uma área hospitalar, mas algumas pessoas estavam incitando os demais", afirmou, referindo-se aos três professores presos. O comandante frisou que não houve orientação para que os policiais reprimissem o ato com violência.

Enquanto o incidente se desenrolava, Serra discursava em palanque montado no Hospital Psiquiátrico do Juqueri, tradicional unidade clínica de Franco da Rocha. O tucano falava sobre as realizações de seu governo para a região, como a inauguração do próprio Centro de Atenção e de estações de trem.

Ao final do discurso, o governador fez comentários sobre as obras, mas não quis falar sobre o incidente. Os três manifestantes presos foram levados à delegacia de Franco da Rocha e poderão ser indiciados por desacato à autoridade e perturbação da ordem.

PAGANDO BEM, QUE MAL TEM?


Acabo de ter uma percepção do quadro político que vai se formando e esse quadro aponta para uma verdadeira demolição eleitoral da oposição ao governo Lula nas eleições deste ano. Os indícios que tenho colhido em meus negócios mostram um furacão eleitoral se aproximando, formado por uma situação de euforia econômica que se apodera do país.

Hoje pela manhã, estive com dois jovens industriais. São irmãos, a segunda geração de uma empresa familiar com 45 anos de atividade. Descendentes de italianos e residentes em um dos redutos mais conservadores de São Paulo, o bairro da Móoca, são capitalistas convictos que integram fielmente o perfil do eleitor do PSDB hoje, de forte inclinação direitista, inclusive ao ponto de poder ser qualificado de direita e não meramente de centro-direita.

Com esses empresários, você tem o pacote completo da direita mais radical paulista-paulistana, oriunda de famílias antigas na região, de forte perfil conservador e proprietárias de sólidos negócios, além da situação econômica bastante consolidada e confortável. Chamam o Bolsa Família de “assistencialista”, acham que a corrupção explodiu no país, são contrários às cotas para negros etc.
Evito de conversar sobre política com empresários com os quais tenho negócios. Adotei essa regra faz muito tempo. Desde os anos 1990. Porém, nunca deixo de dizer minhas posições em relação ao que acho que deve ser feito no Brasil. Sempre digo que um país tão pobre e desigual não vai para frente e, aliás, a classe empresarial paulista, em boa medida, concorda com essa premissa.

O que varia são as visões dos empresários sobre como se deve fazer para resolver esses problemas. A maioria acha que há que “ensinar a pescar em vez de dar o peixe”. Trata-se do velho chavão da direita para dizer que não quer distribuir renda de jeito nenhum, que os pobres é que devem se virar e produzirem a própria renda.

Mas não se pode negar que esses empresários específicos que menciono descendem de uma família de imigrantes italianos que veio para o Brasil com uma mão na frente e outra atrás e enriqueceu trabalhando duro, passando por dificuldades imensas, e que são pessoas honestíssimas, cumpridoras de seus deveres e dos mínimos detalhes dos acordos que fazem.

Foi por isso que me surpreendi quando, em nossa reunião desta quarta-feira, entoaram, com maior ênfase, uma melodia doce para estes ouvidos progressistas, uma cantiga que venho ouvindo dos vários empresários com os quais tenho contato, sendo alguns de empresas de maior porte.
A situação do negócio deles que me relataram, repito, não é a primeira que vejo parecida, mas foi exposta de uma forma absolutamente eufórica. Estão implantando o terceiro turno na fábrica de 140 funcionários porque as vendas não param de crescer. E dizem que não conseguem mais contratar ninguém pagando menos de mil reais por mês. Nem para faxina.

Vários empresários já me relataram falta de mão-de-obra, sobretudo um pouco mais especializada, como torneiros mecânicos, vendedores, técnicos de informática, auxiliares contábeis etc. Há previsão de que nos próximos meses os salários a oferecer terão que aumentar. O empresariado terá que começar a disputar empregados a tapa.

Aí vem a surpresa, pois. Um dos empresários que mencionei me disse hoje, diante do irmão, que tinha uma “boa notícia” para mim, de que seria “obrigado a votar em Dilma”. Fiquei surpreso. Perguntei por que essa seria uma “boa notícia” exclusivamente para mim. Ele me respondeu que já tinha percebido que sou “petista”.
Sem dizer que sim, nem que não, perguntei por que ele seria “obrigado” a votar em Dilma. Respondeu-me que não dava pra arriscar o processo de crescimento “violento” que vige na economia, que não dava para arriscar mudar uma rota que está lhe enchendo os bolsos de dinheiro e que, apesar de não gostar deste governo, já não daria mais para mudar de rota porque sabe-se lá o que pode mudar na economia se quem se diz o oposto deste governo vencer a eleição.

Esse, pois, é o fenômeno que acho que passará a crescer com muita força nos próximos meses. Se se puder tomar o meus segmento de atividade como parâmetro, penso que, na hora de digitar o número do candidato na urna eletrônica, o que pesará, para o eleitor, será a intenção de manter tudo como está, porque tudo está indo bem para cada vez mais gente hoje, em todas as classes sociais e regiões do país.

Com a sensação de segurança e de euforia econômica, com o poder aquisitivo que não pára de aumentar, com os negócios indo de vento em popa, acontecerá com o eleitorado brasileiro o mesmo que aconteceu durante a votação no Congresso nacional da entrada da Venezuela no Mercosul.

Apesar dos discursos inflamados contra Hugo Chávez e contra a inserção da Venezuela no Mercosul, os que pagam a conta do festim ideológico da direita, os empresários, disseram a tucanos e demos que poderiam discursar o quanto quisessem, mas não ao ponto de impedir que faturem a montanha de dinheiro que a entrada do país no Mercosul lhes propiciaria.

Não há ideologia ou preconceito que resista a dinheiro no bolso. Sendo este governo de “comunistas” (como diz a direita mais exaltada) ou não, fica valendo aquela boa e velha máxima de que, “pagando bem, que mal tem?”.

CHOQUE DE GESTÃO DE AÉCIO II: Irregularidades no Ipsemg são alvo de três investigações

Fonte: Novo Jornal

Ministério Público, Tribunal de Contas e Auditoria do Estado analisam denúncias contra diretor

A falta de profissionais para atender os usuários e também o fechamento de leitos no Hospital Governador Israel Pinheiro, do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), são alvos de três investigações. Uma delas é conduzida pelo Ministério Público Estadual (MPE), que encaminhou ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e à Auditoria Geral do Estado (AGE) documentos que comprovam que, além dos prejuízos para os servidores, o hospital estaria sendo palco de irregularidades praticadas na condução de licitações e na terceirização de serviços.

As denúncias, assinadas pelo ex-diretor clínico do hospital e atual membro do conselho de mobilização dos médicos do Ipsemg, Luciano Dantés, sugerem o envolvimento de membros da diretoria do Ipsemg em fraudes. "Ignoraram nossas solicitações e contrataram leitos externos terceirizados sem planilhas de custos", denuncia Dantés. A assessoria de imprensa do Tribunal de Contas confirma o acolhimento das denúncias contra a administração do Ipsemg, mas, de acordo com o órgão, a investigação corre em sigilo.

No Ministério Público, segundo a assessoria, a gestão do hospital do Ipsemg é alvo de investigação há pelo menos três anos. Os documentos que circulam no órgão colocam o diretor de saúde do instituto, Roberto Fonseca, sob suspeição. Pelas investigações ainda não concluídas, Fonseca estaria se beneficiando de terceirizações indevidas para atender interesses próprios e de pessoas ligadas a ele. "Serviços que poderiam ser feitos pelo Ipsemg estão sendo passados a hospitais particulares. Não são feitas licitações e nenhum tipo de concorrência. Tudo passa pelas mãos do diretor de saúde, Roberto Fonseca", conta um outro médico ligado ao grupo que encabeça as denúncias contra o atual diretor.

Roberto Fonseca nega as acusações. Ele diz não ter qualquer interesse pessoal por trás do credenciamento de hospitais. "O que existe é o credenciamento, que não fomos nós que inventamos. São planos de saúde como qualquer outro", justificou.

Ainda de acordo com o diretor de saúde, em todo Estado são 186 os hospitais credenciados ao Ipsemg. Desses, disse, os hospitais Felício Rocho, Luxemburgo, da Baleia, Evangélico, Vera Cruz, Santa Rita e São Francisco recebem as demandas da capital. Roberto Fonseca explicou que a escolha dos prestadores de serviço é feita mediante documentação apresentada pelos hospitais. "Qualquer um (hospital) que aceite pode se tornar um credenciado, desde que tenha a documentação", explicou. As informações são do jornal O TEMPO

sábado, 20 de março de 2010

CHOQUE DE GESTÃO DE AÉCIO I: Hospital do Ipsemg fecha leitos e suspende cirurgias em BH

Fonte: Novo Jornal

Direção informa que apenas internações de urgência e emergência serão atendidas na unidade

Um comunicado distribuído há dois dias aos chefes de equipes médicas do hospital do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) caiu como uma bomba para os servidores públicos que ontem (18) procuraram atendimento médico.

No documento, o Ipsemg comunica que todas as cirurgias eletivas e consultas de qualquer especialidade médica estão suspensas "até nova determinação".

A nota diz ainda que o Plano de Contingência, já em vigor no hospital, manterá em funcionamento 141 leitos no hospital que só poderão ser usados para as solicitações de internação consideradas de urgência e emergência. No novo quadro clínico, o setor de pediatria terá apenas 18 leitos e as internações de obstetrícias e clínicas, 28 vagas.

Até a última segunda-feira, véspera do comunicado, segundo fontes ligadas à direção do Ipsemg, o hospital contava com 290 leitos de internação, número já bem inferior aos 540 leitos oferecidos antes de uma reforma iniciada há pelo menos um ano na ala A do hospital. A obra está prevista para ser concluída neste mês.

"Todas as cirurgias eletivas marcadas há dois e até há três meses estão sendo canceladas. Eles marcam, como se estivesse tudo normal, e depois ligam desmarcando", contou um profissional que atende em uma das equipes. Segundo o profissional, diante da redução de vagas de internação, a ordem no hospital é acelerar a alta de pacientes para desocupar os leitos.

A reportagem tentou, insistentemente, ouvir a direção do Ipsemg para esclarecer os motivos do fechamento dos leitos e responder as denúncias, mas a assessoria de imprensa do órgão não agendou as entrevistas solicitadas nem deu as informações pedidas por telefone e também via e-mail.

Outros funcionários do hospital ouvidos pela reportagem denunciaram que o fechamento dos leitos é consequência da diminuição no quadro de profissionais do Ipsemg, que há dez anos não realiza concurso.

No comunicado enviado, anteontem, às equipes médicas, a medida é explicada como fruto da transição do Contrato de Direito Administrativo (CDA) com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) para o Contrato Administrativo Ipsemg.

Atualmente, a Fhemig fornece funcionários ao hospital por meio de contratos. A assessoria da Fhemig explicou que os contratos não poderão ser renovados devido a mudanças na legislação estadual, que instituiu o processo seletivo simplificado.

Médicos reclamam da falta de materiais

Segundo um médico do Ipsemg, que prefere não ser identificado, a crise que o hospital da instituição enfrenta não está somente relacionada à falta de profissionais. Segundo ele, os médicos que ainda estão no Ipsemg não têm condições de trabalhar e enfrentam diariamente a falta de materiais básicos, como seringas, luvas e medicamentos.

quarta-feira, 17 de março de 2010

DORMIR BEM, RECEITA DE VIDA MAIS FELIZ

Uma boa noite de sono é uma receita infalível para um dia produtivo e relaxado. Passamos cerca de 1/3 de nosssas vidas dormindo. O nosso desempenho físico e mental e nossa longevidade estão diretamente ligados ao nosso descanso. Mas quando não dormimos bem ...

Segundo a Sociedade Brasileira de Neurologia, a Academia Brasileira de Neurologia e a Associação Brasileira do Sono, estudos realizados com 22 mil pessoas em 11 cidades do Brasil em 2007, mostram que 50% dos brasileiros sofrem de algum distúrbio do sono, 30% roncam demais, 19% tem insônia e 4% sofrem de apneia do sono.

Dormir mal causa estresse, irritação, aumenta o risco de pressão sanguínea elevada, afeta a memória e, segundo pesquisas, é uma das causas de acidentes de trânsito.

A ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA DÁ ALGUMAS DICAS PARA SE DORe MIR BEM

  • não vá para a cama sem estar com sono.
  • Acorede no mesmo horário todas as manhãs, inclusive nos finais de semana.
  • Se você sentir que precisa acordar mais tarde aos sábados e domingos, que seja apenas uma hora a mais.
  • Não faça cochilos.
  • Não consuma bebidas alcoólicas durante o período de quatro horas antes de ir para cama.
  • Não consuma cafeína depois das 16 horas, ou no período de seis horas antes de deitar.
  • Faça exercícios regularmente. O melhor horário para praticar atividades físicas é no final da tarde ou de manhã. Evite esforços físicos após as 18 horas.
  • Use o senso comum para fazer o seu ambiente apropriado para o sono. A temperatura deve ser adequada, mínimo possível de som, barulho e luz.
  • Se acordar no meio da noite, nào coma, senão começará a acordar sempre no mesmo horário com fome.
  • Não use sua cama ou quarto para outra atividade que não seja dormir (a única exceção a essa regra é a atividade sexual).
  • Você não deve ver TV, ler conversar ao telefone nem se preocupar, discutir com seu cônjuge ou comer na cama.

segunda-feira, 15 de março de 2010

ESQUECEM A HONRA

Fonte: Terra Magazine

Cláudio Lembo
De São Paulo

Uma onda de pessimismo invade determinados segmentos da sociedade. Pessoas que pensam e vivem, de acordo com princípios arraigados, sentem-se desconfortáveis.

Elementos que compunham o rol de requisitos para vida digna vão se evaporando. Já não valem. Foram esquecidos nos velhos manuais escolares e em tratados lançados no fundo das bibliotecas.

Interessa o pragmático. Ganhar. Vencer a qualquer custo. Rompem-se referências antes consolidadas. Mente-se. Agride-se o perfil de personalidades sem qualquer pudor.

Particularmente após as obras de Maquiavel, a política passou a ser considerada um campo sem vedações. Importa obter e preservar o Poder. Os métodos pouco importam. Interessa apenas a obtenção dos objetivos.

Quando a esgrima política desenvolvia-se entre mandatários, oriundos de família tradicionais, sem qualquer interferência da população, a ação concretizava-se entre iguais e iguais feria. Os maus exemplos circunscreviam-se a poucos atores.

Instalou-se a democracia e, de maneira paralela, as formas contemporâneas de comunicação. A democracia trouxe em seu bojo a transparência. A publicidade tornou-se valor essencial para sua realização.

A exigência de ampla visibilidade de todos os atos, inclusive pessoais, dos agentes públicos, alinha-se aos atuais instrumentos de comunicação: rádio, televisão e internet. A soma conduziu a situações inusitadas.

A pessoa que, por vocação ou circunstância, torna-se agente público recebe a exigência de agir em plena luz. Não poderá haver desvãos em sua vida pública ou privada, ainda porque as duas se comunicam inevitavelmente.

Isto permite aos vocacionados criar o próprio perfil e neste se encontram incluídas suas maneiras de agir, posicionar-se em momentos importantes e viver de conformidade com suas possibilidades.

Enfim, todos os elementos que formam sua personalidade. Estas condicionantes produzem um valor significativo e que identifica as pessoas. Trata-se da honra.

A honra é palavra em desuso. No entanto, ao longo dos tempos possuiu valor significativo. Quando esta era agredida, as pessoas procuravam lavá-la com sangue.

A nobreza expunha-se a duelos e os economicamente desafortunados procuravam formas mais rudes e menos solenes de exterminar o violador de sua honra e de seus familiares.

Os costumes se alteraram. Duelos, quando muito verbais e processuais. O sangue não é bom detergente para a limpeza da própria imagem e a dos integrantes de seu clã.

Isto, contudo, é apenas alteração das conseqüências da violação da honra alheia. Por mais fragilizada que a palavra e seu conteúdo se encontrem, sabe-se que a honra indica o bom comportamento de seu titular.

É honrada a pessoa trabalhadora. Aquela que cumpre com os deveres convencionados. Caminha sem ingressar nos atalhos dos vícios profundos. Dá exemplo de bem viver.

A honra é o indicativo das qualidades da pessoa no seu agir na sociedade. Ela se constrói em longo percurso. Desde os primeiros anos até a morte, as pessoas edificam sua imagem.

É lamentável - e mesmo criminoso - a facilidade com que na atualidade a honra alheia é objeto de agressões infundadas. Às vezes produto do conflito entre partidos ou opções filosóficas.

Outras vezes, contudo, objeto de uma doentia sanha de agredir pelo mero prazer de ferir. Falta em alguns autocrítica. A capacidade de limitar as atitudes agressivas. Abster-se da vontade de ferir gratuitamente.

É preciso reconhecer que a honra é o reconhecimento da grandeza e da dignidade da pessoa. Trata-se do sentimento de estima que a pessoa goza na sociedade.

Esta não pode ser violada, atingida de maneira estúpida e celerada. A violência contra a honra pessoal configura com linchamento moral. Este é tão grave quanto o linchamento físico.

Os linchamentos são reações anormais e inaceitáveis. Nas vésperas de nova campanha eleitoral, estas considerações parecem legítimas, ainda porque o Brasil é signatário do Pacto de São José da Costa Rica.

Este declara expressamente a proteção da honra e da dignidade. Espera-se da cidadania o cumprimento deste preceito fundamental para a vida em democracia.


Cláudio Lembo é advogado e professor universitário. Foi vice-governador do Estado de São Paulo de 2003 a março de 2006, quando assumiu como governador.

Fale com Cláudio Lembo: claudio.lembo@terra.com.br

O PIG se desespera

Fonte: Vermelho
Jornalista denuncia plano midiático contra Lula, Dilma e o PT.

Em texto reproduzido no blog Escrivinhador, o jornalista Mauro Carrara denuncia um suposto plano midiático intitulado "Tempestade no Cerrado" que, segundo ele, está sendo implementado pelos principais meios de comunicação do país contra o governo Lula, a pré-candidata Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores. Ao final do texto ele sugere "cinco tarefas" aos internautas para responder aos ataques da direita. Veja abaixo a íntegra do texto:
Operação “Tempestade no Cerrado”: o que fazer?
por Mauro Carrara



(O PT é um partido sem mídia...
O PSDB é uma mídia com partido).


“Tempestade no Cerrado”: é o apelido que ganhou nas redações a operação de bombardeio midiático sobre o governo Lula, deflagrada nesta primeira quinzena de Março, após o convescote promovido pelo Instituto Millenium.A expressão é inspirada na operação “Tempestade no Deserto”, realizada em fevereiro de 1991, durante a Guerra do Golfo.

Liderada pelo general norte-americano Norman Schwarzkopf, a ação militar destruiu parcela significativa das forças iraquianas. Estima-se que 70 mil pessoas morreram em decorrência da ofensiva.

A ordem nas redações da Editora Abril, de O Globo, do Estadão e da Folha de S. Paulo é disparar sem piedade, dia e noite, sem pausas, contra o presidente, contra Dilma Roussef e contra o Partido dos Trabalhadores.

A meta é produzir uma onda de fogo tão intensa que seja impossível ao governo responder pontualmente às denúncias e provocações.

As conversas tensas nos "aquários" do editores terminam com o repasse verbal da cartilha de ataque.

1) Manter permanentemente uma denúncia (qualquer que seja) contra o governo Lula nos portais informativos na Internet.

2) Produzir manchetes impactantes nas versões impressas. Utilizar fotos que ridicularizem o presidente e sua candidata.

3) Ressuscitar o caso “Mensalão”, de 2005, e explorá-lo ao máximo. Associar Lula a supostas arbitrariedades cometidas em Cuba, na Venezuela e no Irã.

4) Elevar o tom de voz nos editoriais.

5) Provocar o governo, de forma que qualquer reação possa ser qualificada como tentativa de “censura”.

6) Selecionar dados supostamente negativos na Economia e isolá-los do contexto.

7) Trabalhar os ataques de maneira coordenada com a militância paga dos partidos de direita e com a banda alugada das promotorias.

8) Utilizar ao máximo o poder de fogo dos articulistas.

Quem está por trás

Parte da estratégia tucano-midiática foi traçada por Drew Westen, norte-americano que se diz neurocientista e costuma prestar serviços de cunho eleitoral.


É autor do livro The Political Brain, que andou pela escrivaninha de José Serra no primeiro semestre do ano passado.

A tropicalização do projeto golpista vem sendo desenvolvida pelo “cientista político” Alberto Carlos Almeida, contratado a peso de ouro para formular diariamente a tática de combate ao governo.

Almeida escreveu Por que Lula? e A cabeça do brasileiro, livros que o governador de São Paulo afirma ter lido em suas madrugadas insones.

O conteúdo

As manchetes dos últimos dias, revelam a carga dos explosivos lançados sobre o território da esquerda.

Acusam Lula, por exemplo, de inaugurar uma obra inacabada e “vetada” pelo TCU.

Produzem alarde sobre a retração do PIB brasileiro em 2009.

Criam deturpações numéricas.

A Folha de S. Paulo, por exemplo, num espetacular malabarismo de ideias, tenta passar a impressão de que o projeto “Minha Casa, Minha Vida” está fadado ao fracasso.

Durante horas, seu portal na Internet afirmou que somente 0,6% das moradias previstas na meta tinham sido concluídas.

O jornal embaralha as informações para forjar a ideia de que havia alguma data definida para a entrega dos imóveis.

Na verdade, estipulou-se um número de moradias a serem financiadas, mas não um prazo para conclusão das obras. Vale lembrar que o governo é apenas parceiro num sistema tocado pela iniciativa privada.

A mesma Folha utilizou seu portal para afirmar que o preço dos alimentos tinha dobrado em um ano, ou seja, calculou uma inflação de 100% em 12 meses.

A leitura da matéria, porém, mostra algo totalmente diferente. Dobrou foi a taxa de inflação nos dois períodos pinçados pelo repórter, de 1,02% para 2,10%.

Além dos deturpadores de números, a Folha recorre aos colunistas do apocalipse e aos ratos da pena.

É o caso do repórter Kennedy Alencar. Esse, por incrível que pareça, chegou a fazer parte da assessoria de imprensa de Lula, nos anos 90.

Hoje, se utiliza da relação com petistas ingênuos e ex-petistas para obter informações privilegiadas. Obviamente, o material é sempre moldado e amplificado de forma a constituir uma nova denúncia.

É o caso da “bomba” requentada neste março. Segundo Alencar, Lula vai “admitir” (em tom de confissão, logicamente) que foi avisado por Roberto Jefferson da existência do Mensalão.

Crimes anônimos na Internet

Todo o trabalho midiático diário é ecoado pelos hoaxes distribuídos no território virtual pelos exércitos contratados pelos dois partidos conservadores.

Três deles merecem destaque...

1) O “Bolsa Bandido”. Refere-se a uma lei aprovada na Constituição de 1988 e regulamentada pela última vez durante o governo de FHC. Esses fatos são, evidentemente, omitidos. O auxílio aos familiares de apenados é atribuído a Lula. Para completar, distorce-se a regra para a concessão do benefício.

2) Dilma “terrorista”. Segundo esse hoax, além de assaltar bancos, a candidata do PT teria prazer em torturar e matar pacatos pais de família. A versão mais recente do texto agrega a seguinte informação: “Dilma agia como garota de programa nos acampamentos dos terroristas”.

3) O filho encrenqueiro. De acordo com a narração, um dos filhos de Lula teria xingado e agredido indefesas famílias de classe média numa apresentação do Cirque du Soleil.

O que fazer

Sabe-se da incapacidade dos comunicadores oficiais. Como vivem cercados de outros governistas, jamais sentem a ameaça. Pensam com o umbigo.

Raramente respondem à injúria, à difamação e à calúnia. Quando o fazem, são lentos, pouco enfáticos e frequentemente confusos.

Por conta dessa realidade, faz-se necessário que cada mente honesta e articulada ofereça sua contribuição à defesa da democracia e da verdade.

São cinco as tarefas imediatas...

1) Cada cidadão deve estabelecer uma rede com um mínimo de 50 contatos e, por meio deles, distribuir as versões limpas dos fatos. Nesse grupo, não adianda incluir outros engajados. É preciso que essas mensagens sejam enviadas à Tia Gertrudes, ao dentista, ao dono da padaria, à cabeleireira, ao amigo peladeiro de fim de semana. Não o entupa de informação. Envie apenas o básico, de vez em quando, contextualizando os fatos.

2) Escreva diariamente nos espaços midiáticos públicos. É o caso das áreas de comentários da Folha, do Estadão, de O Globo e de Veja. Faça isso diariamente. Não precisa escrever muito. Seja claro, destaque o essencial da calúnia e da distorção. Proceda da mesma maneira nas comunidades virtuais, como Facebook e Orkut. Mas não adianta postar somente nas comunidades de política. Faça isso, sem alarde e fanatismo, nas comunidades de artes, comportamento, futebol, etc. Tome cuidado para não desagradar os outros participantes com seu proselitismo. Seja elegante e sutil.

3) Converse com as pessoas sobre a deturpação midiática. No ponto de ônibus, na padaria, na banca de jornal. Parta sempre de uma concordância com o interlocutor, validando suas queixas e motivos, para em seguida apresentar a outra versão dos fatos.

4) Em caso de matérias com graves deturpações, escreva diretamente para a redação do veículo, especialmente para o ombudsman e ouvidores. Repasse aos amigos sua bronca.

5) Se você escreve, um pouquinho que seja, crie um blog. É mais fácil do que você pensa. Cole lá as informações limpas colhidas em bons sites, como aqueles de Azenha, PHA,Grupo Beatrice, entre outros. Mesmo que pouca gente o leia, vai fazer volume nas indicações dos motores de busca, como o Google. Monte agora o seu.

A guerra começou. Não seja um desertor.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Desabafo de um Barbacenense

Exm.ª Sr.ª Prefeita de Barbacena
Srª. Danuza Bias Fortes,

Movido por um sentimento misto de tristeza e de indignação, eu resolvi
dirigir-lhe esta mensagem a respeito da nossa cidade.

Antes, porém, eu gostaria de me apresentar: sou um cidadão comum, residindo
aqui há trinta e quatro anos. Sou médico, oficial da  aeronáutica, na
reserva remunerada e exerço ainda a minha profissão em meu consultório. Eu
nasci na cidade do Rio de Janeiro, aonde estudei, me formei, prestei
concurso para o quadro de saúde de oficiais da aeronáutica e em 1976, aqui
cheguei, designado pela Diretoria De Saúde da Aeronáutica para servir na
Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR). Eu tive o imenso privilégio de
servir na EPCAR durante vinte e um anos e em 1997, passei para a reserva
remunerada da aeronáutica.

Eu aprendi a amar esta cidade e a me orgulhar dela, tanto que eu hoje me
julgo mais mineiro do que carioca. Uma parte significativa da minha família
nasceu aqui: minhas duas filhas (uma é jornalista e a outra é
fisioterapeuta), a minha neta e sobrinha. Aqui, construí a minha casa, o meu
ciclo de amigos, clientela, enfim, criei raízes.

Mas, a "minha cidade", pobre dela, como tem sofrido ao longo de todos esses
anos... Eu testemunho o progresso de muitas outras localidades, não muito
distantes daqui e, ela, ao contrário, só tem regredido, tornando-se feia,
decadente, mal cuidada e mal amada por aqueles que poderiam fazer muito por
ela e nada fazem. Cidade outrora denominada Cidade das Rosas, hoje, poderia
muito apropriadamente ser chamada de: "cidade dos buracos ou cidade dos
matagais ou cidade dos vazamentos ou cidade das praças e jardins (se é que
eles existem) esquecidos ou cidade da feiúra".

Eu sinto muito me referir a Barbacena desta forma, município que V.
Ex.ª administra. Mas, eu não vejo outra maneira de fazê-lo. Pois, é só dar
uma pequena saída da cidade para outros locais que, ao retornar, eu me sinto
constrangido e triste, até mesmo deprimido, com o contraste visual com o
qual me deparo na volta. A auto-estima fica em baixa e eu me questiono:
porque que aqui as coisas nunca mudam, só regridem?

As nossas praças e jardins, aonde os nossos velhos e crianças poderiam ter o
seu lazer, como em qualquer local do mundo, estão totalmente abandonadas,
mato alto, decadentes pela ação do tempo e da falta de manutenção. Aliás,
aqui em Barbacena, eu não vejo esse tipo de ação: MANUTENÇÃO - parece que os
reparos, quando acontecem, são para sempre... Os matagais proliferam de tal
forma que há ruas que poderão até causar acidente de trânsito, pois o mato
já atrapalha a visão dos veículos que vêm em sentido contrário (R. Dr.
Cláudio), aliás, bem próxima da prefeitura. Até mesmo as cercanias da sede
do governo que, geralmente em outras cidades costumam ser bem cuidadas, com
ruas bem pavimentadas, gramas aparadas e praças bem cuidadas, por aqui o que
se vê é contrário: sujeira, poluição visual acarretada pelo abandono e
descaso. Eu me pergunto: será que a secretaria municipal de obras
públicas não dispõe, sequer, de uma equipe para realizar a capina? Ou será
que também depende do repasse de verbas? Ou será falta de vontade ou de
conhecer a sua cidade? Pelo que eu sei, na atual gestão, diferentemente da
anterior, os assessores e secretários são daqui, e não de Niterói ou de Juíz
de Fora e que, portanto, não tinham o sentimento de serem barbacenenses.

Recentemente, eu tomei conhecimento por intermédio de uma emissora local,
que o Bairro das Mansões, teve o seu nome trocado para Bairro Urias Barbosa
de Castro, por um decreto municipal, homenageando de uma forma inequívoca,
um verdadeiro cidadão barbacenense que criou a sua empresa, gerou empregos
(coisa rara na cidade) e sempre foi muito querido pela comunidade. Pois
bem,  V. Ex.ª tem conhecimento do estado em que se encontra a praça que leva
o mesmo nome do empresário? Isso, para não falar da praça do meu bairro,
para não parecer que eu estou reivindicando pelo menos a capina para que o
meu neto possa brincar nela. E olha que eu sou vizinho de um dos seus
secretários...

O fato é que, por qualquer via que se adentre ou saia da cidade, o visual é
desalentador: ruas e avenidas esburacadas, mato crescendo junto aos
meio-fios, matagais espalhados, jardins abandonados e sujeira. O pior é que
eu me sinto constrangido ao trazer familiares e amigos aqui e ter que ficar
dando justificativas para as perguntas que me fazem: o que está acontecendo
com a cidade?

Por aqui, não se escuta a expressão QUALIDADE DE VIDA, comumente falada e
buscada em outros logradouros. Não há locais como ciclovias ou mesmo vias
próprias para os praticantes de corridas ou caminhadas. Os locais, é claro
que eles existem, mas o que falta...? O jeito é correr riscos pela Estrada
do Campolide ou nas calçadas esburacadas correndo-se riscos de quedas. A Via
Sanitária poderia muito bem ser adequada para esse fim, juntamente com a Rua
Bahía, quiçá a Linha Oeste. Mas, a nossa secretaria de esporte e lazer é
muito mais voltada para outros objetivos.

O nosso trânsito está caótico e não se vislumbra nenhuma iniciativa em
querer se desfazer este nó. O número de veículos cada vez cresce mais, a
cidade não apresenta projetos de adequação à demanda e o que se vê está aí
no nosso dia-a-dia. A R. Mal. Floriano Peixoto, hoje , é uma verdadeira
"roleta russa" para a travessia de idosos e crianças. Ponto de convergência
de veículos, área hospitalar, escolar e de feira livre aos sábados,
encontra-se à mercê dos veículos que trafegam em velocidades excessivas,
trânsito pesado e constante, mas não há a menor sensibilidade dos
responsáveis em minorar um pouco os riscos de tal logradouro; seja pela
colocação de quebra-molas, de semáforo em local adequado ou de controle
policial em momentos de pico. E olha que Barbacena é sede de um batalhão da
polícia militar...Há algum tempo, eu elaborei um documento e o encaminhei ao
vereador líder do governo na câmara, o qual me respondeu sobre os projetos
em pauta. Mas, até agora, nada foi iniciado e seria bom que houvesse pressa
para evitar uma tragédia maior que possa estar em curso.

Excelência, apesar de todo este meu manifesto depreciativo, mas realista,
comprovado pela opinião de muitos outros cidadãos aqui natos e residentes,
eu sou seu eleitor nas duas oportunidades em que  se candidatou ao cargo,
além de tê-la escolhida para vereadora no passado. Talvez por isso é que eu
me sinto muito mais decepcionado com o que está ocorrendo. Por não ser
daqui, eu me sinto totalmente à vontade em poder me expressar, além do fato
de hoje vivermos num país de expressão livre. Mas, quando  V. Ex.ª foi
eleita e bem eleita, eu tive a esperança de tempos melhores, não apenas de
uma cidade bonita e limpa, mas, progressista, com empregos para que os
nossos filhos não precisassem abandoná-la, com atenção à saúde, educação,
lazer e segurança. Na comemoração de sua eleição, afinal a primeira mulher a
dirigir os destinos do município, um jornalista da cidade, e seu defensor
ferrenho, pôs mais otimismo ainda aos novos tempos que estavam por vir. Eu
ainda posso ouvir os ecos das suas palavras ao falar a seu respeito. Até
hoje, em seu programa diário através de uma emissora local, ele fala com
otimismo invejável, parecendo que ele não mora ou não circula por aqui. Fala
sobre o seu trânsito livre junto ao poder federal e do que isso representa
de bom para a cidade. O fato é que parece que isso tudo é fruto do
seu imaginário... Eu lhe enviei um e-mail recentemente, e ele sequer acusou
pelo menos o seu recebimento. Eu reiterei o envio  e nada.... Eu tenho uma
filha jornalista, como ele, e que, eticamente, responde a todas as
correspondências que lhe são dirigidas. Talvez ele não tenha mesmo
argumentação para o que é evidente. Eu estou ciente das dificuldades pelas
quais a administração passa, sobre as "heranças" que lhe foram deixadas pela
equipe anterior. No entanto, tudo isso já era sabido ou pelo menos imaginado
e também faz parte do desafio que é governar. Estas dificuldades, aliás, não
são exclusivas de Barbacena. Então, eu me pergunto mais uma vez: porque que
as coisas não melhoram por aqui, só pioram?

Antes de finalizar, eu quero externar a V. Ex.ª a minha expectativa de que
dias melhores poderão realmente vir, apesar de que, em pelo menos mais de um
ano de gestão, algumas coisas contidas nesta matéria já poderiam estar sendo
sanadas. O sonho - que pode se tornar realidade - é o de termos uma cidade
da qual nos orgulhemos em apresentá-la aos seus visitantes, que seja
aprazível, limpa e que deixe saudades naqueles que dela partem. E ela tem
potencial para isso!  V. Ex.ª pode ter a certeza de que o exercício da
cidadania é muito mais bem praticado quando o cidadão percebe a preocupação
daqueles que os dirige. Basta dizer, o quão ficamos gratos quando uma
"operação tapa-buracos" está em andamento... E olha que até isso está
ficando cada vez mais difícil de acontecer!

Aproveito a oportunidade para apresentar a V. Ex.ª os protestos da minha
estima e consideração,

Dr. Paulo Roberto Daher de Deus
R. Oscar José de Campos, 70 - Santa Tereza II

terça-feira, 9 de março de 2010

Rede de Comunicadores em Apoio à Reforma Agrária



Dia 11 de março, às 19 horas, no auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Rua Rego Freitas 530 – Sobreloja, reunião para montagem da “rede de comunicadores em apoio à reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais”. Participe!

Manifesto

Denuncie a ofensiva dos setores conservadores contra a reforma agrária!

Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo.

Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros – e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.

A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano passado, numa campanha claramente orquestrada. Agricultores miseráveis foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo “grave atentado”. A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece ser: quem defende reforma agrária é “bandido”, é “marginal”. Exemplo claro de “criminalização” dos movimentos sociais.
Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade” que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e “provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela “violência no campo”.

Trata-se de grave distorção.

Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra.

No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor sentido…

A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram assassinados nos últimos 25 anos. Detalhe: levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo nem chegam a ser investigados. Mandantes (normalmente grandes fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes.

Uma coisa é certa: a reforma agrária interessa ao Brasil. Interessa a todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos trabalhadores rurais e ao MST. A reforma agrária interessa também aos que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para plantar – nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo latifúndio.

A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições medievais, nas periferias das grandes cidades.

Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e precisamos defender a reforma agrária.

Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil mais justo.

Se você pensa assim, compareça ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, no próximo dia 11 de março, e venha refletir com a gente:

- por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja dividida?
- como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia?
- como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma agrária no Brasil?

É o convite que fazemos a você.

Assinam:

·       Altamiro Borges.
·       Antonio Martins
·       Dênis de Moraes.
·       Hamilton Octavio de Souza.
·       Igor Fuser.
·       João Brant.
·       João Franzin.
·       Jorge Pereira Filho.
·       José Arbex Jr.
·       Laurindo Lalo Leal Filho
·       Luiz Carlos Azenha.
·       Renato Rovai.
·       Rodrigo Savazoni.
·       Rodrigo Vianna.
·       Sérgio Gomes.
·       Vânia Alves.
·       Verena Glass.

Importante: A proposta é que a rede de comunicadores em apoio à reforma agrária tenha caráter nacional. Esse evento de São Paulo é apenas o início deste processo. Promova lançamentos também em seu estado, participe e convide outros comunicadores para aderirem à rede.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Senador DEMO tenta culpar os negros pela escravidão

7 de Março de 2010 - 23h44
PT repudia tentativa do DEM de culpar os negros pela escravidão
do Vermelho

O deputado Carlos Santana (PT-RJ), presidente da Frente Parlamentar da Promoção da Igualdade Racial, e a deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP), coordenadora do Núcleo de Igualdade Racial do PT, repudiaram na semana passada a tentativa do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) de co-responsabilizar os negros pela escravidão.
Em audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir a questão das cotas para negros nas universidades públicas do país, o senador do ex-PFL, relator do Estatuto da Igualdade Racial no Senado, disse que os escravos eram o principal item de exportação da pauta econômica africana no século 20.

“Isso é ridículo, repudiamos as declarações do senador”, disse Janete Pietá. “Se ele acha que tudo foram flores e amores, está renegando a história da escravidão no Brasil e no mundo. Agora entendo porque o senador do DEM queria tirar a palavra escravidão do texto do Estatuto. Isso justifica a sua posição contrária às cotas, exatamente porque ele acha que não houve escravidão. Um homem com uma posição como a do senador do DEM não pode ser relator do Estatuto da Igualdade Racial”, disse. A petista adiantou que vai procurar os senadores do PT para discutir o assunto na próxima semana.

O deputado Carlos Santana também lamentou as declarações e disse que a Frente Parlamentar da Promoção da Igualdade Racial fará uma reunião para discutir o caso. “Isso mostra que, em pleno século 21, as pessoas ainda tentam esconder os 350 anos de escravidão no Brasil. Temos que repudiar manifestações como essa”, afirmou.

O parlamentar reclamou da demora na votação do Estatuto no Senado e disse que o relator tem trabalhado para atrasar a tramitação da matéria. “O mais importante é colocar o Estatuto em votação. Temos maioria para votar, mas o relator, não submete seu parecer à apreciação.”

Durante a audiência no STF, Demóstenes se esforçou para demonstrar a responsabilidade de negros no sistema escravista vigente no Brasil durante quatro séculos. “Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram”, declarou o racista. “Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana.”

Ao falar sobre a miscigenação, Demóstenes provocou ainda mais os negros: “[Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. [Fala-se que] foi algo forçado. Gilberto Freyre, que é hoje renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual.”

O senador pelo ex-PFL usou as referências à história “tão bonita” da miscigenação brasileira e ao negro traficante de mão de obra negra para argumentar contra as cotas raciais, já adotadas em 68 instituições de ensino superior em todo o país, estaduais e federais. Desde 2003, cerca de 52 mil alunos já se formaram tendo ingressado na faculdade como cotistas.

O partido de Demóstenes, o DEM (ex-PFL), considera que as cotas raciais são inconstitucionais porque, ao se reservar vagas para negros e afrodescendentes, contraria-se o princípio da igualdade dos candidatos no vestibular.

sexta-feira, 5 de março de 2010

A Miséria Moral de Ex-esquerdistas

Fonte: Carta Maior
Por Emir Sader

Alguns sentem satisfação quando alguém que foi de esquerda salta o muro, muda de campo e se torna de direita – como se dissessem: “Eu sabia, você nunca me enganou”, etc., etc. Outros sentem tristeza, pelo triste espetáculo de quem joga fora, com os valores, sua própria dignidade – em troca de um emprego, de um reconhecimento, de um espaçozinho na televisão.

O certo é que nos acostumamos a que grande parte dos direitistas de hoje tenham sido de esquerda ontem. O caminho inverso é muito menos comum. A direita sabe recompensar os que aderem a seus ideais – e salários. A adesão à esquerda costuma ser pelo convencimento dos seus ideais.

O ex-esquerdista ataca com especial fúria a esquerda, como quem ataca a si mesmo, a seu próprio passado. Não apenas renega as idéias que nortearam – às vezes o melhor período da sua vida -, mas precisa mostrar, o tempo todo, à direita e a todos os seus poderes, que odeia de tal maneira a esquerda, que já nunca mais recairá naquele “veneno” que o tinha viciado. Que agora podem contar com ele, na primeira fila, para combater o que ele foi, com um empenho de quem “conheceu o monstro por dentro”, sabe seu efeito corrosivo e se mostra combatente extremista contra a esquerda.

Não discute as idéias que teve ou as que outros têm. Não basta. Senão seria tratar interpretações possíveis, às quais aderiu e já não adere. Não. Precisa chamar a atenção dos incautos sobre a dependência que geram a “dialética”, a “luta de classes”, a promessa de uma “sociedade de igualdade, sem classes e sem Estado”. Denunciar, denunciar qualquer indicio de que o vício pode voltar, que qualquer vacilação em relação a temas aparentemente ingênuos, banais, corriqueiros, como as políticas de cotas nas universidades, uma política habitacional, o apoio a um presidente legalmente eleito de um país, podem esconder o veneno da víbora do “socialismo”, do “totalitarismo”, do “stalinismo”.

Viraram pobres diabos, que vagam pelos espaços que os Marinhos, os Civitas, os Frias, os Mesquitas lhes emprestam, para exibir seu passado de pecado, de devassidão moral, agora superado pela conduta de vigilantes escoteiros da direita. A redação de jornais, revistas, rádios e televisões está cheia de ex-trotskistas, de ex-comunistas, de ex-socialistas, de ex-esquerdistas arrependidos, usufruindo de espaços e salários, mostrando reiteradamente seu arrependimento, em um espetáculo moral deprimente.

Aderem à direita com a fúria dos desesperados, dos que defendem teses mais que nunca superadas, derrotadas, e daí o desespero. Atacam o governo Lula, o PT, como se fossem a reencarnação do bolchevismo, descobrem em cada ação estatal o “totalitarismo”, em cada política social a “mão corruptora do Estado”, do “chavismo”, do “populismo”.

Vagam, de entrevista a artigo, de blog à mesa redonda, expiando seu passado, aderidos com o mesmo ímpeto que um dia tiveram para atacar o capitalismo, agora para defender a “democracia” contra os seus detratores. Escrevem livros de denúncia, com suposto tempero acadêmico, em editoras de direita, gritam aos quatro ventos que o “perigo comunista” – sem o qual não seriam nada – está vivo, escondido detrás do PAC, do Minha casa, minha vida, da Conferência Nacional de Comunicação, da Dilma – “uma vez terrorista, sempre terrorista”.

Merecem nosso desprezo, nem sequer nossa comiseração, porque sabem o que fazem – e os salários no fim do mês não nos deixam mentir, alimentam suas mentiras – e ganham com isso. Saíram das bibliotecas, das salas de aula, das manifestações e panfletagens, para espaços na mídia, para abraços da direita, de empresários, de próceres da ditadura.

Vagam como almas penadas em órgãos de imprensa que se esfarelam, que vivem seus últimos sopros de vida, com os quais serão enterrados, sem pena, nem glória, esquecidos como serviçais do poder, a que foram reduzidos por sua subserviência aos que crêem que ainda mandam e seguirão mandado no mundo contra o qual, um dia, se rebelaram e pelo que agora pagam rastejando junto ao que de pior possui uma elite decadente e em vésperas de ser derrotada por muito tempo. Morrerão com ela, destino que escolheram em troca de pequenas glórias efêmeras e de uns tostões furados pela sua miséria moral. O povo nem sabe que existiram, embora participe ativamente do seu enterro.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Pesquisa: 90% dos Jovens sofrem ou praticam Violências no Relacionamento

Fonte: Revista Forum

Por Redação [Quinta-Feira, 4 de Março de 2010 às 13:43hs]


A violência entre casais no Brasil está mais precoce, menos unidirecional e assume também, nos dias atuais, um caráter mais virtual. Pesquisa recente, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz em 10 capitais de todas as regiões do país, revelou que nove em cada 10 jovens na faixa etária entre 15 e 19 anos sofrem ou praticam variadas formas de violência – dentre as quais a exposição de fotos íntimas na internet como forma de humilhação.

Os dados coletados com 3,2 mil adolescentes expõem um elemento que se choca com o senso comum de que os homens são, geralmente, os agressores. Agressões verbais, como provocações, cenas de ciúmes e tom hostil, e investidas sexuais – como forçar o beijo ou tocar sexualmente o parceiro sem que este queira – fazem parte do arsenal de violência utilizado por ambos os sexos.

A pesquisadora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES/Fiocruz) Kathie Njaine, que coordenou a pesquisa “Violência entre namorados adolescentes: um estudo em dez capitais brasileiras”, destaca que o panorama deve ser refletido a partir de múltiplas causas. “A violência pode vir da família, da comunidade em que o jovem vive e da escola”, afirma.

Segundo o estudo, as garotas são, ao mesmo tempo, as maiores agressoras e vítimas de violência verbal. Por outro lado, em termos de violência sexual, os rapazes encabeçam as estatísticas como os maiores agressores. Enquanto 49% dos homens relatam praticar esse tipo de agressão, 32,8% das moças admitem o mesmo comportamento.

Na categoria das agressões físicas, que inclui tapa, puxão de cabelo, empurrão, soco e chute, os relatos revelam que os homens são mais vítimas do que as mulheres – 28,5% delas informam que agridem fisicamente o parceiro, enquanto 16,8% dos homens relataram o mesmo.

A violência manifestada em tom de ameaça – como provocar medo; ameaçar machucar; ou destruir algo de valor – já vitimou 24,2% de jovens, ao passo que 29,2% admitiram ter perpetrado este tipo de agressão. De acordo com os números, 33,3% das meninas assumem que ameaçam mais seus parceiros, e 22,6% destes confessam cometer o mesmo tipo de violência.

Uma das razões apontadas para a eclosão da violência entre os jovens casais é o machismo. A coordenadora da pesquisa afirma que nenhuma pessoa nasce machista, mas pode aprender e assumir esse papel dentro de um contexto cultural.

Ressaltando que o estudo teve como finalidade fazer um diagnóstico, e não buscar as causas, Kathie Njaine argumenta que a agressão cometida pelas meninas pode ser compreendida como uma maneira de reproduzir um modelo de comportamento que está no gênero masculino. “Em muitos momentos da pesquisa, havia meninas que falavam ‘se ele pode fazer, eu também posso’”, exemplifica, acrescentando que as agressões, neste caso, tornam-se uma moeda de revide.

A socióloga Bárbara Soares, pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC/UCAM) e ex-subsecretária de Segurança da Mulher do governo do Estado Rio de Janeiro, elogia o viés da pesquisa de jogar luz sobre a violência praticada por mulheres e por descartar o modelo esquemático que vilaniza apenas os homens e vitimiza as mulheres. Em geral, ela afirma, as pesquisas têm o hábito de ouvir muito pouco as pessoas que vivem e praticam violência. “Os técnicos e ideólogos definem o que é a violência e, a partir daí, imprimem esse discurso no outro que não é ouvido. A violência não é uma abstração na vida de quem sofre ou pratica. Ela é situada, significada, tem um sentido. Eu acho que é aí que você pode desconstruí-la”, diz a especialista.

De acordo com a pesquisadora do CESeC, é comum o pressuposto de que somente as mulheres apanham, mesmo que, pelas pesquisas nacionais e internacionais, elas sejam vítimas das violências mais graves. “Não quero dizer que não exista um componente de dominação. Ele existe, mas não é uma dominação do homem contra a mulher, é uma sociedade de dominação machista em que os homens também são dominados por essa lógica”, argumenta.

Violência virtual A eclosão precoce de violência entre os casais adolescentes revela que, desde cedo, as agressões ocupam papel importante no ambiente das relações afetivas. Nos dias atuais, é ponto pacífico que o aprimoramento das técnicas e dos meios de circulação das informações contribua decisivamente para a emergência de novos tipos de violência. A internet, nestas circunstâncias, adquire relevância e torna-se uma arma virtual nas relações entre os jovens.

Fatos e comportamentos que aconteceriam no mundo real, no dia-a-dia, acompanham essa tendência e são transportados para a rede virtual. Exposição de fotos e vídeos íntimos e publicação de hostilidades em sites e redes de relacionamento – como o orkut – são alguns dos métodos que compõem o quadro de violência existente na internet. Em conseqüência, os jovens tornam-se vulneráveis socialmente, uma vez que, por exemplo, sua relação com amigos ou a procura por empregos podem ser afetadas.

Kathie Njaine enfatiza que o relacionamento via tecnologia de informação é uma constante na vida dos jovens, o que potencializa o risco de agressões. “Na medida em que você publica uma notícia na internet, isso tem uma capacidade de se disseminar amplamente. O impacto de uma humilhação ou de uma fofoca é muito grande. O grau de exposição de uma situação é alto, não só em palavras como em imagens também”, afirma.

Para Bárbara Soares, isso exige novas respostas em termos de prevenção. “Todos os problemas vão se transformando na medida em que os meios de comunicação de relações interpessoais se transformam. Atualmente, muitos problemas se transferiram para a dimensão do espetáculo, da visibilidade, da exposição pública do crime mais banal até as relações íntimas. Então, acho que é preciso repensar em primeiro lugar a própria noção do que seja violência, atualizando o repertório que faz parte do nosso catálogo, e começar a refletir formas específicas de prevenir mais este tipo de violência”, explica a socióloga.

De acordo com ela, a exposição de imagens íntimas afeta mais as mulheres, porque envolve uma cultura de privacidade, pudor e do uso da pessoa como um objeto do prazer. Para os homens, em contraposição, predomina a valorização de sua potência sexual, vista como um troféu a ser exibido.

“O telefone celular e a internet são tecnologias que estão mudando a nossa sociabilidade, nossos comportamentos e pensamentos. Há uma noção de que você só existe se, de alguma forma, for visível. No entanto, há risco de que essa visibilidade seja mais um elemento de violência”, acrescenta Bárbara, reforçando que as campanhas de prevenção precisam ter um olhar mais amplo, menos maniqueísta e menos esquemático e que considerem a violência e suas múltiplas causas e linguagens.

Com informações do CLAM.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Universidade Florestan Fernandes pede ajuda

Fonte: Vi o Mundo
Dica de Maria Magnoni

A Escola Nacional Florestan Fernandes pede a sua ajuda urgente para se manter em funcionamento

Caros(as) amigos(as):

Situada em Guararema (a 70 km de São Paulo), a escola foi construída, entre os anos 2000 e 2005, graças ao trabalho voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem terra e simpatizantes. Nos cinco primeiros anos de sua existência, passaram pela escola 16 mil militantes e quadros dos movimentos sociais do Brasil, da América Latina e da África. Não se trata, portanto, de uma "escola do MST", mas de um patrimônio de todos os trabalhadores comprometidos com um projeto de transformação social. Entretanto, no momento em que o MST é obrigado a mobilizar as suas energias para resistir aos ataques implacáveis dos donos do capital, a escola torna-se carente de recursos. Nós não podemos permitir, sequer tolerar a ideia de que ela interrompa ou sequer diminua o ritmo de suas atividades.

A escola oferece cursos de nível superior, ministrados por mais de 500 professores, nas áreas de Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, Educação do Campo e Estudos Latino-americanos. Além disso, cursos de especialização, em convênio com outras universidades (por exemplo, Direito e Comunicação no campo).

O acervo de sua biblioteca, formado com base em doações, conta hoje com mais de 40 mil volumes impressos, além de conteúdos com suporte em outros tipos de mídia. Para assegurar a possibilidade de participação das mulheres, foram construídas creches (as cirandas), onde os filhos permanecem enquanto as mães estudam.

A escola foi erguida sobre um terreno de 30 mil metros quadrados, com instalações de tijolos fabricados pelos próprios voluntários. Ao todo, são três salas de aula, que comportam juntas até 200 pessoas, um auditório e dois anfiteatros, além de dormitórios, refeitórios e instalações sanitárias. Os recursos para a construção foram obtidos com a venda do livro Terra (textos de José Saramago, músicas de Chico Buarque e fotos de Sebastião Salgado), contribuições de ONGs europeias e doações.

Claro que esse processo provocou a ira da burguesia e de seus porta-vozes "ilustrados". Não faltaram aqueles que procuraram, desde o início, desqualificar a qualidade do ensino ali ministrado, nem as "reportagens" sobre o suposto caráter ideológico das aulas (como se o ensino oferecido pelas instituições oficiais fosse ideologicamente "neutro"), ou ainda as inevitáveis acusações caluniosas referentes às "misteriosas origens" dos fundos para a sustentação das atividades. As elites, simplesmente, não suportam a ideia que os trabalhadores possam assumir para si a tarefa de construir um sistema avançado, democrático, pluralista e não alienado de ensino. Maldito Paulo Freire!

Os donos do capital têm mesmo razões para se sentir ameaçados. Um dos pilares de sustentação da desigualdade social é, precisamente, o abismo que separa os intelectuais das camadas populares. O "povão" é mantido à distância dos centros produtores do saber. A elite brasileira sempre foi muito eficaz e inteligente a esse respeito. Conseguiu até a proeza de criar no país uma universidade pública (apenas em 1934, isto é, 434 anos após a chegada de Cabral) destinada a excluir os pobres.

Carlos Nelson Coutinho e outros autores já demonstraram que, no Brasil, os intelectuais que assumem a perspectiva da transformação social sempre encontraram dois destinos: ou foram cooptados (mediante o "apadrinhamento", a incorporação domesticada nas universidades e órgãos de serviços públicos, ou sendo regiamente pagos por seus escritos, ou recendo bolsas e privilégios etc.), ou os poucos que resistiram foram destruídos (presos, perseguidos, torturados, assassinados).

Apenas a existência de movimentos sociais fortes, nacionalmente organizados e estruturados poderiam fornecer aos intelectuais oriundos das classes trabalhadoras ou com elas identificados a oportunidade de resistir, produzir e manter uma vida decente, sem depender dos "favores" das elites. Ora, historicamente, tais movimentos foram exterminados antes mesmo de ter tido tempo de construir laços mais amplos e fortes com outros setores sociais.

A ENFF coloca em cheque, esse mecanismo histórico. A construção da escola só foi possibilitada pela prolongada sobrevivência relativa do MST (completou 25 anos 2009, um feito inédito para um movimento popular de dimensão nacional), bem como o método por ele empregado, de diálogo e interlocução com o conjunto da nação oprimida. Esse método permitiu o desenvolvimento de uma relação genuína de colaboração entre a elaboração teórica e a prática transformadora.

É uma oportunidade histórica muito maior do que a oferecida ao próprio Florestan Fernandes, Milton Santos, Paulo Freire e tantos outros grandes intelectuais que, apesar de todos os ataques dos donos do capital, souberam apoiar-se no pouquíssimo que havia de público na universidade brasileira para elaborar suas obras.

José Arbex Jr., membro do Conselho de Coordenação


Veja como você pode participar da Associação dos Amigos da Escola Florestan Fernandes

Em dezembro, um grupo de intelectuais, professores, militantes e colaboradores resolveu criar a Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes, com três objetivos bem definidos: 1 - divulgar as atividades da escola, por todos os meios possíveis, incluindo sites, newsletter e blogs; 2 - iniciar uma campanha nacional pela adesão de novos sócios; 3 - promover uma série intensa de atividades, em São Paulo e outros estados, para angariar fundos, com privilégios especiais concedidos aos membros da associação.

O seu Conselho de Coordenação é formado por José Arbex Junior, Maria Orlanda Pinassi e Carlos Duarte. Participam do Conselho Fiscal: Caio Boucinhas, Delmar Mattes e Carlos de Figueiredo. A sede situa-se na Rua da Abolição n° 167 - Bela Vista - São Paulo - SP - Brasil - CEP 01319-030.

Existem duas modalidades de associação: a plena e a solidária. A única diferença entre ambas as modalidades consiste no valor a ser pago. Ambas asseguram os mesmos direitos e privilégios estendidos aos associados.

Para ficar sócio pleno, você deverá pagar a quantia de R$ 20,00 (vinte reais) mensais; para tornar-se sócio solidário, você poderá contribuir com uma quantia maior ou menor do que os R$ 20,00 mensais. Esses recursos serão diretamente destinados às atividades da escola ou, eventualmente, empregados na organização de atividades para coleta de fundos (por exemplo: seminários, mostras de arte e fotografia, festivais de música e cinema).

Para obter mais informações sobre como participar e contribuir, procure a secretaria executiva Magali Godoi através dos telefones: 3105-0918; 9572-0185; 6517-4780, ou do correio eletrônico: associacaoamigos@enff.org.br.

Meditando

Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.

Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.

– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.

E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.

– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!

A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro… casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:

– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.

Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite… tudo sobre a mesa.

Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança… Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam…. era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade…

Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos… até que sumissem no horizonte da noite.

O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail… Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:

– Vamos marcar uma saída!..

– ninguém quer entrar mais.

Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.

Casas trancadas. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos, do leite…

Que saudade do compadre e da comadre!


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José Antonio Oliveira de Resende

Professor de Prática de Ensino, do Departamento de Letras, Artes e Cultura,

da Universidade Federal de São João del-Rei