Fonte: Novo Jornal
Castro chantageia governador de Minas através do vice
Secretário Danilo de Castro ameaça Anastasia através do vice Pinto Coelho, com rebelião na Assembleia Legislativa Mineira caso seja demitido
A entrega, desde 2002 (há quase 10 anos), da função de negociador entre o Poder Executivo e Legislativo em Minas Gerais ao atual secretário de governo, Danilo de Castro, transformou o atual governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, refém de uma situação criada por seu antecessor.
Sabidamente a Assembleia Legislativa de Minas Gerais vem, desde o início da década passada, servindo apenas de local para realização de eventos comemorativos. Sua função legislativa ou fiscalizadora do Executivo jamais existiu. A oposição ao governo só agora, diante da constatação de sua fragilidade perante a opinião pública, articulou a formação de um grupo de parlamentares denominado “Minas sem Censura”.
A passividade do Legislativo mineiro ocorreu após a utilização de “negociações pouco republicanas”, comandada pelo secretário Danilo de Castro, onde cargos, verbas e até mesmo resultados de licitações na Copasa, Cemig e Codemig foram negociados com os parlamentares em troca de apoio político. Até mesmo os prefeitos de municípios onde eram votados os deputados que não apoiavam o Palácio da Liberdade eram penalizados.
Um verdadeiro “terrorismo”, acusa um dos atuais deputados oposicionista.
Esta prática se estendia ao exercício do mandato de deputado. A início, executada através do então presidente deputado Mauri Torres (PSDB) e posteriormente através do ex-presidente atual vice- governador Alberto Pinto Coelho (PP).
O Regimento da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, integralmente presidencialista, fixa que sem a autorização do presidente da casa, o deputado sequer tem um gabinete. Sem dizer que a tramitação de projetos e outras atribuições dos deputados só andam após decisão do presidente. Embora a escolha do presidente seja feita pela maioria dos deputados, a maioria dos parlamentares estão com o governo. A minoria tem que se contentar com os cargos regimentalmente já previstos como pertencentes a ela.
Evidente que caberia à oposição denunciar este fato. O que vem ocorrendo só agora no governo Anastasia.
A unidade e apoio do Legislativo criada de forma “pouco republicana” gerou um monstro que se alimenta diariamente diante da necessidade de aprovação, pela casa, de qualquer interesse do Legislativo. O papel sujo desempenhado pelo secretário Danilo de Castro, tornou-se fundamental para obtenção da “maioria parlamentar”, uma vez que pouco se propõe a desempenhá-lo.
Desta forma, o secretário de governo de Minas vem a quase uma década falando pelos políticos e seus partidos. Evidente que durante todo este tempo ele informava ao governo “reivindicações e fatos”, que não correspondiam à verdade. Ele esteve sempre defendendo seus interesses pessoais, informou o mesmo deputado oposicionista.
Demorou quase uma década, porém, com a mudança do chefe do executivo, suas mentiras vieram à tona. Principalmente após a nomeação, por Anastasia, de “representantes do PDT”. Fora a dor de cabeça, os “indicados” eram ficha suja e o fato desgastou o governo. Com a exoneração, constatou-se que em momento algum o PDT havia indicado estas pessoas.
Funcionário de carreira no serviço público mineiro, reconhecidamente conhecedor dos meandros da maquina pública, Anastasia comandou um levantamento e apurou-se que 90% do que Danilo de Castro havia informado com reivindicação de outros políticos não correspondia à verdade.
Já irritado com o comportamento dos “indicados”, o atual governador determinou que o que estivesse errado deveria ser apurado com a penalização dos culpados. Mas o “rabo da cobra” acabou descoberto com o aparecimento da “Gangue dos Castros”, no IEF. Dirigentes foram afastados e alguns presos.
Porém o poder de Danilo de Castro já consolidara, pois havia conseguido indicar o vice- governador Alberto Pinto Coelho. As investigações, principalmente na área do meio ambiente, chegaram ao irmão de Alberto Pinto Coelho, dono de um poderoso império imobiliário montado nos últimos anos em cima da ocupação de áreas de preservação ambiental por loteamentos e outros empreendimentos imobiliários.
O esquema é tão grande que os empreendimentos somados chegam a ocupar quase que 25% do mercado de imóveis de luxo disponíveis em Lagoa Santa, Brumadinho, Betim e Igarapé. Já em menor escala encontra-se nos outros municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Diante deste quadro e com a publicação da matéria de Novojornal, comprovando que Danilo de Castro é ficha suja, de acordo com o Decreto nº 45 604 2011, Anastasia determinou seu afastamento. Sendo ele do mesmo grupo político de seu vice, Anastasia saiu de licença para que o secretário de governo fosse afastado por Alberto Pinto Coelho, que vem resistindo em cumprir o determinado, alegando que haverá uma rebelião na Assembleia Legislativa de Minas Gerais caso Danilo seja afastado. Evidente que a permanência de Danilo é defendida pelos parlamentares que se beneficiam de seu esquema. Resta saber se as ordens do governador Antonio Anastasia serão cumpridas e a Lei da Ficha Limpa mineira aplica-se a todos.
Grupo imobiliário pertencente ao irmão do vice-governador de minas Alberto Pinto Coelho.