sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SERRA TENTA SE APROPRIAR DE PROGRAMA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE COMO SEU

Fonte: Vi o Mundo

Gripe suína: Serra assume como "obra" dele vacina comprada pelo Ministério da Saúde para o Brasil


por Conceição Lemes

Terça-feira, 5 de janeiro, 14h23. Um release com esta manchete foi enviado a toda mídia.












O evento começou às 12 horas, no Instituto Butantan, órgão vinculado ao governo do Estado de São Paulo. Ás 13, o governador José Serra (PSDB) chegou. Após entrevista coletiva à imprensa, ele visitou o local onde estão armazenados os tonéis com as vacinas contra a influenza A, ou gripe A, mais conhecida como gripe suína.

A íntegra do comunicado distribuído pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo está aqui.

Atente ao primeiro parágrafo do comunicado.












Observe também as legendas que acompanham as fotos da notícia no Portal do Governo do Estado de São Paulo.


Lendo todo o material, distribuído oficialmente, parece que o Estado de São Paulo, com o governador José Serra à frente:

1. Arcará com os custos vacinas contra gripe suína no Brasil.

2. Distribuirá vacina via Ministério da Saúde.

3. São Paulo será o primeiro a dispor da vacina no país.

4. São Paulo saiu na frente do restante do Brasil, inclusive do próprio Ministério da Saúde.

Na realidade, José Serra montou o palanque político para aparecer, agora, no noticiário, e, depois, na campanha presidencial, como “o pai das vacinas contra a gripe suína no Brasil”.

Mas o “ teste de DNA” desmente o governador José Serra e Luiz Roberto Barradas Barata, o secretário estadual de Saúde. O verdadeiro pai das vacinas contra a nova gripe no Brasil é o governo federal por meio do Ministério da Saúde.

De novo, José Serra tenta se apropriar de “filhos” bonitos, famosos, dos outros. Fez isso, por exemplo, com o Programa Nacional de DST/Aids, do Ministério da Saúde, considerado um exemplo no mundo, e que ele assume como sua criação. Só que os verdadeiros criadores são a doutora Lair Guerra de Macedo Rodrigues e o professor Adib Jatene.

Outro exemplo famoso é dos remédios genéricos.

“Serra, pai dos genéricos? PSDB, criador dos genéricos? Assumir como deles é um embuste!”, disse em junho de 2009 ao Viomundo, o médico Jamil Haddad, falecido no final de dezembro, aos 83 anos. Ex- deputado federal, ex-prefeito do Rio Janeiro e ministro da Saúde de outubro de 1992 a agosto de1993, Jamil Haddad é o verdadeiro pai dos genéricos do Brasil.

Sobre as vacinas contra a gripe suína a verdade é esta:

1. O Ministério da Saúde custeará todas as vacinas contra a gripe suína no Brasil, inclusive as seringas e agulhas para aplicá-las. Representa um investimento de R$ 1,006 bilhão.

2. O Ministério da Saúde adquiriu 83 milhões de doses da vacina de três fornecedores distintos: Glaxo Smith Kline (GSK), Sanofi-Pasteur (via Instituto Butantan) e Fundo Rotatório de Vacinas da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

3. Da Glaxo Smith Kline (GSK), foram adquiridas 40 milhões de doses. Foi o primeiro lote. A compra foi fechada em novembro 2009, a partir do menor preço apresentado pelos concorrentes em um processo de compra emergencial. O custo unitário da dose foi de US$ 6,43 – representando investimento global de US$ 257,2 milhões (R$ 444,7 milhões).

4. Do Laboratório Sanofi-Pasteur (via Butantan), foram adquiridas 33 milhões de doses. O acordo prevê: 1 milhão de doses prontas (600 mil chegaram no dia 30 de dezembro de 2009, 400 mil estão a caminho); e 32 milhões de doses para serem envasadas (colocadas em frasquinhos e rotuladas) pelo Butantan. Cinco milhões já estão em tonéis no Butantan.

Detalhe 1: Como o acordo fechado com o Ministério da Saúde prevê a transferência de tecnologia do Sanofi-Pasteur para o Instituto Butantan, o custo unitário da vacina será um pouco mais caro do que o pago aos dois outros fornecedores: US$ 7,6 – representando investimento de US$ 250,8 milhões (R$ 438,9 milhões). Todo esse custo será coberto pelo governo federal.

Detalhe 2: como há notícias de que a certificação da fábrica do Butantan estaria atrasada, o Ministério da Saúde acredita que, na impossibilidade de as 32 milhões de doses serem envasadas no Brasil, elas serão fornecidas já prontas pela Sanofi ao Instituto.

Hoje à tarde a própria assessoria de imprensa do Butantan informou a esta repórter que o Instituto deverá receber da Sanofi mais 23 milhões de doses prontas.

“O Ministério da Saúde, porém, ainda não havia sido informado oficialmente sobre isso pelo Butantan. O ministério tem um calendário de entregas acertado com o Instituto e está seguro de que, se houver alguma possibilidade de alteração neste cronograma, será imediatamente informado pelo órgão”, informou a assessoria de imprensa do MS ao Viomundo.

O acordo firmado pelo Ministério da Saúde com o Sanofi-Pasteur (via Butantan) prevê 33 milhões de doses e não 41 millhões de doses, como vem sendo anunciado desde o dia 5 de janeiro, terça-feira, pelo governo do Estado de São Paulo.

Nesta quinta-feira, porém, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo informou oficialmente por e-mail ao Ministério da Saúde que a Sanofi-Pasteur tem condições de vender mais 8 milhões de doses da vacina ao Brasil. Afinal, na Europa está sobrando vacina. O Ministério da Saúde analisa a proposta, já que quem paga a conta é o governo federal.

Detalhe 3: As vacinas já foram ANTECIPADAMENTE pagas aos fornecedores.

5. O acordo mais recente foi firmado com o Fundo Rotatório de Vacinas da OPAS. Prevê aquisição de 10 milhões de doses em 2010 – investimento de US$ 70 milhões de dólares (US$ 7 por dose), o equivalente a R$ 122,5 milhões.

6. Os laboratórios enviarão as doses ao Ministério da Saúde de maneira escalonada, entre janeiro e março; a vacinação será realizada entre março e abril de 2010.

7. Os grupos prioritários para a vacinação serão estabelecidos com base em critérios epidemiológicos e recomendações de sociedades médicas do Brasil e no exterior. Entre eles, estão grávidas, trabalhadores de saúde envolvidos no atendimento aos pacientes, crianças entre 6 meses e 2 anos, indígenas e pessoas com doenças crônicas preexistentes, como cardíacas, pulmonares, renais, diabetes.

8. O Ministério da Saúde e não o Instituto Butantan distribuirá a vacina contra a gripe suína para todos os estados brasileiros, inclusive São Paulo.

Entre o final de janeiro e início de fevereiro, o Ministério da Saúde anunciará, em detalhes, a estratégia nacional de vacinação contra a gripe suína para o país.

“Não há, neste momento, distribuição de vacina à população em nenhum estado brasileiro”, salienta o médico Gerson Penna, secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. “As doses serão distribuídas nacionalmente quando houver estoque suficiente para viabilizar a estratégia de vacinação simultanamente em todo o país.”