Fonte: Novo Jornal
Acordo que possibilitou a eleição presidencial de Tancredo no colégio eleitoral em 1985, desvirtuado, deu início à nova era da corrupção no País
O esquema montado para eleger Tancredo Neves no colégio eleitoral em 1985 baseou-se na distribuição do Estado entre aliados.
Depois de quase duas décadas de regime militar, articulou-se no País uma transição política, para retornar o Poder para os civis.
A campanha das diretas servira para projetar Tancredo Neves a nível nacional e os militares sentiam-se menos desconfortáveis com sua eleição, derrotando Paulo Maluf.
Como a eleição seria indireta através de um colégio eleitoral formado pelos parlamentares federais.
A campanha de “convencimento”, dos eleitores foi feita dentro do Congresso Nacional e a “argumentação” foi à entrega do Estado aos “privilegiados eleitores”.
A vice-presidência foi entregue ao PDS de Sarney, que através da Aliança Democrática transformou-se na frente liberal.
Ministérios, Autarquias e Estatais foram divididos entre os “apoiadores de Tancredo”, cabendo a José Aparecido de Oliveira, o Governo do Distrito Federal.
Escudeiro de Magalhães Pinto que, durante grande parte da vida fora adversário de Tancredo, o governador do Distrito Federal, José Aparecido, jamais administrara. Passou a vida ganhando dinheiro como “jornalista” sem ter escrito sequer uma linha.
A bem da verdade tem-se que reconhecer que na década de 60 administrou as benesses distribuídas à “imprensa mineira”.
Assim como José Aparecido, sem qualquer compromisso político eleitoral, os “escolhidos”, assumiram seus cargos passando a, literalmente, desmontar o Estado.
Se Tancredo estivesse vivo, a história seria outra, pois sabia como domar as feras.
A exemplo do que fez em Minas quando governador, sabia a origem de cada um dos indicados assim como onde ficava o botão de “desliga”. Embora já com idade avançada, a lucidez e memória de Tancredo assombravam.
Porém, quis o destino que fosse Sarney, na maioria dos casos sequer conhecia pessoalmente quem estava nomeando. Ocorrendo algo como na época do Império, na divisão das Capitanias Hereditárias.
Falar sobre a corrupção ocorrida no governo Sarney é perda de tempo.
Todos que nasceram na Nova República, nasceram contaminados pelo vírus da corrupção e ilegitimidade.
Cargos que, em um período de normalidade no País só seriam ocupados por funcionários com anos de carreira, passaram a ser ocupados por jovens sem qualquer experiência. Apenas porque era amigo do rei.
Nesse contesto, Arruda assumiu a Secretaria de Obras do Distrito Federal.
O restante da história está descrito no noticiário nacional. Arruda é apenas uma amostra do DNA dos filhotes da Nova República.
Em Minas Gerais, terra da gestação da campanha presidencial após a morte de Tancredo, exemplares como Hélio Garcia, Mares Guia, Romeu Queiroz, Roberto Brant, Eduardo Azeredo e muitos outros foram os embriões dessa nova safra de corruptos.
Basta reparar que a prática de corrupção apurada em todos os escândalos ocorridos nos últimos 25 anos é sempre a mesma.
A sociedade civil do País ainda levará tempo para livrar-se da safra da “Nova República”.