quarta-feira, 4 de maio de 2011

Novo Jornal: MARMITAS E FAST FOOD


Por Geraldo Elísio




“O uso do cachimbo põe a boca torta” – Ditado popular brasileiro

Na cidade de Formiga, oeste de Minas Gerais, havia um pretendente a vereador e que acabou se elegendo, posteriormente pretendendo a prefeitura local da cidade, lutando contra uma oligarquia tradicional de muitos anos. Chamava-se Antônio da Cunha Resende, o “Ninico”, que em sua caminhada foi dar com os seus costados na Assembleia Legislativa em 1986 na condição de deputado estadual.

Um dia ele chegou perto de um de seus amigos chorando e dizendo-se humilhado porque na cidade diziam que ele era o candidato das domésticas, dos carroceiros “e das pessoas sem expressão social”.

Corriam os anos de chumbo. Na época a então Arena, segundo Francelino Pereira, “o maior partido do ocidente”, dispunha naquela cidade de uma margem de sete mil a oito mil legendas. O PMDB, a oposição, não passava de setecentas legendas.

O amigo ouviu a queixa, lembrou das eleições presidenciais de 1950 quando Vargas derrotou o brigadeiro Eduardo Gomes, com o militar udenista sendo acusado de não querer “o voto dos marmiteiros”. Isso numa época em que não existia fast food e fazer refeições fora de casa era um luxo.

O amigo de “Ninico” ouviu a queixa e disparou:

- Ô rapaz, você é um burro. Você pode gastar uns cem cruzeiros?

Sem entender nada o aprendiz de feiticeiro se queixou:

- Eu venho desabafar com você e é este o apoio que recebo? Gastar cem cruzeiros para quê?

Sem perder a calma o outro raciocinou:

- Com cem cruzeiros você pode contratar vinte moleques pagando cinco cruzeiros a cada um e mandar espalhar em toda a cidade que você é o candidato dos carroceiros, das domésticas e das pessoas pobres.

Aposto que você ganha a eleição. A tática se transformou em plano e quando as urnas foram abertas “Ninico” surpreendeu a todos com uma votação que inverteu o número das legendas.

Fernando Henrique Cardoso, o fraudador da dívida externa brasileira, segundo o delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, hoje deputado federal pelo PC do B de São Paulo, além de entreguista de primeira linha e pomposo “príncipe dos sociólogos” com todo o seu conhecimento parece ter se esquecido do episódio dos “marmiteiros” e nunca ouviu falar de um cidadão chamado “Ninico”.

Recomendou aos tucanos e aliados não disputar votos do povão e direcionar seus esforços para a nova classe média emergente. Como a repercussão foi péssima, ele tornou a emenda pior do que o soneto: pediu para que os brasileiros esqueçam novamente o que ele falou.

Torço para que o FHC se transforme em porta voz do fim do mundo, porque alguns bilhões de anos depois ele pedirá aos terráqueos que esqueçam tudo o que ele disse. Não deve ter sido sem razão que o falecido ex-governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, na primeira campanha de FHC para a Presidência da República o tomou no colo e o embalou com lições de “como falar ao povo”.

Mas os tempos são outros, o PFL que sucedeu a Arena se transformou em “demo” - diga-se de passagem sem ACM, Marco Maciel e outros - na geléia geral só nos resta, quando já não estamos entendendo mais nada de política, indagar ao bom Francelino Pereira “que País é este (?) e até onde iremos chegar.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.

geraldo.elisio@novojornal.com