O respeito às unidades de conservação e às terras indígenas já demarcadas na Amazônia Legal - cerca de 37% da região - garantiria a permanência da floresta e impediria a transformação da mata em savana. A conclusão é de um estudo publicado ontem pela revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Os pesquisadores estimam que há um "ponto sem retorno" do desmatamento, além do qual a floresta não seria sustentável e sofreria um processo de savanização, tornando-se parecida com o cerrado, mas com menor biodiversidade.
No estudo, os cientistas tentaram verificar qual porcentual de devastação marcaria o colapso da vegetação amazônica. Eles criaram um modelo de teste que indicou razoável fidelidade para prever cenários futuros. Então, testaram o que aconteceria se 63% da vegetação desaparecesse e só sobrassem as árvores das unidades de conservação e reservas indígenas - cerca de 2,3 milhões de quilômetros quadrados. Apesar dos danos para a biodiversidade e para as populações tradicionais, segundo o modelo, os fragmentos protegidos de mata não entrariam em colapso com desmatamento.
"Percebemos que haveria uma variação relativamente pequena no regime de chuvas, mesmo se só sobrassem as áreas de preservação", explica o engenheiro florestal Claudio Belmonte de Athayde Bohrer, coautor do artigo e pesquisador da Universidade Federal Fluminense. "As atuais unidades de conservação oferecem uma proteção mínima", afirma. "Mas é preciso que o governo garanta sua efetividade." Para o principal autor do artigo, Robert Walker, da Universidade de Michigan, as reservas são 'uma ótima ideia brasileira'. 'Mas a lei precisa ser colocada em prática com rigor'. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo