Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Brasil deu hoje (5) mais um passo para dominar o ciclo completo de preparação do combustível nuclear. A Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), o Instituto Militar de Engenharia (IME) e as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) iniciaram testes para a produção de tubos de zircônio, utilizados para armazenar urânio dentro dos reatores nucleares.
Segundo o coordenador do laboratório responsável pelos testes, Luiz Henrique de Almeida, a partir destes ensaios com ligas de zircônio, será possível desenvolver uma tecnologia para que, no futuro, a indústria nacional seja capaz de produzir, em escala industrial, os tubos usados no armazenamento do urânio durante o processo de geração de energia nuclear.
“O zircônio é o único material, que a gente conhece, que pode resistir ao esforço mecânico, à temperatura e à radiação dentro do reator. Dentro do reator, em função da radiação, ele sofre mudança de propriedade, então ele tem que ser preparado para evoluir junto com a sua utilização, de forma que ele possa trabalhar com segurança e sem vazamento”, explicou Almeida.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, acredita que, com a tecnologia de armazenamento de urânio e a operação da fábrica brasileira de enriquecimento de urânio, nos próximos anos, o Brasil poderá tornar-se autossuficiente na produção de combustível nuclear e, com isso, ser independente dos demais países.
“Se formos depender dos países desenvolvidos, realmente nós não vamos conseguir ter um programa [nuclear] bem-sucedido. É de todo interesse de muitos desses países que nós não sejamos independentes nessa área”, disse o ministro, que acredita que o Brasil dominará o ciclo completo do combustível nuclear dentro de quatro a cinco anos.
Atualmente, o Brasil importa os tubos de armazenamento de urânio de outros países. O país tem grandes reservas do mineral, mas ainda precisa enviá-lo para o exterior para ser enriquecido, isto é, para ser capaz de funcionar como combustível dentro do reator nuclear. Uma fábrica de enriquecimento de urânio, com capacidade de transformar o produto em combustível nuclear, está sendo montada em Resende, no sul fluminense, e deve ficar pronta nos próximos anos.
O laboratório da Coppe também vai realizar testes com ligas de titânio, usadas em setores como o de petróleo, aeroespacial e biomédico.
Edição: Lana Cristina