Fonte: Brasília Confidencial
29/05/2010
AYRTON CENTENO
Quarenta por cento das mulheres assassinadas foram vítimas de seus próprios maridos, companheiros ou namorados, quase sempre dentro de um quadro de constantes abusos. Mas este percentual, em alguns casos, pode chegar até 70%. É o que indicam estudos realizados na África do Sul, Austrália, Canadá, Estados Unidos e Israel e que constam do Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em outros países, a situação é semelhante. Isto só ocorre porque a sociedade ainda tolera a agressão contra as mulheres. Para atacar esta complacência, um coletivo de entidades brasileiras lançou ontem, em Porto Alegre, a campanha nacional “Ponto Final na Violência contra Mulheres e Meninas”. Optou-se pelo 28 de maio por ser o Dia Internacional de Ação pela Saúde das Mulheres. Na mesma data, houve iniciativas iguais na Bolívia, Haiti e Guatemala.
“O diferencial da campanha é que, agora, o foco não está voltado para a adoção desta ou daquela política pública, mas para a sociedade em geral”, explica uma das coordenadoras da campanha, a psicóloga Maria Luísa de Oliveira, da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
“Queremos reduzir a aceitação social de certos valores contra a mulher, atrás dos quais estão muitas vezes o machismo e o racismo. É preciso que a violência de gênero deixe de ser percebida pela sociedade como algo normal ou um fenômeno natural, mas como algo que foi construído através dos tempos”, acentua Maria Luísa.
Os cartazes da campanha procuram questionar a dificuldade de homens e mulheres lidarem com o assunto. Em um deles, aparece um jovem como se estivesse refletindo sobre as situações difíceis – sair de casa, desemprego, separação – que enfrentou com coragem e logo após a pergunta: “Se tudo isso é natural, porque não consigo encarar a violência contra as mulheres?”
Embora haja avanço no desenvolvimento das políticas específicas, o panorama ainda é bastante desfavorável.
“No Rio Grande do Sul, por exemplo, temos 500 municípios e menos de 20 delegacias da mulher”, nota Maria Luísa.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde – seu relatório de 2002 é encarado como a fonte mais confiável e ainda atual — a agressão, mesmo quando cessa, deixa muitas seqüelas. Depressão, propensão ao suicídio, alcoolismo e drogadição são algumas delas.
Em Porto Alegre, a vila Campo da Tuca, considerada uma das áreas mais vulneráveis da cidade, foi escolhida para a apresentação da campanha. Com a maior parte da população de raça negra e muitas mulheres chefes de domicílio, o Campo da Tuca já registra uma atuação intensa no tema, desenvolvida por ONGs, pela associação comunitária e por agentes multiplicadores. As ações compreendem visitas domiciliares, oficinas, debates e outras atividades. A psicóloga Maria Luísa de Oliveira, porém, observa que a violência não está presente somente em vilas e bairros carentes, mas em todas as classes, inclusive na elite econômica.
“Nas classes populares, ela apenas é mais visível”, adverte.
Quarenta por cento das mulheres assassinadas foram vítimas de seus próprios maridos, companheiros ou namorados, quase sempre dentro de um quadro de constantes abusos. Mas este percentual, em alguns casos, pode chegar até 70%. É o que indicam estudos realizados na África do Sul, Austrália, Canadá, Estados Unidos e Israel e que constam do Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em outros países, a situação é semelhante. Isto só ocorre porque a sociedade ainda tolera a agressão contra as mulheres. Para atacar esta complacência, um coletivo de entidades brasileiras lançou ontem, em Porto Alegre, a campanha nacional “Ponto Final na Violência contra Mulheres e Meninas”. Optou-se pelo 28 de maio por ser o Dia Internacional de Ação pela Saúde das Mulheres. Na mesma data, houve iniciativas iguais na Bolívia, Haiti e Guatemala.
“O diferencial da campanha é que, agora, o foco não está voltado para a adoção desta ou daquela política pública, mas para a sociedade em geral”, explica uma das coordenadoras da campanha, a psicóloga Maria Luísa de Oliveira, da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
“Queremos reduzir a aceitação social de certos valores contra a mulher, atrás dos quais estão muitas vezes o machismo e o racismo. É preciso que a violência de gênero deixe de ser percebida pela sociedade como algo normal ou um fenômeno natural, mas como algo que foi construído através dos tempos”, acentua Maria Luísa.
Os cartazes da campanha procuram questionar a dificuldade de homens e mulheres lidarem com o assunto. Em um deles, aparece um jovem como se estivesse refletindo sobre as situações difíceis – sair de casa, desemprego, separação – que enfrentou com coragem e logo após a pergunta: “Se tudo isso é natural, porque não consigo encarar a violência contra as mulheres?”
Embora haja avanço no desenvolvimento das políticas específicas, o panorama ainda é bastante desfavorável.
“No Rio Grande do Sul, por exemplo, temos 500 municípios e menos de 20 delegacias da mulher”, nota Maria Luísa.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde – seu relatório de 2002 é encarado como a fonte mais confiável e ainda atual — a agressão, mesmo quando cessa, deixa muitas seqüelas. Depressão, propensão ao suicídio, alcoolismo e drogadição são algumas delas.
Em Porto Alegre, a vila Campo da Tuca, considerada uma das áreas mais vulneráveis da cidade, foi escolhida para a apresentação da campanha. Com a maior parte da população de raça negra e muitas mulheres chefes de domicílio, o Campo da Tuca já registra uma atuação intensa no tema, desenvolvida por ONGs, pela associação comunitária e por agentes multiplicadores. As ações compreendem visitas domiciliares, oficinas, debates e outras atividades. A psicóloga Maria Luísa de Oliveira, porém, observa que a violência não está presente somente em vilas e bairros carentes, mas em todas as classes, inclusive na elite econômica.
“Nas classes populares, ela apenas é mais visível”, adverte.