sábado, 8 de maio de 2010

A Greve dos Professores de MG

Fonte: Novo Jornal

Por Geraldo Elísio


"A greve é a linguagem dos que não são ouvidos" - Martin Luther King

O mundo globalizado e que entronizou em seu altar “o deus mercado”, não tem preocupações de ordem social ou humanística, voltando-se apenas para o lucro cada vez mais concentrado em menor número de mãos. Em sua filosofia desumana vê nos aposentados um peso, uma estatística improdutiva.

Aos jovens quer sugar a força de trabalho, pagando o mínimo e exigindo o máximo, se possível impossibilitando-lhes o caminho que o tempo os conduzirá ao status de estatística improdutiva ou, com “prodigalidade“, concedendo-lhes uma aposentadoria equivalente ao salário mínimo.

Para eles basta comer, como se a vida fosse apenas banquetes quotidianos de fast food, alienando a tudo e a todos de tal forma que em futuro breve não restará sequer um irredento sobre a face da terra adubada para um neomedievalismo. Mikhail Aleksandrovitch Bakunin, russo teórico do anarquismo, advertiu a Karl Max que ele conseguiria criar duas burguesias que, a meu modo de ver, já se instalaram.

O povo anda cabisbaixo, quando levanta a cabeça não consegue divisar o futuro. Irritabilidade, preocupação, agressividade são componentes da paisagem diária. Aumentam as doenças de fundo somático, As estatísticas louvando a longevidade perdem o sentido. São adereços de propagandas políticas.

Aos professores pagam salários indignos – como de resto ao povo brasileiro em geral, excetuados os privilegiados de sempre. A produção do saber, da formação intelectual e moral de um cidadão não é vista como produção no sentido lato, pois neste caso faltam os cifrões.

Uma greve no setor dos transportes coletivos ou de metalúrgicos abala governos. As greves dos professores são rotuladas de movimentos políticos. Todos os atos da vida com raríssimas exceções são políticos. O que não podem é ser partidarizados. A democracia comporta o direito de greve.

Os professores de Minas tem o direito e o dever de lutar por condições de vida e de trabalho dignos. Se isto não for reconhecido de que terá adiantado a luta de tantos a favor da redemocratização? Ou existe alguém trabalhando no sentido de jogar a sociedade contra os professores? Quanto custará este trabalho?

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.

geraldo.elisio@novojornal.com