Fonte: Vermelho
O Exército reescreveu a História do Brasil. Sua página na internet afirma que o golpe militar de 1964 foi uma opção pela democracia. “Eufórico, o povo vibrou nas ruas com a prevalência da democracia”, lê-se em um dos capítulos da sinopse histórica do Exército, intitulado Antecedentes e Revolução Democrática de 1964. O mesmo capítulo diz que “os recentes fatos da história contemporânea demonstraram que o povo brasileiro estava certo quando, na década de 60, optou pela democracia
A Agência Estado questionou o Comando do Exército sobre que fatos seriam esses. A resposta, por escrito: “A queda do Muro de Berlim e suas consequências, por exemplo”. A queda do muro, que abriu caminho à reunificação da Alemanha e representou o colapso do comunismo, aconteceu em 1989, quatro anos depois do fim do regime militar no Brasil.
Em outra resposta igualmente curta, a Força afirmou que “diversos historiadores no âmbito do próprio Exército foram responsáveis pelo texto”.
O site do Exército ilustra a sua versão desse período da história com fotos do comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, liderado pelo então presidente João Goulart, e da Marcha Família com Deus pela Liberdade. Ao lado da primeira foto, uma legenda afirma que, no comício de Jango, “ficou claro que as reformas de base seriam feitas na lei ou na marra”.
A versão do Exército contrasta com o livro Direito à memória e à verdade, editado pela Presidência da República em 2007. “Calcula-se que cerca de 50 mil pessoas teriam sido detidas somente nos primeiros meses da ditadura”, diz um dos trechos do livro.
O tema ainda é polêmico no governo, como mostrou a recente crise provocada pelo Programa Nacional de Direitos Humanos. Na semana passada, um novo decreto do presidente Lula retirou do texto expressões como “repressão ditatorial” e “perseguidos políticos”. Antes, Lula já havia concordado em criar a Comissão da Verdade não mais com foco na apuração de casos de violação aos direitos humanos durante o regime militar, mas num período mais longo da história do País, de quatro décadas.
Da redação, com AE